São Paulo, terça-feira, 29 de outubro de 2002

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FUTEBOL

Maioria das equipes "condenadas" no Brasileiro não conseguiu voltar à primeira divisão por méritos esportivos

Rebaixados sofrem para retornar à elite

PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Não é à toa que virada de mesa é, quase sempre, uma solução desejada pelos clubes rebaixados no Campeonato Brasileiro.
O retrospecto da competição a partir do momento em que o descenso virou praxe, em 1988, mostra que um time condenado à segunda divisão tem sérios problemas para retornar à elite.
Nos últimos 14 anos, o rebaixamento no principal campeonato do país aconteceu 38 vezes, sendo que algumas equipes foram atingidas em mais de uma ocasião.
Desses 38, apenas 12, ou 32% do total, retornaram à elite conseguindo a vaga dentro de campo.
Os outros 26 foram beneficiados por uma virada de mesa ou continuam nas divisões menos importantes do Nacional até hoje.
América-RJ e Bangu, dois dos primeiros rebaixados do Brasileiro, em 1988, entraram no limbo total a partir dessa temporada.
Após bons resultados no Nacional na década de 80 -os americanos foram semifinalistas em 1986, e o Bangu obteve o vice em 1985-, entraram em decadência e hoje amargam a terceira divisão.
Outros times tradicionais que não conseguiram se recuperar de um rebaixamento no Brasileiro foram Náutico e Remo -ambos fazem hoje campanhas apenas regulares na segunda divisão.
Clubes pequenos de São Paulo, como Inter de Limeira e São José, também não tiveram forças para retornar à elite e seguiram pelo caminho do ostracismo.
Já os "gigantes" do país rebaixados fracassaram na Série B e precisaram de ajuda do tapetão para saírem do "fundo do poço".
Vítima do descenso em 1991, o Grêmio não conseguiu ficar nem entre os oito primeiros da Série B em 1992 e precisou ser "içado" por uma virada de mesa -a primeira da gestão de Ricardo Teixeira na presidência da CBF.
Muito pior fez o Fluminense. Depois de beneficiado no tapetão e se safar do rebaixamento de 1996, o clube carioca novamente foi condenado no ano seguinte.
Assim, precisou disputar a Série B em 1998. Lá, terminou numa medíocre 19ª posição e desceu para a terceira divisão, de onde conseguiu sair no ano seguinte.
Em 2000, o Fluminense, ao lado do Bahia, que também fracassou na Série B, foi beneficiado pela virada de mesa que criou a Copa João Havelange e retomou seu lugar na primeira divisão.
Atlético-PR e Goiás foram alguns clubes de peso que se transformaram em exceções e conseguiram, por méritos dentro do campo, a vaga perdida na elite.

Promessas
Apesar da fama dos ameaçados no Brasileiro-2002 -Palmeiras e Botafogo estariam condenados se a primeira fase já estivesse encerrada-, o comando do futebol no país promete que não haverá virada de mesa desta vez.
Ricardo Teixeira declarou à Folha no início do mês que "não há nenhuma hipótese de o regulamento ser rasgado".
O presidente do Clube dos 13, Fábio Koff, e o diretor-executivo da Globo Esportes, Marcelo Campos Pinto, também descartam qualquer manobra para favorecer os grandes rebaixados.



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