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O mundo (im)perfeito do Morumbi
Na iminência de se tornar hexacampeão brasileiro, clube
usufrui imagem empreendedora no meio do futebol
Com histórico de vencedor
pelos títulos que coleciona e
com trânsito nos bastidores,
São Paulo se projeta com marcas de ordem e eficiência
DA REPORTAGEM LOCAL
A fama vem com os títulos. O
poder, com a força para emplacar cartolas na política e negociar a seu favor no milionário
universo que será a Copa do
Mundo de 2014, no Brasil. O dinheiro, na forma do clube de
futebol que mais fatura no país.
O trinômio que é sinônimo
de ambição veste hoje, com
perfeição, o São Paulo.
Se confirmar dentro de casa o
título brasileiro, o clube irá ampliar sua vantagem como o
mais vitorioso do país.
Ironicamente, tanta "perfeição" é fruto de uma máquina
errática, que talvez tenha, como grande vantagem, a comparação com a concorrência.
Em 2008, pela primeira vez
em quatro anos, o São Paulo deverá ter prejuízo, que deve ficar
na casa dos R$ 12 milhões, segundo prevê a diretoria.
Mas o clube caminha a passos largos para se manter como
o que mais arrecada no país.
Muito por causa de ser um
bom vendedor de jogadores.
Mas também porque consegue
faturar em setores que sozinhos arrecadam para o clube
mais do que outras agremiações de bom porte conseguem
com todos os tipos de receita.
Para o superintendente Marco Aurélio Cunha, a diferença é
estrutural. "O São Paulo sempre foi pioneiro, empreendedor. Está voltado para a mudança", comentou.
No ano passado, segundo balanço oficial do clube, só com
seu projeto de sócio torcedor,
licenciamento da marca e camarotes no Morumbi, o São
Paulo arrecadou R$ 16 milhões,
ou mais do que, segundo levantamento da Casual Auditores,
todo o faturamento de Vitória e
Coritiba em 2007.
O São Paulo, no entanto, entra na vala comum quando a
questão é o aumento de gastos.
Novamente levando em conta seu balanço oficial, o clube
gastou R$ 23 milhões com despesas de "pessoal" no seu departamento de futebol em
2006. Esse valor aumentou
64% no ano passado, batendo
nos R$ 37,7 milhões.
O São Paulo não está livre de
dívidas, tanto que também contava com a Timemania para
quitar seus débitos com órgãos
do governo federal.
Governo e política, aliás, são
os tipos de ambiente em que o
São Paulo tem bom trânsito.
Seu diretor de futebol, João
Paulo de Jesus Lopes, é também secretário-adjunto de Estado dos Transportes Metropolitanos na gestão José Serra.
Mais forte ainda é a presença
no clube na política paulistana.
Nas eleições municipais de
outubro, dois candidatos de
forte ligação com o São Paulo
foram eleitos, isso em um pleito em que ex-jogadores dos rivais Corinthians e Palmeiras,
como Dinei, Wladimir e Ademir da Guia, fracassaram.
Um foi o superintendente
Marco Aurélio Cunha. O outro
foi Aurélio Miguel, o candidato
da oposição à presidência do
São Paulo. Ambos fazem parte
da bancada que vai apoiar o
prefeito Gilberto Kassab na sua
próxima gestão.
O trânsito nas esferas municipal e estadual foi decisivo para o São Paulo reverter a opinião de Ricardo Teixeira, o presidente da CBF, sobre o estádio
paulistano para a Copa de 2014.
O cartola era contra o Morumbi. Mas o clube montou
uma ampla aliança para apoiar
a sua arena, que acabou indicada para a competição, o que vai
facilitar a obtenção de recursos
para a sua modernização.
Tudo isso fez o São Paulo
também mudar sua posição de
relativa independência com a
CBF. O clube chegou a se abster
na reeleição de Ricardo Teixeira em 2004. Na votação do ano
passado, aderiu ao cartola.
O clube do Morumbi também foi o que melhor se articulou para buscar recursos no
programa de incentivo fiscal do
governo federal.
O São Paulo conseguiu aprovar projetos que irão totalizar
quase R$ 14 milhões.
(PAULO COBOS E TONI ASSIS)
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