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BASQUETE
A outra dúzia
MELCHIADES FILHO
EDITOR DE ESPORTE
Valtinho, do Uberlândia, é
o mais completo e eficiente
da posição no país. Mas nunca foi
titular do Brasil. Nem foi testado
em competições internacionais. A
armação é a função mais importante de uma equipe de basquete.
Pode ser arriscado apostar tanto
assim em um Mundial.
Marcelinho infelizmente não
combina com esta seleção. O esquema de jogo, amparado em
lances pré-desenhados e corta-luzes burocráticos, castra seu talento ofensivo. O versátil jogador do
Fluminense só brilhou quando,
por iniciativa própria, assumiu a
condução da bola e acelerou a
transição defesa-ataque.
À medida dos anos, Rogério tornou-se um tapa-buracos tático
porque lhe faltaram personalidade, repertório técnico e biótipo
(velocidade e altura) para assumir uma função específica em
quadra. O ala vascaíno pode ser
útil em um torneio internacional,
mas dificilmente desequilibrará.
Nenê acaba de assinar com um
empresário norte-americano. O
mundo do basquete dá como certa sua contratação pela NBA.
Mas o oba-oba não mascara o fato de que o ala-pivô tem muito a
evoluir, de que seu jogo sob a cesta ainda se baseia em sua incrível
envergadura, em puro instinto.
A Sandro Varejão, que fecharia
o quinteto titular, falta apetite
nos garrafões. Basta verificar sua
baixa média de rebotes no Nacional, 7 por partida pelo Vasco. O
pivô costuma, também, se esquecer de fazer coberturas na defesa.
O veterano armador Demétrius
não possui arremesso -apenas
34,5% no tiros de três pontos neste Brasileiro pelo Minas. E, com
uma certa justiça, carrega o estigma de falhar na hora do aperto.
Apontado como sensação do
basquete nacional em 2000, o ala
Guilherme ainda não conseguiu
se firmar nem na jovem equipe do
Ribeirão Preto -disputa somente 25,8 minutos por confronto.
Anderson Varejão, uma jóia,
ainda precisa ser lapidado. Não
sabe chutar à cesta, inclusive nos
lances livres, e não aprendeu a
atuar de costas para a tabela. Vai
colocar seu potencial à prova contra adversários anos-luz à sua
frente, como seu antecessor no
Barcelona, o espanhol Pau Gasol,
melhor calouro da NBA.
Helinho faz boa temporada,
mas não como armador principal. No Vasco, vem atuando como "spot-up shooter", aproveitando as infiltrações de Manteiguinha e, sobretudo, as sobras de
bola para arremessar. Contra defesas de nível internacional, ninguém chuta tão livre assim.
A técnica não é o ponto forte de
Janjão (Flamengo) e Luís Fernando (Araraquara). É difícil, aliás,
achar um ponto forte dos dois pivôs, que não o peso e a altura.
E Oscar jamais teria o desprendimento para assumir o papel de
12º jogador, se resignar a dar entrevistas (pode até chorar!) à imprensa norte-americana, ser uma
espécie de embaixador da seleção
em Indianápolis, 15 anos depois
da proeza no Pan-Americano.
Sem falar nas diferenças irreconciliáveis que separam o jurássico
ala flamenguista da atual comissão técnica -e mesmo de alguns
atletas que integram o grupo.
Essa lista de jogadores para disputar o Mundial de agosto/setembro é a mais equilibrada e competitiva que encontrei. Forma uma
dúzia relativamente alta (2,01m),
experiente (27 anos), que se "encaixa" contra os adversários da
primeira e segunda fases. Mas, reconheço, tem tantos buracos que
pode desanimar. Vai ou racha.
Brasil 1
A coluna passada, cara-metade menos sombria da desta semana,
pode ser lida em www.uol.com.br/fsp/esporte/fk2304200216.htm.
Se você não é assinante do UOL, me escreva que eu envio por e-mail. Para fechar (por ora) a discussão sobre o Mundial de Indianápolis, vale destacar que a vizinha Argentina já convocou 15 jogadores. O Brasil estuda chamar, dentro de um mês, o dobro disso.
Brasil 2
Vasco, Bauru, Uberlândia, Ribeirão Preto e Flamengo estão classificados para os mata-matas do Nacional masculino. Araraquara,
Minas, Fluminense e Londrina disputam as últimas três vagas.
Brasil 3
As brasileiras Iziane e Erika, ambas de 20 anos, não fecharam com
a WNBA. As duas ainda serão avaliadas pelos times de Miami e Los
Angeles. Os treinos começaram ontem; o campeonato, no dia 25.
E-mail melk@uol.com.br
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