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Copa 2014
Nacionalismo marca volta da Copa ao país após 57 anos
Confirmação do Brasil como sede do Mundial de 2014 leva CBF e políticos a exaltar
patriotismo e Fifa a condenar questionamentos
MARCELO NINIO
ENVIADO ESPECIAL A ZURIQUE
Cinqüenta e sete anos depois
da única Copa do Mundo sediada no Brasil, a Fifa confirmou
ontem que o país voltará a organizar o evento, em 2014.
O anúncio não causou surpresa, pois a candidatura brasileira era a única. O que marcou
foi a exaltação nacionalista de
políticos, cartolas e membros
do estafe da CBF durante a cerimônia na Fifa, em Zurique.
Essa postura descambou para reação irritada do presidente
da CBF, Ricardo Teixeira,
quando uma jornalista estrangeira questionou problemas de
segurança no país. O presidente da Fifa, Joseph Blatter, repreendeu a repórter. Já o técnico Dunga cobrava "patriotismo" da imprensa nacional.
O tom nacionalista da delegação brasileira perdurou desde o discurso de abertura de
Teixeira até o agradecimento
final do presidente Lula. Sobraram promessas de que a Copa
será boa para o país e de que o
mundo se surpreenderá positivamente com a competição.
O ministro do Esporte, Orlando Silva Jr., em seu discurso,
resumiu ao dizer que o Brasil é
"uma pátria de chuteiras", citando Nelson Rodrigues.
Marcada pela Fifa para as
12h30 (9h30 de Brasília), a
apresentação brasileira começou 26 minutos após o previsto,
por atraso do presidente Lula.
No auditório lotado, em que
se destacava a grande comitiva
brasileira, com 12 governadores, três ministros -além de
Silva Jr., Marta Suplicy, do Turismo, e Celso Amorim, das Relações Exteriores- e ao menos
duas dezenas de acompanhantes, predominou o clima de celebração, pois o suspense foi esvaziado pela falta de concorrência à candidatura brasileira.
Teixeira, de terno com emblema da Fifa, da qual é um dos
23 membros do Comitê Executivo, concentrou seu discurso
no "impacto positivo" que a Copa terá para o Brasil.
"Segundo estudos da Fifa, a
última Copa, na Alemanha, deixou como legado a criação de
40 mil empregos permanentes", disse. "O modelo proposto
para a Copa no Brasil prevê a
prioridade para os investimentos privados na construção e na
reforma dos estádios, deixando
os recursos públicos para a modernização da infra-estrutura."
Os discursos foram entremeados de dois vídeos, dominados por depoimentos de artistas da TV Globo e de imagens
da emissora, com cenas de paisagens naturais, jogadas e uma
narração em inglês que repetia
as promessas de que a Copa será um grande investimento para o Brasil. Ao fundo, samba.
Depois de um intervalo de
duas horas, chegou o momento
mais esperado. Com o envelope
ainda fechado, Joseph Blatter,
presidente da Fifa, disse que a
escolha do Comitê Executivo
havia sido unânime. Em seguida veio o anúncio, confirmando
a sede da Copa de 2014 para "o
melhor futebol do mundo".
Convocado a discursar, o
presidente Lula abraçou Teixeira, Romário, Dunga e os ministros presentes, enquanto a
cobiçada Copa do Mundo era
passada de mão em mão.
"Essa escolha é motivo de
muita alegria e de muita festa,
mas sobretudo motivo para regressarmos ao Brasil sabendo
que organizar uma Copa é uma
grande responsabilidade", disse o presidente. "Mas se o Brasil já foi capaz de realizar uma
Copa em 1950, quando eu tinha
apenas quatro anos e seis meses de idade, imagino o que o
Brasil não poderá fazer quando
eu tiver 69."
Pouco antes de definir o Brasil para 2014, a Fifa escolheu a
Alemanha para sediar a Copa
do Mundo Feminina, em 2011.
Bateu o Canadá. Ao vencer a
concorrência, os alemães festejaram, polidamente.
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