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POBRE MENINA RICA
Saias de tenista são vistas como indecentes
Indiana faz história e sofre com decreto
DA REPORTAGEM LOCAL
Em menos de um ano, Sania
Mirza saiu do anonimato e ganhou o coração dos indianos,
apaixonados por críquete.
O amor de seus conterrâneos,
no entanto, também trouxe a
indignação de grupos radicais
islâmicos, inconformados com
o fato de a tenista usar saias e
blusas curtas nas competições.
Revelação no circuito profissional, a adolescente de 18 anos
que pulou do número 326 do
ranking feminino no ano passado para o atual 34º posto acabou virando alvo de uma fatwa.
O decreto religioso condena
suas roupas, que classifica como "indecentes", e afirma ainda que "seu uniforme não só
deixa de cobrir partes importantes de seu corpo como não
deixa nada para a imaginação".
Em outras palavras, pede que
ela se cubra para poder jogar.
Em setembro, durante o Torneio de Calcutá, temendo a reação da torcida e após a ameaça
de um grupo que queria impedi-la de jogar, os organizadores
do evento resolveram colocar
guarda-costas 24 horas por dia
no encalço da jovem indiana.
"Tudo o que eu digo, toda
saia que uso é discutida e analisada. Tenho que tentar usar tudo isso a meu favor", disse Sania durante o Aberto dos EUA.
"Qualquer lugar que eu vá, as
pessoas olham para mim. Por
isso ultimamente tenho preferido ficar em casa. É um pouco
perturbador pensar que a minha roupa esteja causando tanta controvérsia", completou.
Sania se recusa a comentar
especificamente a fatwa, mas
faz questão de se desculpar
com qualquer um que tenha
ofendido "por qualquer coisa
que tenha feito em quadra como uma menina de 18 anos".
"Todos cometem erros, mas
isso não significa que eu não seja uma muçulmana. Talvez eu
esteja errada, mas não estou
tentando justificar nada."
Vinda de uma família muçulmana de classe média alta de
Hyderabad, filha de Imran, um
empreiteiro, e Nassema, que
trabalha na indústria gráfica,
Sania não gosta muito de tocar
no assunto religião. Diz apenas
que é religiosa, que reza cinco
vezes por dia em direção a Meca, lê o Alcorão e faz o que qualquer outro muçulmano faz.
Sua marca registrada é um
piercing de argola no nariz e as
camisetas com frases provocativas que usa nos torneios. Em
Wimbledon, exibia uma com
os dizeres: "Mulheres bem
comportadas raramente fazem
história". No Aberto dos EUA,
foi a vez de "Você pode ou concordar comigo ou... estar errado". Outra de suas favoritas
diz: "Sou velha o suficiente para saber das coisas, mas jovem
demais para me importar".
A tenista indiana afirma que
as roupas não são uma afronta
a ninguém. "São somente camisetas. Acho que as pessoas
deveriam levar bem menos a
sério as coisas que eu uso."
Inteligente e bem articulada,
Sania tenta se esquivar de perguntas polêmicas e diz que
quer se concentrar só em seu
jogo. Para melhorar seus pontos fracos (saque e voleio), terá
ajuda de peso no fim do ano.
Durante três semanas, ela será treinada para o Aberto da
Austrália por Tony Roche, técnico do suíço Roger Federer,
primeiro do ranking mundial.
Sania começou a jogar aos
cinco anos e nunca imaginou
que fosse se tornar a primeira
tenista indiana entre as top 50 e
a primeira a ganhar um título
da WTA -justamente em sua
cidade natal. Nem pensou que
seria a primeira representante
da Índia a ir à quarta rodada de
um Grand Slam. Agora pensa
grande. "Rezo e sonho com
uma Ferrari. Vermelha." (TC)
Com agências internacionais
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