São Paulo, domingo, 30 de abril de 2006

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PAN-AMERICANO

Estado oferece salário para pelo menos dez pessoas que forneçam dados que gerem prisão importante

Rio-07 contrata informante contra crime

MARIO HUGO MONKEN
SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO

A Subsecretaria de Inteligência, órgão vinculado à Segurança Pública do Rio de Janeiro, vai contratar pelo menos dez informantes para fornecer dados sobre a movimentação de criminosos em áreas onde serão disputadas as competições do Pan de 2007.
Esses informantes receberão salários mensais que variam entre R$ 300 e R$ 1.000, que poderão ser aumentados caso forneçam um dado que resulte em prisão importante ou uma grande apreensão de drogas, por exemplo.
Outra preocupação da polícia fluminense são eventuais manifestações terroristas durante os Jogos. O salário do informante poderá aumentar caso traga dados consistentes sobre esse risco.
A pasta mantém sob sigilo os locais onde serão recrutados os informantes. A Folha apurou que uma área será a de Cidade de Deus (zona oeste), que fica muito próxima - menos de 2 km- da Vila Pan-Americana, onde se hospedarão 8.000 pessoas.
Os agentes de inteligência temem que, com o grande número de turistas e atletas na cidade, aumente o abastecimento de drogas na favela e que os traficantes possam montar "esticas" (bocas-de-fumo fora da favela para facilitar acesso de usuários).
Outra área que deverá ter um informante é o complexo de favelas da Maré (zona norte). As comunidades margeiam as linhas Amarela e Vermelha, vias expressas que servirão de acesso dos atletas aos locais de competições. O grande temor da polícia na região são os assaltos que possam vir ocorrer nas duas linhas e os tiroteios constantes.
Segundo os agentes, a idéia é que os informantes sejam moradores das próprias áreas consideradas de risco.
Há casos também em que os informantes poderão ser contratados e levados a atuar em outra comunidade. Mas aí será providenciado algum disfarce para evitar levantar suspeita. O recrutamento deverá começar ainda neste ano para que haja um planejamento mais consistente.
Atualmente, a Subsecretaria de Inteligência conta com cerca de 20 informantes oficiais -90% deles trazem informações sobre tráfico de drogas.
Esse tipo de informante assalariado se difere da figura do tradicional X-9, muito usado pelas polícias Civil e Militar. O assalariado mantém vínculo com o governo durante um determinado tempo.
Já os X-9 são informantes pessoais de um policial ou de uma delegacia. Eles também podem receber ajuda financeira, mas não é obrigatória e depende de um acordo feito entre as partes.
Apesar de realizarem um serviço de risco, os informantes oficiais, que existem desde 2004, não recebem nenhum tipo de segurança para realizar o trabalho. A proteção só ocorre se a subsecretaria descobrir que o seu informante está "queimado" em sua comunidade. Neste caso, ele é transferido de local, de cidade ou até de Estado.


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