São Paulo, quinta-feira, 30 de setembro de 2004

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AÇÃO

Tá dominado

CARLOS SARLI
COLUNISTA DA FOLHA

Nesta semana o skatista curitibano Rodil de Araújo, o Ferrugem, conquistou o Mundial no street (que simula obstáculos de rua). Com o segundo lugar na etapa de Huntigton Beach, na Califórnia, Ferrugem, 26, chegou ao seu segundo título mundial e sacramenta a nova ordem de forças no mundo do skate. O Brasil é a potência do momento.
Já somamos, nas modalidades street e vertical, cinco títulos mundiais e hoje, faltando a etapa do Canadá (a última seria no Brasil, mas foi cancelada), temos três brasileiros, todos de Curitiba, entre os dez primeiros no street e cinco entre os dez melhores na vertical. Isso sem Bob Burnquist, nosso melhor atleta no half pipe e que neste ano não foi bem.
Ferrugem liderou o circuito desde o início e chegou entre os três primeiros em todas as provas que disputou. Ele, assim como Daniel Vieira, segundo no ranking, tem uma rotina na pista muito programada e dificilmente erra.
Se na street garantimos o campeão, e o vice é quase certo, na vertical o cenário é praticamente o mesmo. Sandro Dias, o Mineirinho, tem quase mil pontos de vantagem sobre o segundo colocado, o também brasileiro Lincoln Ueda. Com três vitórias (X-Games da Ásia, X-Games da América Latina e o LG nos EUA) entre os sete melhores resultados que são computados no Tour da WCS, Mineirinho vai para o Canadá só para levantar o caneco. Talvez por isso a etapa brasileira tenha sido cancelada. Com o título nas duas modalidades definido, o torneio ficaria esvaziado, e o patrocinador deu para trás.
O domínio brasuca pode não surpreender quem só agora começa a entender de skate no Brasil, mas, para a geração precursora, que nas décadas de 70 e 80 andava em pranchas de madeira pelas ruas do Rio e São Paulo e levava a fama de marginal, ele é redentor.
Em 87, o carioca Guto Jimenez desembarcou em Munster (Alemanha) como o primeiro brasileiro a participar de um Mundial. Olhou em volta e pensou em como poderia competir com tantos gringos e seus equipamentos de última geração. Não deu para ele.
Hoje somos mais de 2 milhões de praticantes. O terceiro maior mercado (atrás dos EUA e Europa). E geramos um volume de negócios de R$ 500 milhões por ano.
O avanço se deu quando aquela primeira geração de apaixonados cresceu e virou empresária no setor. Veteranos na arte de deslizar nas rampas e ruas, eles ajudaram, injetando grana e muita energia, a criar a indústria, tirar a conotação de marginal dos praticantes e mudar a cara do esporte no país. Ainda que o cancelamento de última hora da etapa brasileira do tour não corrobore com a idéia.
 
E o futuro do esporte é ainda mais promissor. O Big Air Skate lançado nos últimos X-Games está para o skate assim como o tow-in está para o surfe. O americano Danny Way é o Laird Hamilton da modalidade, o inventor e o mais atirado. Ele foi o único a descer a rampa equivalente a um prédio de nove andares, montada no estacionamento do Staples Center, da sua parte mais alta.

Surfe - Mundial Pro Júnior
Com a previsão de ondas grandes, começa hoje na Joaquina, Florianópolis, a primeira seletiva sul-americana para o Mundial sub-20. A decisiva, quando será definido o time de seis atletas, acontece no Rio.

Brasileiro de kitesurfe
Os atuais campeões, Carol Freitas e Guilherme Brandão, venceram a segunda etapa consecutiva do circuito e lideram o ranking. A disputa foi em João Pessoa (PB), com boas condições de vento.

Dia do Surfe
Picuruta foi o principal homenageado, e Adriano de Souza, o Mineirinho, o mais premiado (surfista do ano e revelação) na cerimônia realizada na Assembléia Legislativa, na última terça-feira.

E-mail sarli@trip.com.br


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