São Paulo, domingo, 30 de abril de 2006

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PINGUE-PONGUE

"Não é de agora que perdemos", diz Della Monica

PAULO GALDIERI
DA REPORTAGEM LOCAL

Depois de um ano e três meses e no meio de sua maior crise como presidente, Affonso della Monica acredita ter feito mudanças no Palmeiras. Mas, lembrando que o time perde há anos, pediu paciência à torcida.
Já não tem tanta certeza de título, depois do fracasso no Paulista. Mas ainda acha que fez certo nos investimentos em jogadores caros.
E ressaltou as mudanças em relação à gestão do antecessor Mustafá Contursi, hoje seu opositor. Nem a sala da presidência resistiu. Perdeu a cor branca da parede por um verde claro. "Mudou tudo".
 

Folha - Arrepende-se de alguma contratação?
Affonso Della Monica -
Não, não me arrependo. Aqueles que eu queria deram certo. Só quero que a torcida tenha paciência. Não é de agora que perdemos. Perdemos faz anos.

Folha - Ainda dá para cumprir a promessa de fazer o Palmeiras ser campeão em 2006?
Della Monica -
Eu achei que dava. Tinha convicção disso. Mas aí perdemos o Paulista. O Brasileiro é bem mais difícil e começamos mal. Mas é só acertar uma peça ou outra.

Folha - O senhor conseguiu fazer tudo o que queria até agora?
Della Monica -
Fizemos. Com muitas pessoas criando obstáculos, dizendo que gastamos muito no futebol. Se você não gastar não monta time. Temos que investir. O jogador é um patrimônio. Não considero como gasto, e sim investimento.

Folha - Sobre essa nova oposição, a liderança é o Mustafá?
Della Monica -
Não diria isso. Tenho bom relacionamento com o Mustafá. Somos amigos.

Folha - E no campo político, o senhor considera adversário?
Della Monica -
Minha função é tratar do andamento do clube. Cada um tem o seu ponto de vista. Evidentemente isso atrapalha, não a nossa gestão, mas o andamento do clube. Mas é um direito que eles têm.

Folha - A reforma da diretoria foi reflexo dessa discordância?
Della Monica -
Nós fizemos um remanejamento. É um ponto de vista meu antigo. O diretor não pode ficar 20 anos como diretor do departamento de bocha. Porque um dia que for chamado para um cargo maior, ele só conhece aquilo. Além disso, era preciso dar espaço para novos conselheiros que estavam querendo ajudar.

Folha - Mas por que o senhor preferiu não mexer no departamento de futebol?
Della Monica -
Em determinados postos não se deve mexer. Se mexer, atrapalha.

Folha - No orçamento estão descritos R$ 58 milhões para o futebol. Quanto foi gasto?
Della Monica -
Não dá para saber ainda, pois só se passaram três meses. Mas esperamos ficar dentro do orçamento. Isso é um valor que a cada ano aumenta um pouco. É normal.

Folha - Sua meta é alinhavar uma parceria?
Della Monica -
É, estamos procurando, conversando com vários segmentos. Mas o comando tem que ser do Palmeiras. Não abrimos mão disso.

Folha - E o que falta para ser campeão?
Della Monica -
Falta um novo técnico e sorte. Sem sorte não se faz nada na vida. É um conjunto, com competência, harmonia e técnica.

Folha - E as críticas sobre o isolamento do futebol?
Della Monica -
O futebol tem que ficar no CT. Antigamente, ficava aqui, e os conselheiros ficavam em cima. Agora fica isolado. Mas todos sabem, não só pela imprensa, mas também pelas reuniões do Conselho Deliberativo. Sabem de tudo.

Folha - A demissão do Leão, defendido pelo Palaia, enfraqueceu o diretor de futebol?
Della Monica -
Não. O futebol está nas mãos dele. E vou quase todo dia ao CT. Além de presidente, sou praticamente o diretor de futebol. Eu estou junto.


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