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São Paulo, segunda-feira, 31 de março de 2003

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BASQUETE

Reforçado pelo veterano Fábio Pira, 40, São Carlos joga, neste ano, classificatório para a Série A-2 do Paulista

Nenê solta verba para sua cidade ter time

LUÍS CURRO
EDITOR-ASSISTENTE DE ESPORTE

No dia 25 de outubro do ano passado, o ala-pivô Nenê, único brasileiro a atuar nesta temporada da NBA, foi questionado pela Folha se pretendia de alguma forma ajudar seu primeiro treinador, Nivaldo Meneghelli, a desenvolver algum projeto relacionado ao basquete em São Carlos, interior paulista, cidade natal do jogador.
"Sim, mas não posso falar agora", foi a resposta do atleta de 20 anos do Denver Nuggets, vice-lanterna da liga norte-americana.
Hoje, pouco mais de cinco meses depois da declaração, o "sim" já está valendo. Com apoio financeiro de Nenê, Meneghelli está montando uma equipe que irá tentar fazer São Carlos voltar, após 14 anos, a conseguir algum destaque no cenário estadual.
"A última vez que disputamos a A-1 [primeira divisão] foi em 1989. Depois disso, o time acabou", relata Meneghelli, 38.
Em meados dos anos 90, segundo ele, houve algumas tentativas de reerguer o basquete na cidade. Todas elas frustradas. Agora, porém, Meneghelli, treinador que orientou Nenê de 1992 a 1999, acredita que será diferente.
No próximo sábado, a equipe de São Carlos inicia sua participação na Liga de Bauru. Campeão e vice ganham lugar na Série A-2, competição no segundo semestre que oferece duas vagas para a elite do Paulista no ano que vem.
Com a verba liberada por seu ex-pupilo, Meneghelli diz ter sido capaz de contratar três reforços. O único com algum renome é o pivô Fábio Pira, 40, campeão nacional pelo Rio Claro, em 1992, e pelo Franca, em 1993 e 1998.
"Não posso divulgar o valor, mas o dinheiro [cedido por Nenê] não é muito. Dá pra trazer uns três ou quatro jogadores, cobrir o salário deles", conta Meneghelli.
Com a sobra, afirma o treinador, é possível pagar o aluguel da casa onde os reforços ficarão, parte dos gastos com alimentação e taxas de arbitragem da FPB (Federação Paulista de Basquete).
Meneghelli diz que tocará o projeto com menos de R$ 10 mil mensais e que o teto salarial será de R$ 1.500 (na NBA, Nenê recebe mensalmente cerca de US$ 190 mil). Outras despesas, como transporte, comida, fornecimento de bolas e uniformes, serão cobertas com a ajuda da prefeitura e por meio de convênios com empresas do município e com a USP local.
"Com minha imagem relacionada à do Nenê, tudo ficou facilitado", revela o treinador.
Procurados pela Folha nos últimos dias, Nenê e seu empresário, José Santos, não foram localizados para comentar o assunto.
Além dos reforços bancados por Nenê, o time será composto por alguns estudantes da USP, onde Meneghelli dá aulas, e atletas juvenis que representam São Carlos em torneios regionais.
Para o futuro, Meneghelli se diz otimista, mas que prefere pensar "passo a passo". Em junho, na reta final da Liga e quando Nenê deve reaparecer na cidade, ele espera que o time ainda esteja na disputa. Para mostrar ao "mecenas" que valeu a pena o investimento. E que valerá investir ainda mais.


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