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análise
Cartola toca clube como antigamente
RICARDO PERRONE
DO PAINEL FC
Badalado como modelo de
modernidade, o projeto são-paulino é tocado por um dirigente fiel à moda antiga.
Para levar o time ao inédito tri nacional seguido, Juvenal Juvêncio rasgou o manual do cartola moderno.
Centraliza decisões referentes ao futebol e se sente à
vontade até para dar palpites
na escalação do time.
Sob a justificativa de que o
presidente da empresa deve
se manifestar quando não está satisfeito, ele despeja suas
opiniões em Muricy.
Por muito menos, Tite, no
milionário time corintiano
da MSI, botou o então aprendiz de dirigente Kia Joorabchian para correr do vestiário. E cavou sua sepultura.
No Morumbi, porém, Juvenal conseguiu manter o
treinador, apesar da fase
cambaleante na temporada,
justamente por tomar decisões sozinho. Não ouviu os
que queriam sua demissão.
Com pouca gente perto do
centro das decisões, Juvenal
consegue apagar mais rapidamente os incêndios.
Ao contrário de seus colegas em outros clubes, que
despacham diante de uma legião de conselheiros, Juvenal age sem alarde. Se algo dá
errado, é possível consertar
sem estragos maiores.
No Morumbi, algumas das
queixas da oposição são
iguais às ouvidas em outros
clubes, como a suspeita de
comissões generosas a um ou
outro empresário. Mas o barulho é menor, em parte por
causa do comportamento
mais discreto dos opositores.
É comum ouvir rivais políticos de Juvenal dizerem que
vão lavar a roupa suja em casa, algo impensável em outros clubes. Mesmo assim, o
presidente já encarou queixas públicas por ter uma filha trabalhando num patrocinador. Nem se abalou.
Estivesse ele no papel de
opositor, o presidente estaria em apuros. Quando esteve longe do poder, o cartola
ligava para redações de jornais usando codinomes para
não ser identificado. Passava
documentos que comprometiam quem estava com o poder naqueles momentos.
Hoje, mantém relações diplomáticas com seus rivais
políticos. Até convida os adversários para viagens com o
time, principalmente em jogos da Libertadores.
Para manter o São Paulo
na crista da onda, porém, Juvenal estendeu sua atuação
para além dos portões do
Morumbi. Ele se aproximou
de políticos e empresários
influentes. Gaba-se de conseguir com mais facilidade
do que os rivais aprovar projetos no governo e obter verbas na iniciativa privada.
Para isso, porém, usa também certas táticas antigas.
Uma delas é distribuir camisas e chaveirinhos do clube
"mais moderno do país".
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