São Paulo, sábado, 30 de novembro de 2002

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MOTOR

Comercial

JOSÉ HENRIQUE MARIANTE
EDITOR-ADJUNTO DE ESPORTE

E, no bananal, os organizadores do GP Brasil se preparam para lançar uma campanha publicitária para "esclarecer" a nova F-1. Como é que é?
Sim, os sujeitos acham que os aficionados, a meia dúzia que ainda acompanha esse troço, não têm neurônio para entender que é grande a chance de Schumacher largar em 17º e fazer uma corrida artificialmente espetacular, cheia de ultrapassagens e que, no final, vai ganhar. Como sempre ocorre.
É preciso ser muito inteligente também para entender que com oito pilotos pontuando, em vez de seis, a bagunça matemática aumenta apenas para que o alemão ganhe em setembro, e não em agosto, seu sexto título mundial -bem, pelo menos a F-1 premia o melhor, imagine se Mosley e Ecclestone adotassem os mata-matas do Brasileiro.
Como somos burros e não lemos jornais, colocarão alguém na TV para explicar tudo. Bacana, né?
Tenho algumas sugestões para o redator que escreverá os comerciais. Ele pode começar contando que Mosley e Ecclestone, dois cartolas que se equilibram para manter o poder em uma F-1 que não é mais deles, elaboraram um teatro do absurdo para forçar as montadoras, as novas donas do pedaço, a desistir de montar uma liga paralela a partir de 2008.
2008? Pronto, aí está o gancho para explicar que quem manda na F-1 são os times (?) e que Ecclestone fica com mais da metade dos lucros (??) e que ele não é mais dono da holding que controla a categoria (???). E que, por culpa da falência de um grupo alemão, três bancos igualmente alemães se tornaram os maiores acionistas da tal holding (????) e querem mais que todos os envolvidos, times, montadoras, Ecclestone e nós, os burros, entrem em acordo e façam esse troço dar dinheiro como sempre deu.
Moleza, não? Bem, tem que achar um jeito de explicar por que diabos existem tantos alemães nessa história. Schumacher? Claro. É possível começar com o pequeno Michael na pequena Kerpen no pequeno kartódromo da família, Karl, Heinz-Harald e toda a turma que corria com ele naquela época. Mas teria que explicar que ele se casou com a namorada do terceiro e que o segundo era, dizem, o melhor dos três, mas bateu e não é mais o mesmo e... Pronto, fugiu o assunto.
Talvez seja o caso de adotar uma linha realista e colocar quem de fato faz o espetáculo na tela. Schumacher, os outros 21 (19, 17?) pilotos, técnicos, engenheiros, assessores de imprensa, motoristas de caminhão, cozinheiros, relações-públicas, aspones e quem mais couber na pista (não, ninguém vai cobrar, afinal, ganham bem para isso). E o alemão, à frente, como sempre, fala:
- Olá, meu nome é Michael Schumacher, sou piloto da Scuderia Ferrari e já tenho cinco títulos mundiais na F-1. Por força das circunstâncias, acham que o problema sou eu e que não posso mais ganhar nenhuma corrida. Para tanto, o pessoal resolveu mudar um pouco as regras. Eu acho que não vai mudar muita coisa, mas, enfim, não custa tentar. Tudo começa no treino de sexta, quando cada piloto...
Então, não é bom? No final, ele pode fazer uma gracinha: "Vamos ver se alguém me pega". Ou partir para o apelo: "Pelo amor de Deus, acorde cedo no domingo".
Fraco? Bem, ele poderia explicar as novas regras para o Barrichello. Ou vai pegar mal?

Pré-temporada
Os primeiros esboços de 2003 deixaram o papel nesta semana, e o lance mais emocionante coube a Pizzonia, que capotou um Jaguar de US$ 70 mil em evento promocional após fraco dia de testes. Sim, o próximo ano promete tanto quanto este, ou seja, pouco.

Mais um
O primeiro cartola dançou também nesta semana e na Jaguar. Após fazer uma limpa na equipe, inclusive de pilotos, Niki Lauda foi olimpicamente dispensado pela Ford. Fez quase nada, deveria ser relações-públicas, nunca dirigente. Há pouca gente com estômago para o trabalho.

Mais mudança
FIA e times estudam a volta do slick, uma derrota pessoal para Mosley, que inventou as ranhuras e achou que havia descoberto a pólvora. Nunca passou de um traque.

E-mail mariante@uol.com.br


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