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Miranda, 24, curte o auge sem empresário
Zagueiro diz que chegada à seleção sem a ajuda de agentes surpreende colegas
Pouco frequente, prática tem outros adeptos; meia Alex "demitiu" Juan Figer, e atacante Luizão passou dez anos sem ter um empresário
CAROLINA ARAÚJO
MARTÍN FERNANDEZ
DA REPORTAGEM LOCAL
Eles são raros, mas ainda
existem. Onze anos após a criação da Lei Pelé, alguns jogadores resistem à ideia de utilizar
um empresário para gerenciar
suas carreiras no futebol.
Atleta mais assediado do São
Paulo nesta janela de transferências, Miranda, 24, não tem
agente. É sozinho que o zagueiro ouve e negocia propostas.
Neste meio de ano, Lazio,
Fiorentina e Milan, da Itália,
Villarreal, da Espanha, e Manchester City, da Inglaterra,
mostraram interesse no atleta.
Tanto que o beque é quem mais
preocupa a diretoria são-paulina por uma possível saída.
A escolha do jogador de não
ter empresário é tão incomum
que deixou admirados até seus
companheiros de seleção. Miranda esteve nas cinco últimas
listas de convocação de Dunga.
"Os colegas ficam surpresos e
perguntam como eu cheguei à
seleção sem ter um empresário.
Fico feliz porque foi com minhas próprias pernas", afirma.
Segundo Miranda, a decisão
de não contar com agentes
ocorreu antes de sua chegada
ao time do Morumbi. "Tive dois
ou três empresários que só me
prejudicaram. Aí decidi que poderia tocar tudo sozinho", conta o zagueiro, que chegou ao
São Paulo em 2006, vindo do
clube francês Sochaux.
Com a janela de transferências aberta até amanhã, Miranda diz não sentir falta de um
agente. Afirma separar, todos
os dias, dez minutos para cuidar de questões extracampo.
Escuta propostas, conversa
com dirigentes ou intermediários de clubes europeus e, caso
o negócio lhe interesse, avisa ao
presidente Juvenal Juvêncio.
"Hoje, os meios de comunicação são tão acessíveis que os
clubes conseguem achar qualquer jogador de qualquer país.
Eles me encontram mesmo
sem que um empresário me
ofereça na Europa", diz.
A exposição obtida graças às
convocações para a seleção brasileira tornou-o mais visado.
Além de assediado por clubes
estrangeiros, o beque voltou a
ser alvo de empresários.
"Muitos me procuram querendo me agenciar. Mas, se
cheguei à seleção sem eles, por
que vou querer um agora?"
Enquanto Miranda experimenta o auge em "voo solo", o
meia Alex, 32, ex-Palmeiras, esperou o ocaso da carreira para
dispensar o uruguaio Juan Figer. "Continuamos amigos,
mas achei melhor tocar as coisas sozinho", declarou o jogador, por telefone, de Istambul,
onde atua pelo Fenerbahce.
"Nos últimos contratos, eu tive participação direta, porque
aprendi muita coisa na carreira. Aí avisei que não precisaria
mais do trabalho dele", disse o
meia, que afirma indicar o ex-
-agente para jogadores jovens.
A "demissão" de Figer ocorreu há três meses, quando o
atleta renovou seu contrato
com o clube turco até 2011.
Desde que decretou sua independência, Alex diz ter recusado duas propostas: uma do Brasil e outra do Oriente Médio.
Mas não quis revelar os clubes.
"O que mudou é que agora ligam direto para mim. Antes,
quando ligavam, eu passava para o Juan. Hoje eu mesmo analiso e negocio", falou o atleta.
Se Alex não tem nada contra
seu ex-agente, o mesmo não
ocorre com outro veterano.
O atacante Luizão, 33, afirma
que não foi "mais longe" na carreira por causa da má atuação
de seus ex-empresários, o espanhol Fernando Torcal e o italiano Giovani Branchini.
Por isso, o jogador, que não
atua desde o Paulista deste ano
-defendeu o Guaratinguetá
em dois jogos-, passou os últimos dez anos sem ter agente.
"Empresário é legal se te ajuda. Os meus não fizeram isso.
Eu mesmo tinha que brigar
com cartola, me expor", disse.
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