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novo muro?
NBA já teme efeitos da sua invasão estrangeira
Campeonato, que começa hoje, tem cerca de cem forasteiros nos 30 times
Internacionalização recorde e pré-temporada na Europa levam dirigentes a reclamar da falta de atenção com o público norte-americano
ADALBERTO LEISTER FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL
Se o governo dos EUA planeja um muro na fronteira com o
México para conter imigrantes,
a NBA desenha situação parecida. A edição 2006-2007 da liga
dá a largada hoje, com abertura
recorde a atletas estrangeiros.
E isso já começa a incomodar.
Nesta temporada, pela primeira vez, todos os times contam com ao menos um forasteiro no elenco. Dos cerca de 450
atletas em ação a partir desta
noite, cerca de cem vieram de
39 países de cinco continentes.
"Estou surpreso com o número de atletas do mundo capaz de jogar na NBA", admite
David Stern, principal dirigente da liga e arquiteto de seu projeto de internacionalização.
"Temos de reconhecer que
hoje há muitos países que se
desenvolveram e são competitivos. É bom para o esporte",
acrescenta, lembrando o fracasso dos EUA no Mundial de
2006 e na Olimpíada de 2004.
Atento aos novos mercados,
ele programou uma pré-temporada européia, com times da
NBA enfrentando destacadas
equipes do velho continente.
Houve seis vitórias norte-americanas e duas européias
nesses duelos, disputados em
cinco países: Espanha, França,
Rússia, Alemanha e Itália.
A iniciativa, que retirou até
dos times da NBA a aura de invencíveis, não foi bem vista.
Mark Cuban, proprietário do
Dallas, finalista da última temporada, por exemplo, comparou a internacionalização à fábula do sapo e do escorpião, na
qual o anfíbio atravessa um rio
com o outro animal nas costas.
"Quando se vê a salvo, do outro lado da lagoa, o animal diz:
"Obrigado, mas ainda sou um
escorpião" e pica o sapo, matando-o. A Europa fará o mesmo
com a NBA", prevê o dirigente,
cujo time tem como maior astro um alemão, Dirk Nowitzki.
"A NBA deveria concentrar
esforços em cidades daqui que
não contam com times do que
dar ênfase a outros mercados",
critica, referindo-se ao fato de o
basquete perder público interno para outros esportes, como
futebol americano e beisebol.
Alheia às críticas, a direção
da NBA planeja pré-temporada
internacional ainda mais alongada para 2007. "Londres, Colônia, Roma, Málaga, Barcelona, Tel Aviv, Praga... Há uma
longa lista de cidades que mostraram interesse", diz Stern.
Interesse que é resultado, em
grande parte, da invasão estrangeira. As maiores colônias
de jogadores vêem da Europa.
A Sérvia alinha nove jogadores,
seguida por França (sete) e Eslovênia, Lituânia, Espanha e
Argentina (seis). Mas até países
sem tradição no basquete, como Geórgia, Inglaterra, Haiti e
Martinica têm representantes.
Um chinês, Yao Ming (Houston), foi o mais votado na eleição para o último Jogo das Estrelas. Nos últimos dois anos,
um canadense, Steve Nash
(Phoenix), foi eleito o MVP
(melhor jogador) do torneio.
Outro astro da liga, o espanhol
Pau Gasol (Memphis), levou o
mesmo prêmio no Mundial-06.
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