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PINGUE-PONGUE
Piada pode ser origem de tudo, diz especialista
DA REPORTAGEM LOCAL
Especialista em islamismo e
analista de uma empresa de
consultoria de risco político
nos EUA, Geoff Porter, 34, tem
como obrigação diária ler jornais árabes. No dia 25 de agosto, deparou-se com a fatwa publicada no "Al-Watan". "Achei
que seria um tema interessante
para se debater, para "brincar'",
disse à Folha, por telefone.
Publicou um artigo no "New
York Times" intitulado "Deus
está nas regras", mas se diz desapontado com a resposta no
país. "Achei que haveria uma
grande repercussão. Acho que
as pessoas não sabem como
reagir a isso."
(TC)
Folha - Como foi seu primeiro
contato com essa fatwa?
Geoff Porter - Ela tem sido
muito discutida pela mídia árabe, especialmente na Arábia
Saudita. Criou-se um enorme
debate sobre o que fazer e como responder a quem a emitiu.
Folha - Pela sua experiência,
você diria que ela é verdadeira?
Porter - Cheguei a duas teorias sobre isso. Na primeira vez
que li, achei que era realmente
uma piada, mas comecei a pesquisar e encontrei muitas respostas dos sauditas sobre o assunto. É impossível verificar se
o autor estava mesmo falando
sério ou se era uma piada. Mas
a história cresceu de tal forma
que já não importa mais se é
uma brincadeira ou não porque esta fatwa foi responsável
por fazer com que três jogadores deixassem o time e se juntassem a terroristas.
A segunda hipótese é que tenha começado mesmo como
uma piada, os sauditas sabiam
disso, mas não podiam admitir
que alguém estivesse brincando com fatwas, o que indicaria
que pessoas na Arábia Saudita
não estão levando a religião a
sério. Por isso tiveram de responder com seriedade.
Folha - Acredita que a publicação em um grande jornal saudita seja irresponsabilidade?
Porter - Acho que foi um movimento estratégico. É um
exemplo fácil de ser assimilado
pela população do motivo pelo
qual o Estado precisa ter controle sobre as fatwas. Neste caso, é uma coisa tão louca que
faz de fato com que as pessoas
queiram que haja um controle.
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