São Paulo, quinta-feira, 30 de setembro de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

FUTEBOL

"Fominha Zero"

MARCO BIANCHI
ESPECIAL PARA A FOLHA

Escrevo hoje sobre uma desagradável figura que insiste em marcar presença nos campos de futebol. Normalmente, é filho único, do tipo que ganha tudo que pede de presente, mas nem sempre. Às vezes é justamente o contrário, aquele filho do meio que na infância não recebeu tanta atenção quanto achava que deveria ter recebido e agora quer tudo pra ele.
Escrevo sobre uma figura que, definitivamente, não sai de moda: o fominha. Afinal, eles resistem ao tempo e sobrevivem mesmo com a chegada (ou não) do Fome Zero. Se aplicado ao futebol, o Fome Zero poderia, quem sabe, atender às urgentes necessidades desta desnutrida figura cujo estômago ronca incessantemente.
Se não fossem os fominhas, o Brasil já teria ganho 12 vezes a Copa do Mundo. Porque é incrível como, em algumas jogadas, certos jogadores têm a capacidade de não enxergar um companheiro colocado em melhores condições de fazer o gol. Acontece em todos os jogos, o tempo todo, a ponto de os narradores e os comentaristas (aqueles que não são tão atentos, perspicazes e modestos quanto eu) nem darem mais bola. Resta saber se o fominha sofre de falta de visão periférica ou se é mais uma questão de egoísmo, vaidade, inveja, enfim, alguma viadagem.
Jornalistas esportivos... Aliás, até quando eles vão fazer matérias tratando de assuntos inúteis ao mesmo tempo em que desprezam fatos mais essenciais, como quem vai jogar, quando, como, onde e por quê?! É absolutamente desagradável abrir o jornal para ler fatos relevantes sobre seu time e descobrir que eles preferiram elaborar uma matéria "especial" sobre o desempenho da equipe em 1962. E por que, em certos jogos narrados pela TV, alguns narradores não informam ao telespectador o que a torcida está gritando?! Porque, se for para não informar nada e só falar bobagem, o narrador pode ser o Bozo.
Voltando ao fominha, o pior é que ele não existe apenas no futebol. O fominha é onipresente. Ou oniausente, no aspecto solidariedade. É aquele mala que fura a fila do banco. Aquele Gérson que rouba tua vaga na garagem. O animal do cambista que parasita o futebol feito um verme. O chacal imprestável que canta sua namorada quando você vai ao banheiro. Ou o cara que faz tudo isso ao mesmo tempo, deixa você plantado na pequena área, sozinho, e ainda perde o gol!
É por tudo isso que faço, neste momento, um apelo ao Excelentíssimo Presidente da "Repúbrica" Luiz Inácio Lula da Selva, ele que adora dar palpites futebolísticos inconvenientes ao Pé-de-uva (Parreira para os íntimos): Fome Zero no futebol já! E sem o José Graziano na coordenação! E nem o Patrus Ananias, do Bolsa-Esmola!


Marco Bianchi, 32, é apresentador do "RockGol" de domingo, na MTV, e criador do humorístico "Filhos do Egídio", veiculado na 89FM de São Paulo e em outras praças

Excepcionalmente hoje não é publicada a coluna de Soninha


Recado da Dona Benta
O Palmeiras sem Pedrinho é que nem os Beatles sem John Lennon, a Al Qaeda sem Bin Laden ou o "RockGol" de domingo sem os deliciosos amendoins João Ponês.

Paraolímpicos
Eis aí pessoas que conhecem o verdadeiro sentido do esporte, da superação e da competição saudável. Bem diferente dos microcéfalos que confundem esporte com violência e formação de quadrilha.

Maravilha!!!
Para preservar os craques, a Fifa vai recomendar aos clubes fortalecimento muscular dos atletas. Genial! Após a estafante decisão, os dirigentes fazem por merecer férias prolongadas, pois devem estar exaustos.

E-mail
marcobianchi@uol.com.br


Texto Anterior: Ação - Carlos Sarli: Tá dominado
Próximo Texto: Paraolimpíada: Término dos Jogos abre processo eleitoral
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.