São Paulo, domingo, 30 de outubro de 2005

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PINGUE-PONGUE

Piada pode ser origem de tudo, diz especialista

DA REPORTAGEM LOCAL

Especialista em islamismo e analista de uma empresa de consultoria de risco político nos EUA, Geoff Porter, 34, tem como obrigação diária ler jornais árabes. No dia 25 de agosto, deparou-se com a fatwa publicada no "Al-Watan". "Achei que seria um tema interessante para se debater, para "brincar'", disse à Folha, por telefone.
Publicou um artigo no "New York Times" intitulado "Deus está nas regras", mas se diz desapontado com a resposta no país. "Achei que haveria uma grande repercussão. Acho que as pessoas não sabem como reagir a isso." (TC)

Folha - Como foi seu primeiro contato com essa fatwa?
Geoff Porter -
Ela tem sido muito discutida pela mídia árabe, especialmente na Arábia Saudita. Criou-se um enorme debate sobre o que fazer e como responder a quem a emitiu.

Folha - Pela sua experiência, você diria que ela é verdadeira?
Porter -
Cheguei a duas teorias sobre isso. Na primeira vez que li, achei que era realmente uma piada, mas comecei a pesquisar e encontrei muitas respostas dos sauditas sobre o assunto. É impossível verificar se o autor estava mesmo falando sério ou se era uma piada. Mas a história cresceu de tal forma que já não importa mais se é uma brincadeira ou não porque esta fatwa foi responsável por fazer com que três jogadores deixassem o time e se juntassem a terroristas.
A segunda hipótese é que tenha começado mesmo como uma piada, os sauditas sabiam disso, mas não podiam admitir que alguém estivesse brincando com fatwas, o que indicaria que pessoas na Arábia Saudita não estão levando a religião a sério. Por isso tiveram de responder com seriedade.

Folha - Acredita que a publicação em um grande jornal saudita seja irresponsabilidade?
Porter -
Acho que foi um movimento estratégico. É um exemplo fácil de ser assimilado pela população do motivo pelo qual o Estado precisa ter controle sobre as fatwas. Neste caso, é uma coisa tão louca que faz de fato com que as pessoas queiram que haja um controle.

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