São Paulo, terça-feira, 30 de abril de 2002

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FUTEBOL

Dirigentes decidem em reunião não modificar ponto polêmico do regulamento do Rio-SP que privilegia a disciplina

Liga mantém o poder do cartão nas finais

FÁBIO SOARES
DA REPORTAGEM LOCAL

A cena inusitada de torcedores festejando quase como um gol quando o juiz erguer o cartão vai continuar. As punições da arbitragem foram mantidas como valioso critério de desempate na final do Torneio Rio-São Paulo.
Apesar de haver consenso contrário à regra entre os finalistas Corinthians e São Paulo, o presidente da Liga Rio-SP, Eduardo José Farah, com o aval dos demais 14 clubes da entidade, decidiu em reunião ontem manter na íntegra o regulamento do torneio.
O vice-presidente de futebol do Corinthians, Antonio Roque Citadini, admitiu ter ido à reunião de ontem disposto a tentar um acordo para alterar a regra.
O Palmeiras, no entanto, seria um empecilho de peso. "Eles protestariam, afinal foram desclassificados graças a esse critério."
Já o São Paulo estava decidido a obedecer as regras, também em respeito ao clube do Parque Antarctica. "Mais absurdo que o regulamento em si seria mudá-lo a essa altura do campeonato", disse o novo presidente do clube, Marcelo Portugal Gouvêa.
Não houve pressão prévia do Palmeiras, segundo Gouvêa. "Não precisava esperar eles se manifestarem. A posição do São Paulo não mudaria."
O Palmeiras perdeu a vaga na final contra o São Paulo por ter levado três cartões amarelos a mais nos dois jogos da semifinal, que terminaram empatados em gols.
Durante a primeira fase, além de ter terminado uma posição atrás do Palmeiras, segundo colocado, o São Paulo foi a equipe que mais recebeu cartões.
Decisão por pênaltis ou análise da melhor campanha no transcorrer da competição -o que favoreceria o Corinthians, líder na primeira fase- seriam critérios de desempate mais justos, segundo o vice-presidente corintiano, nas finais dos dois próximos domingos, no Morumbi.
O Corinthians não precisou da decisão dos juízes para chegar à final. Empatou com o São Caetano na primeira partida (1 a 1) e venceu (3 a 1) anteontem.
Ao final da reunião de ontem, os presidentes do Santos, Marcelo Teixeira, e Fluminense, David Fischel, além do próprio Citadini, confessaram não terem atentado para a influência dos cartões na decisão das partidas.
Citadini foi além. "Dirigente não lê regulamento. Regulamento é que nem seguro de carro, seguro de vida. Se você lê não assina."
Os representantes de Santos e Fluminense, mais cautelosos, afirmaram que tinham ciência de que o cartão seria critério de desempate, mas somente no caso de igualdade nos quesitos anteriores (vitórias, saldo, gols e número de gols marcados) levando-se em conta a fase de classificação.
Por uma falha de redação do regulamento, no entanto, ficaram valendo somente os resultados da fase vigente.
Em caso de dois empates ou de uma vitória para cada equipe pela mesma diferença de gols, o menor número de cartões amarelos decide o vencedor, caso não tenham sido aplicados vermelhos.
"A regra tem um objetivo implícito: inibir a violência. A decisão por pênaltis também é bem discutível. O erro foi a priorização dos cartões", comentou ontem o presidente do Santos.
Farah, em viagem pela Europa na semana passada, justamente quando reverberou a polêmica em torno do regulamento esdrúxulo que inventara, não quis falar sobre a reunião de ontem.
O dirigente esteve em Lisboa acompanhando o amistoso da seleção brasileira contra Portugal, dia 17 de abril.
Apesar da decisão de acatar as regras, os dirigentes presentes à reunião de ontem na sede da Federação Paulista de Futebol foram incisivos quanto ao fim da importância dos cartões nos futuros campeonatos.
"Certamente isso nunca mais vai acontecer", prometeu o vice-presidente do Corinthians.


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