São Paulo, quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Projeto inclui estádios ociosos após o Mundial

Das 18 arenas propostas, a maioria com fundo público, 10 ficam em locais onde não há times na Série A do Brasileiro

Até agora, empresas do exterior mostram interesse em investir no Mineirão e no Maracanã, que devem ser cedidos em duas licitações

DA REPORTAGEM LOCAL

Pelo tamanho e pela localização dos estádios, há o sério risco de o projeto da Copa-2014 no Brasil gerar elefantes brancos modernos, após o evento.
Há a proposta de quatro novas arenas e a reforma e renovação completa de outras 14. A CBF estima gasto de 1,1 bilhão (R$ 2,7 bilhões) de recursos privados. Mas pelo menos 11 projetos envolvem dinheiro público, revelou a Folha.
Em média, os 18 estádios teriam 53.147 lugares. Esse número deve subir quando forem cortadas cidades menores, com arenas mais reduzidas. Na Copa da Alemanha, os estádios eram quase do mesmo tamanho: 52.900 lugares, em média
Só que o Campeonato Alemão teve média de público de 37.644, na edição 2006/2007. O Brasileiro, chegou a 16.349 pagantes na atual edição, após crescimento de mais de 20%.
Além disso, das 18 cidades brasileiras, 10 não têm sequer jogos da Série A do Nacional. São os casos de Fortaleza, Salvador, Maceió, Natal, Campo Grande, Cuiabá, Manaus, Rio Branco, Belém e Brasília.
Os sete estádios que serão reformados nessas cidades são dos governos dos Estados. As outras três arenas seriam concebidas por meio de Parcerias Público-Privadas (PPPs).
"A princípio, o governo fará uma concessão [estádio]. Caso não tenha investidor, o governo assume", disse o secretário de Esporte de Mato Grosso, José Joaquim. A estimativa é que o Verdão custe R$ 350 milhões.
Essa fórmula é adotada em vários estádios em que há menor atração do futebol. Para tornar viáveis as arenas, os políticos acenam com a transformação em arenas para shows.
"Pode-se receber equipes para pré-temporada", contou o secretário de Esporte de Campo Grande, João Rocha, sobre o Morenão, com custo estimado em R$ 150 milhões.
Times dos dois Estados do Centro-Oeste não estão sequer na Série B do Brasileiro. Já no Pará, a única equipe na Segundona, o Remo, está para cair. O Mangueirão, de Belém, será reformado e gerido pelo Estado, que gastará R$ 52,8 milhões.
Em Manaus, o Vivaldão, com 40.550 lugares, também receberia só times da Série C. Os novos Zagallo Arena e Estrelão, em Maceió e Natal, teriam um time cada na Série B.
Não apareceram investidores internacionais para esses estádio até agora. Já houve interesse de empresas, como Luso Arenas e IMG, para Maracanã e Mineirão. Nestes casos, os governos dos Estados farão licitações para concessões.
"As regras não prevêem cessão para clubes, mas para empresas", contou o secretário de Esporte de Minas Gerais, Gustavo Corrêa. (RODRIGO MATTOS)


Texto Anterior: Cidades têm planos sem orçamento para a Copa
Próximo Texto: Para Blatter, Maracanã só serve renovado
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.