São Paulo, terça-feira, 30 de abril de 2002

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BASQUETE

A outra dúzia

MELCHIADES FILHO
EDITOR DE ESPORTE

Valtinho, do Uberlândia, é o mais completo e eficiente da posição no país. Mas nunca foi titular do Brasil. Nem foi testado em competições internacionais. A armação é a função mais importante de uma equipe de basquete. Pode ser arriscado apostar tanto assim em um Mundial.
Marcelinho infelizmente não combina com esta seleção. O esquema de jogo, amparado em lances pré-desenhados e corta-luzes burocráticos, castra seu talento ofensivo. O versátil jogador do Fluminense só brilhou quando, por iniciativa própria, assumiu a condução da bola e acelerou a transição defesa-ataque.
À medida dos anos, Rogério tornou-se um tapa-buracos tático porque lhe faltaram personalidade, repertório técnico e biótipo (velocidade e altura) para assumir uma função específica em quadra. O ala vascaíno pode ser útil em um torneio internacional, mas dificilmente desequilibrará.
Nenê acaba de assinar com um empresário norte-americano. O mundo do basquete dá como certa sua contratação pela NBA. Mas o oba-oba não mascara o fato de que o ala-pivô tem muito a evoluir, de que seu jogo sob a cesta ainda se baseia em sua incrível envergadura, em puro instinto.
A Sandro Varejão, que fecharia o quinteto titular, falta apetite nos garrafões. Basta verificar sua baixa média de rebotes no Nacional, 7 por partida pelo Vasco. O pivô costuma, também, se esquecer de fazer coberturas na defesa.
O veterano armador Demétrius não possui arremesso -apenas 34,5% no tiros de três pontos neste Brasileiro pelo Minas. E, com uma certa justiça, carrega o estigma de falhar na hora do aperto.
Apontado como sensação do basquete nacional em 2000, o ala Guilherme ainda não conseguiu se firmar nem na jovem equipe do Ribeirão Preto -disputa somente 25,8 minutos por confronto.
Anderson Varejão, uma jóia, ainda precisa ser lapidado. Não sabe chutar à cesta, inclusive nos lances livres, e não aprendeu a atuar de costas para a tabela. Vai colocar seu potencial à prova contra adversários anos-luz à sua frente, como seu antecessor no Barcelona, o espanhol Pau Gasol, melhor calouro da NBA.
Helinho faz boa temporada, mas não como armador principal. No Vasco, vem atuando como "spot-up shooter", aproveitando as infiltrações de Manteiguinha e, sobretudo, as sobras de bola para arremessar. Contra defesas de nível internacional, ninguém chuta tão livre assim.
A técnica não é o ponto forte de Janjão (Flamengo) e Luís Fernando (Araraquara). É difícil, aliás, achar um ponto forte dos dois pivôs, que não o peso e a altura.
E Oscar jamais teria o desprendimento para assumir o papel de 12º jogador, se resignar a dar entrevistas (pode até chorar!) à imprensa norte-americana, ser uma espécie de embaixador da seleção em Indianápolis, 15 anos depois da proeza no Pan-Americano. Sem falar nas diferenças irreconciliáveis que separam o jurássico ala flamenguista da atual comissão técnica -e mesmo de alguns atletas que integram o grupo.
Essa lista de jogadores para disputar o Mundial de agosto/setembro é a mais equilibrada e competitiva que encontrei. Forma uma dúzia relativamente alta (2,01m), experiente (27 anos), que se "encaixa" contra os adversários da primeira e segunda fases. Mas, reconheço, tem tantos buracos que pode desanimar. Vai ou racha.

Brasil 1
A coluna passada, cara-metade menos sombria da desta semana, pode ser lida em www.uol.com.br/fsp/esporte/fk2304200216.htm. Se você não é assinante do UOL, me escreva que eu envio por e-mail. Para fechar (por ora) a discussão sobre o Mundial de Indianápolis, vale destacar que a vizinha Argentina já convocou 15 jogadores. O Brasil estuda chamar, dentro de um mês, o dobro disso.

Brasil 2
Vasco, Bauru, Uberlândia, Ribeirão Preto e Flamengo estão classificados para os mata-matas do Nacional masculino. Araraquara, Minas, Fluminense e Londrina disputam as últimas três vagas.

Brasil 3
As brasileiras Iziane e Erika, ambas de 20 anos, não fecharam com a WNBA. As duas ainda serão avaliadas pelos times de Miami e Los Angeles. Os treinos começaram ontem; o campeonato, no dia 25.

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