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FUTEBOL
Honra ao mérito
JOSÉ ROBERTO TORERO
COLUNISTA DA FOLHA
Caro leitor, caríssima leitora, escrevo estas linhas antes do jogo entre Santos e São
Paulo. Não sei se a equipe que terminou a primeira fase do torneio
como líder passou ou não pelo
meu time. De qualquer modo,
deixo cá minha opinião.
É mais justo, dizem uns. Transforma todas as partidas em decisões, dizem outros.
Concordo com uns e outros. Por
mais que se diga que o charme do
futebol é sua imprevisibilidade, fica uma sensação esquisita quando uma equipe que demonstrou
menos méritos ao longo da competição ergue a taça em lugar daquela que obteve mais pontos.
Não será uma simples crônica
que fará mudar a opinião dos
adeptos das fórmulas caça-níqueis, mas, só para apimentar a
discussão, lembrarei aqui algumas ocasiões em que o time de
melhor campanha no Brasileiro
acabou sendo castigado pelos
quadrangulares, pelos hexagonais, pelos octogonais, pelas cobranças de pênaltis e por outras
formas de decisão que dão margem a questionamentos.
A primeira vez que isso ocorreu
foi em 1974, quando o genial Cruzeiro de Nelinho, Piazza, Zé Carlos, Dirceu Lopes e Palhinha perdeu para o apenas eficiente Vasco
de Moisés, Alfinete, Jorginho Carvoeiro e, ufa!, Roberto Dinamite.
O time mineiro ponteou durante
todo o torneio, mas aí, por uma
razão que me custa entender, a
decisão foi jogada no Maracanã,
onde o Vasco venceu por 2 a 1.
Em 1977, o Atlético-MG chegou
à última rodada com oito pontos
a mais do que o São Paulo. No
Mineirão, o esforçado time paulista segurou o 0 a 0 bravamente e
aí, graças a são Valdir Perez, levou o título nos pênaltis.
Já em 1981 o feitiço virou contra
o feiticeiro, e o São Paulo foi castigado. O time de Serginho e Zé Sérgio fez dois pontos a mais do que
o Grêmio de Baltazar. Mas, no segundo jogo, no Morumbi, o clube
paulista foi derrotado por 1 a 0.
Gol de quem? De Baltazar.
Até o meu Santos, acreditem, teria sido campeão pelo sistema de
pontos corridos em 1983. Com um
time experiente e pragmático, o
Peixe terminou o torneio um ponto à frente do Flamengo de Zico.
Pena que, na decisão, o time perdeu a cabeça e o jogo (3 a 0).
1985 marcou uma das maiores
injustiças da história do Brasileiro. O Bangu, que terminou como
vice-campeão, chegou à final contra o Coritiba tendo feito 16 pontos a mais que o adversário. Dezesseis! Mas, mais uma vez, os pênaltis se encarregaram de punir o
melhor desempenho.
No ano seguinte, a vítima foi o
Guarani, que tinha Marco Antônio Boiadeiro, Evair e João Paulo.
O beneficiado, outra vez, foi o São
Paulo. Os seis pontos à frente não
serviram para nada e, na final, o
Bugre não teve forças para segurar uma vantagem de 3 a 2 no
Brinco de Ouro. Cedendo o empate, acabou derrotado nos pênaltis.
Em 1992, foi a vez de o Botafogo
lamentar a fórmula de disputa.
Mesmo com seus dois pontos a
mais, o time de Márcio Santos,
Carlos Alberto Dias e Valdeir não
conseguiu superar o Flamengo de
Júnior na decisão. Resultado: teve
que se contentar com o vice.
Não se trata de questionar os títulos de Vasco, São Paulo, Grêmio, Flamengo e Coritiba, conquistados de acordo com as regras estabelecidas à época. Aqui
só realço um detalhe: o fato de
que, em 31 edições do Nacional,
sete ficaram com o gostinho
amargo, senão da injustiça, da
dúvida. Qual a solução para isso?
Os pontos corridos.
Interioranos
Fernando César Mendonça
manda a seleção "festa do interior", que, no 3-5-2, teria:
Leão (Ribeirão Preto); Bezerra (Altair), Doriva (Nhandeara) e Juninho (Olímpia e ex-Corinthians); Fábio Aurélio
(São Carlos), Caçapava (Caçapava), Mococa (Mococa),
Raí (Ribeirão Preto) e Roberto Carlos (Araras); Careca
(Araraquara) e Luizão (Rubinéia). Técnico: Joãozinho (irmão do Bezerra, também de
Altair, que dirigiu o Santos).
Cidadãos
Paulinho Prada, de Limeira,
manda uma seleção formada
apenas por cidadãos com nomes de cidades: Marcos Garça (SP); Sílvio Criciúma (SC),
Edu Dracena (SP), Marcelo
Batatais (SP) e Júnior Brasília
(DF); André Astorga (PR),
Bebeto Campos (RJ), Juninho Petrolina (PE) e Paulo
Leme (SP); Canindé (CE) e
Alex Bauru (SP). Técnico:
Chico Formiga (MG).
E-mail torero@uol.com.br
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