São Paulo, segunda-feira, 29 de setembro de 2008

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JOSÉ GERALDO COUTO

Rubro pesadelo


Depois de perder o Gre-Nal e a liderança, o Grêmio vai precisar de muita fibra para prosseguir em pé

NÃO PODERIA ser mais completo o pesadelo gremista: perder a liderança do campeonato sendo goleado por seu arqui-rival colorado.
Para jogadores, dirigentes e torcedores do Grêmio, o vermelho é hoje, mais do que nunca, a cor do inferno. O tricolor gaúcho ainda está empatado em número de pontos com o novo líder, o Palmeiras, mas seu abatimento é tão profundo que, para seguir brigando pelo título, precisará mostrar uma fibra verdadeiramente farroupilha. Para piorar a situação, o Grêmio teve ontem expulso o seu principal jogador, o meia Tcheco, que ficará de fora da próxima partida, contra o Botafogo. Eu sinto muito por meus amigos gremistas, mas o Campeonato Brasileiro ganha muito em emoção a partir de agora.

O novo líder
Numa disputa truncada e aguerrida, com poucas chances reais de gol de parte a parte, o Palmeiras viu evaporar no calor pernambucano a chance de se isolar na liderança. O que mais me chamou a atenção no jogo foi a metamorfose de Martinez. No primeiro tempo, apesar do gol que perdeu ao hesitar diante do goleiro adversário, o jogador palmeirense fez de tudo. Foi zagueiro, volante, meia e atacante. Deve ter sido o mais acionado em campo. Na segunda etapa, Martinez sumiu de uma tal maneira que cheguei a pensar que tivesse sido substituído. Só voltou a aparecer em dois lances: ao desviar com o peito, dentro de sua área, uma bola que ia na direção do gol, e ao bater uma falta na barreira no último lance da partida. Que terá motivado uma mudança tão grande? Cansaço? Orientação de Luxemburgo para que se fixasse mais na defesa? Depressão por causa do gol perdido? É por essas e outras que Martinez, um dos atletas mais completos em atividade no país, unindo estatura, técnica e classe, não consegue se firmar no coração da torcida e na confiança do treinador. Se fosse mais regular e constante, poderia chegar à seleção brasileira fácil. Dito isso, o Palmeiras segue sendo um dos grandes candidatos ao título. Tem elenco qualificado, com um meio-de-campo fortíssimo e dois belos alas, além de dois atacantes rápidos e perigosos. Para completar, um goleiro extraordinário e um treinador de primeira linha. Mas o São Paulo, que me perdoem a repetição da ladainha, segue no páreo. Ontem venceu mais um "jogo de seis pontos", contra o Cruzeiro. O tricolor não tem o futebol vistoso de outros tempos, mas pelo menos mostrou gana de vencer, o que nem sempre acontece.

Brasiliani
Passe de Kaká, gol de Ronaldinho, vitória do Milan no derby milanês. O Milan está só na sexta colocação, mas desconfio que o crescente entrosamento entre os craques brasileiros o levará à disputa do título. Para Ronaldinho, a transferência para o duro e exigente futebol italiano servirá como um grande desafio. Ou ele entra -e se mantém- em forma, ou amargará o banco de reservas e o declínio de prestígio. Se vencer o desafio, voltará ao topo.

jgcouto@uol.com.br


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