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BASQUETE
Reforçado pelo veterano Fábio Pira, 40, São Carlos joga, neste ano, classificatório para a Série A-2 do Paulista
Nenê solta verba para sua cidade ter time
LUÍS CURRO
EDITOR-ASSISTENTE DE ESPORTE
No dia 25 de outubro do ano
passado, o ala-pivô Nenê, único
brasileiro a atuar nesta temporada da NBA, foi questionado pela
Folha se pretendia de alguma forma ajudar seu primeiro treinador,
Nivaldo Meneghelli, a desenvolver algum projeto relacionado ao
basquete em São Carlos, interior
paulista, cidade natal do jogador.
"Sim, mas não posso falar agora", foi a resposta do atleta de 20
anos do Denver Nuggets, vice-lanterna da liga norte-americana.
Hoje, pouco mais de cinco meses depois da declaração, o "sim"
já está valendo. Com apoio financeiro de Nenê, Meneghelli está
montando uma equipe que irá
tentar fazer São Carlos voltar,
após 14 anos, a conseguir algum
destaque no cenário estadual.
"A última vez que disputamos a
A-1 [primeira divisão] foi em
1989. Depois disso, o time acabou", relata Meneghelli, 38.
Em meados dos anos 90, segundo ele, houve algumas tentativas
de reerguer o basquete na cidade.
Todas elas frustradas. Agora, porém, Meneghelli, treinador que
orientou Nenê de 1992 a 1999,
acredita que será diferente.
No próximo sábado, a equipe de
São Carlos inicia sua participação
na Liga de Bauru. Campeão e vice
ganham lugar na Série A-2, competição no segundo semestre que
oferece duas vagas para a elite do
Paulista no ano que vem.
Com a verba liberada por seu
ex-pupilo, Meneghelli diz ter sido
capaz de contratar três reforços. O
único com algum renome é o pivô
Fábio Pira, 40, campeão nacional
pelo Rio Claro, em 1992, e pelo
Franca, em 1993 e 1998.
"Não posso divulgar o valor,
mas o dinheiro [cedido por Nenê]
não é muito. Dá pra trazer uns
três ou quatro jogadores, cobrir o
salário deles", conta Meneghelli.
Com a sobra, afirma o treinador, é possível pagar o aluguel da
casa onde os reforços ficarão, parte dos gastos com alimentação e
taxas de arbitragem da FPB (Federação Paulista de Basquete).
Meneghelli diz que tocará o projeto com menos de R$ 10 mil
mensais e que o teto salarial será
de R$ 1.500 (na NBA, Nenê recebe
mensalmente cerca de US$ 190
mil). Outras despesas, como
transporte, comida, fornecimento
de bolas e uniformes, serão cobertas com a ajuda da prefeitura e por
meio de convênios com empresas
do município e com a USP local.
"Com minha imagem relacionada à do Nenê, tudo ficou facilitado", revela o treinador.
Procurados pela Folha nos últimos dias, Nenê e seu empresário,
José Santos, não foram localizados para comentar o assunto.
Além dos reforços bancados
por Nenê, o time será composto
por alguns estudantes da USP,
onde Meneghelli dá aulas, e atletas juvenis que representam São
Carlos em torneios regionais.
Para o futuro, Meneghelli se diz
otimista, mas que prefere pensar
"passo a passo". Em junho, na reta final da Liga e quando Nenê deve reaparecer na cidade, ele espera que o time ainda esteja na disputa. Para mostrar ao "mecenas"
que valeu a pena o investimento.
E que valerá investir ainda mais.
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