São Paulo, terça-feira, 31 de outubro de 2006

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novo muro?

NBA já teme efeitos da sua invasão estrangeira

Campeonato, que começa hoje, tem cerca de cem forasteiros nos 30 times

Internacionalização recorde e pré-temporada na Europa levam dirigentes a reclamar da falta de atenção com o público norte-americano


ADALBERTO LEISTER FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL

Se o governo dos EUA planeja um muro na fronteira com o México para conter imigrantes, a NBA desenha situação parecida. A edição 2006-2007 da liga dá a largada hoje, com abertura recorde a atletas estrangeiros. E isso já começa a incomodar.
Nesta temporada, pela primeira vez, todos os times contam com ao menos um forasteiro no elenco. Dos cerca de 450 atletas em ação a partir desta noite, cerca de cem vieram de 39 países de cinco continentes.
"Estou surpreso com o número de atletas do mundo capaz de jogar na NBA", admite David Stern, principal dirigente da liga e arquiteto de seu projeto de internacionalização.
"Temos de reconhecer que hoje há muitos países que se desenvolveram e são competitivos. É bom para o esporte", acrescenta, lembrando o fracasso dos EUA no Mundial de 2006 e na Olimpíada de 2004.
Atento aos novos mercados, ele programou uma pré-temporada européia, com times da NBA enfrentando destacadas equipes do velho continente.
Houve seis vitórias norte-americanas e duas européias nesses duelos, disputados em cinco países: Espanha, França, Rússia, Alemanha e Itália.
A iniciativa, que retirou até dos times da NBA a aura de invencíveis, não foi bem vista.
Mark Cuban, proprietário do Dallas, finalista da última temporada, por exemplo, comparou a internacionalização à fábula do sapo e do escorpião, na qual o anfíbio atravessa um rio com o outro animal nas costas.
"Quando se vê a salvo, do outro lado da lagoa, o animal diz: "Obrigado, mas ainda sou um escorpião" e pica o sapo, matando-o. A Europa fará o mesmo com a NBA", prevê o dirigente, cujo time tem como maior astro um alemão, Dirk Nowitzki.
"A NBA deveria concentrar esforços em cidades daqui que não contam com times do que dar ênfase a outros mercados", critica, referindo-se ao fato de o basquete perder público interno para outros esportes, como futebol americano e beisebol.
Alheia às críticas, a direção da NBA planeja pré-temporada internacional ainda mais alongada para 2007. "Londres, Colônia, Roma, Málaga, Barcelona, Tel Aviv, Praga... Há uma longa lista de cidades que mostraram interesse", diz Stern.
Interesse que é resultado, em grande parte, da invasão estrangeira. As maiores colônias de jogadores vêem da Europa. A Sérvia alinha nove jogadores, seguida por França (sete) e Eslovênia, Lituânia, Espanha e Argentina (seis). Mas até países sem tradição no basquete, como Geórgia, Inglaterra, Haiti e Martinica têm representantes.
Um chinês, Yao Ming (Houston), foi o mais votado na eleição para o último Jogo das Estrelas. Nos últimos dois anos, um canadense, Steve Nash (Phoenix), foi eleito o MVP (melhor jogador) do torneio. Outro astro da liga, o espanhol Pau Gasol (Memphis), levou o mesmo prêmio no Mundial-06.


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