São Paulo, domingo, 30 de maio de 2010

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Teixeira supera mentor em Copa

Presidente da CBF vai a sexto Mundial, contra 5 de Havelange, e chefia seleção mais de perto

Sebastião Moreira - 25.mai.10/Efe
Ricardo Teixeira e seu técnico, Dunga

MARTÍN FERNANDEZ
PAULO COBOS
SÉRGIO RANGEL

ENVIADOS ESPECIAIS A JOHANNESBURGO

Na Copa da África, a criatura vai superar o criador.
Ricardo Teixeira, 62, será, depois do Mundial de 2010, o cartola brasileiro com mais Copas no currículo, superando o ex-sogro João Havelange, responsável por sua entrada no futebol. Até hoje, cada um deles esteve à frente da seleção brasileira em cinco Mundiais de futebol.
O recorde será atingido com o presidente da CBF mais badalado do que nunca e também mais presente no cotidiano do time nacional.
Pessoas próximas dizem que o Teixeira de 2010 é muito mais parecido com o de 2002 do que com o de 2006.
Isso significa, pela ótica desse grupo, que o cartola agora resolveu influenciar mais na administração da seleção, como fez na conquista do pentacampeonato.
E não repete o afastamento das decisões da Copa da Alemanha -só depois de o time fracassar é que o presidente da CBF reclamou do comportamento dos jogadores e do então treinador Carlos Alberto Parreira.
Teixeira foi quem determinou como será a premiação dos jogadores em caso de título na África do Sul.
Quase sempre avesso a entrevistas, ele falou grosso na última terça-feira ao negar que a seleção esteja blindada sob o comando de Dunga. E mostrou que o treinador gaúcho foi uma aposta pessoal, diferente de Parreira e Luiz Felipe Scolari, os últimos dois técnicos da seleção.
"Estou muito satisfeito com a convocação para a Copa, afinal fui eu que escolhi o Dunga." O treinador, que costuma dizer que seu futuro será uma decisão do chefe, esteve como jogador em três das Copas da era Teixeira. E afirma que ele evoluiu.
"Em 1990 [o primeiro Mundial do cartola], nós éramos um grupo novo, e o presidente também estava começando na CBF [assumiu a presidência em 1989]. Pode ver que depois nunca aconteceram mais problemas", disse o treinador da seleção.
Mas não é só com o time que o cartola, recordista na gestão da CBF, faz da Copa- -2010 uma vitrine pessoal.
Na competição, especialmente na reta final, Teixeira tentará faturar politicamente com a exposição da Copa- -2014, no Brasil. Três dias antes da decisão, em Johannesburgo, a CBF vai organizar uma badalada festa para apresentar marcas gráficas do Mundial brasileiro.
Política, aliás, é outra coisa que o mais longevo cartola na história da CBF, e a partir do próximo mês o recordista em Copas, também domina em 2010. Após longa ausência, ele levou a seleção para beijar a mão de um presidente antes do Mundial.
A última vez que houve o encontro foi quando o presidente Fernando Collor foi bater bola com o time brasileiro, antes da Copa de 90.
Depois disso, a relação ruim do cartola com o ex-presidente Fernando Henrique deixou a seleção afastada antes dos Mundiais.
Reconciliado com o poder e já mirando outros feitos de Havelange, Teixeira agora tenta igualar o número de títulos do mentor: três.


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