São Paulo, domingo, 30 de julho de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

SUPERAMADOR / TRIATLO

Desafio triplo se torna remédio contra estresse

Modalidade, que une três esportes, ajuda profissionais a manter vida regrada

Academias, que permitem a prática de natação, corrida e ciclismo num mesmo local, são reduto de iniciantes e competidores sem tempo

ADALBERTO LEISTER FILHO
TATIANA CUNHA

DA REPORTAGEM LOCAL

Um dos esportes que mais exigem dedicação é, contraditoriamente, cada vez mais praticado por amadores com tempo escasso. O triatlo, prova desgastante, que alia natação, ciclismo e corrida vem sendo procurado por profissionais liberais e empresários para aliviar o estresse do dia a dia.
"O triatlo traz vários benefícios. A pessoa passa a ter disciplina nos horários, alimentação mais regrada e disposição para o trabalho. A produtividade cresce muito", aponta Alexandre Ribeiro, técnico de cem atletas da equipe Pro Ribeiro.
Segundo a CBTri (Confederação Brasileira de Triatlo), o país hoje contabiliza 10 mil praticantes que disputam competições, 2.600 deles registrados pelas federações estaduais.
Como comparação, no fim dos anos 90, havia 3.000 praticantes e pouco mais de 200 gatos-pingados federados. "O triatlo se popularizou nas academias. Os profissionais que competiam nos anos 80 e 90 encerraram a carreira e são os professores atuais", diz Carlos Fróes, presidente da CBTri.
O crescimento foi favorecido pela maior visibilidade a partir de Sydney-2000, quando o esporte ganhou status olímpico.
"Não houve uma febre como nas corridas de rua. Mas ano a ano cresce o interesse. A pessoa que corre maratona, por exemplo, quer um desafio maior e parte para o triatlo", aponta o técnico Marcos Paulo Reis.
O treinador supervisiona desde VIPs como o empresário João Paulo Diniz e a modelo Daniella Cicarelli até profissionais, caso de Paulo Miyasiro, que foi aos Jogos de Atenas-04.
Em ambiente tão inóspito para a prática da modalidade, como São Paulo, as situações são simuladas na academia, que consegue sanar todas as dificuldades. Na falta de mar, os amadores treinam na piscina. Se não há nenhum parque por perto, a corrida ocorre na esteira. Sem ciclovias, o ciclismo é praticado em aulas de spinning.
"O ideal é que a pessoa, pelo menos de vez em quando, ande de bicicleta na estrada e nade no mar", explica Alexandre Giglioli, treinador da equipe Run & Fun, que reúne 60 triatletas.
Sem tempo de treinar para as três provas todos os dias, o amador tem de ser regrado. Um treino a menos acarreta perdas irreparáveis na preparação.
Para iniciar no esporte é prudente fazer exames básicos de coração e sangue. Além disso, é preciso ao menos seis meses de preparação antes de competir.
Normalmente, a iniciação ocorre em provas de short triatlo, com distâncias menores -750 metros de natação, 20 km de ciclismo e 5 km de corrida, metade da prova olímpica.
Outra alternativa é o duatlo, em que uma das provas -a natação- não é disputada. "Quem começa fica animado para percorrer distâncias maiores", diz Eduardo Bley, técnico da equipe Limiar, com 40 triatletas.
Uma das disputas mais procuradas pelos amadores é o Ironman, cuja última edição, em Florianópolis, teve a participação de 1.200 atletas.
Nele é necessário experiência em provas menores e bom tempo de preparação, já que não é tão fácil encarar os 3,8 km de natação, 180 km de ciclismo e 42 km de corrida. O objetivo principal é completar a prova.


Texto Anterior: Tostão: Planejar não é tudo
Próximo Texto: O dono da bola
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.