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FUTEBOL
Dirigentes decidem em reunião não modificar ponto polêmico do regulamento do Rio-SP que privilegia a disciplina
Liga mantém o poder do cartão nas finais
FÁBIO SOARES
DA REPORTAGEM LOCAL
A cena inusitada de torcedores
festejando quase como um gol
quando o juiz erguer o cartão vai
continuar. As punições da arbitragem foram mantidas como valioso critério de desempate na final do Torneio Rio-São Paulo.
Apesar de haver consenso contrário à regra entre os finalistas
Corinthians e São Paulo, o presidente da Liga Rio-SP, Eduardo José Farah, com o aval dos demais
14 clubes da entidade, decidiu em
reunião ontem manter na íntegra
o regulamento do torneio.
O vice-presidente de futebol do
Corinthians, Antonio Roque Citadini, admitiu ter ido à reunião
de ontem disposto a tentar um
acordo para alterar a regra.
O Palmeiras, no entanto, seria
um empecilho de peso. "Eles protestariam, afinal foram desclassificados graças a esse critério."
Já o São Paulo estava decidido a
obedecer as regras, também em
respeito ao clube do Parque Antarctica. "Mais absurdo que o regulamento em si seria mudá-lo a
essa altura do campeonato", disse
o novo presidente do clube, Marcelo Portugal Gouvêa.
Não houve pressão prévia do
Palmeiras, segundo Gouvêa.
"Não precisava esperar eles se
manifestarem. A posição do São
Paulo não mudaria."
O Palmeiras perdeu a vaga na final contra o São Paulo por ter levado três cartões amarelos a mais
nos dois jogos da semifinal, que
terminaram empatados em gols.
Durante a primeira fase, além
de ter terminado uma posição
atrás do Palmeiras, segundo colocado, o São Paulo foi a equipe que
mais recebeu cartões.
Decisão por pênaltis ou análise
da melhor campanha no transcorrer da competição -o que favoreceria o Corinthians, líder na
primeira fase- seriam critérios
de desempate mais justos, segundo o vice-presidente corintiano,
nas finais dos dois próximos domingos, no Morumbi.
O Corinthians não precisou da
decisão dos juízes para chegar à final. Empatou com o São Caetano
na primeira partida (1 a 1) e venceu (3 a 1) anteontem.
Ao final da reunião de ontem, os
presidentes do Santos, Marcelo
Teixeira, e Fluminense, David Fischel, além do próprio Citadini,
confessaram não terem atentado
para a influência dos cartões na
decisão das partidas.
Citadini foi além. "Dirigente
não lê regulamento. Regulamento
é que nem seguro de carro, seguro
de vida. Se você lê não assina."
Os representantes de Santos e
Fluminense, mais cautelosos, afirmaram que tinham ciência de que
o cartão seria critério de desempate, mas somente no caso de
igualdade nos quesitos anteriores
(vitórias, saldo, gols e número de
gols marcados) levando-se em
conta a fase de classificação.
Por uma falha de redação do regulamento, no entanto, ficaram
valendo somente os resultados da
fase vigente.
Em caso de dois empates ou de
uma vitória para cada equipe pela
mesma diferença de gols, o menor
número de cartões amarelos decide o vencedor, caso não tenham
sido aplicados vermelhos.
"A regra tem um objetivo implícito: inibir a violência. A decisão
por pênaltis também é bem discutível. O erro foi a priorização dos
cartões", comentou ontem o presidente do Santos.
Farah, em viagem pela Europa
na semana passada, justamente
quando reverberou a polêmica
em torno do regulamento esdrúxulo que inventara, não quis falar
sobre a reunião de ontem.
O dirigente esteve em Lisboa
acompanhando o amistoso da seleção brasileira contra Portugal,
dia 17 de abril.
Apesar da decisão de acatar as
regras, os dirigentes presentes à
reunião de ontem na sede da Federação Paulista de Futebol foram
incisivos quanto ao fim da importância dos cartões nos futuros
campeonatos.
"Certamente isso nunca mais
vai acontecer", prometeu o vice-presidente do Corinthians.
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