São Paulo, terça-feira, 29 de julho de 2008

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análise

Idade ajuda, sim, mas não sem a técnica

CRISTIANO CIPRIANO POMBO
DA REPORTAGEM LOCAL

A suspeita sobre as atletas chinesas, apesar de não ser algo inédito na ginástica, evidencia o quão precoce tem sido a preparação das atletas pelo mundo afora.
As potências começam a trabalhar suas futuras campeãs a partir dos quatro anos. Devido a isso, não é raro que meninas de talento façam, ainda precoces, elementos de alto grau de dificuldade.
O Brasil tem seu exemplo: Jade Barbosa. Se Daiane dos Santos assombrou o mundo com seu duplo twist carpado no Mundial-03, aos 20 anos, Jade foi além, ao ser a mais jovem do planeta a fazer o movimento, aos 13 anos.
Só a juventude, em si, não traz resultados. Mas, por uma questão biomecânica e de massa corporal, sabe-se que, se equiparadas na técnica, meninas magras e mais jovens são mais capazes.
Isso porque, dizem especialistas, a ginástica nada mais é do que uma combinação de rotações em vários eixos do corpo. E, na teoria, terá vantagem a atleta mais leve e baixa, que fará o elemento sem imprimir tanta força.
O fator psicológico é outro determinante, pois crianças fazem sérios movimentos como diversão, sem pressão. Sem contar que, com 14, 15 anos, a ginasta sofre a natural explosão de hormônio, evidente no crescimento dos seios e da massa corporal.
A partir daí, os movimentos exigem mais força da ginasta e mais resistência física e das articulações. A questão é tão séria que a federação internacional estuda criar categorias por idade.
Enquanto isso, o que de fato pesa na ginástica é o talento, a técnica. É uma pena se dois deles ficarem fora dos Jogos pelo ano que nasceram. Mas uma coisa é absoluta: independentemente da idade, não se deve burlar a regra, como suspeita-se que fizeram as chinesas, ou melhor, quem está por trás delas e pode ter estragado o futuro de duas campeãs.


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