São Paulo, segunda-feira, 01 de fevereiro de 2010

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COMPORTAMENTO

Uma semana entre os "geeks"

O Folhateen acampou na Campus Party e conta como é o maior encontro de tecnologia do país (Tarso Araújo)

Adriano Vizoni/Folha Imagem
Maciel e seu PC modificado

A INFRAESTRUTURA

CHEGANDO À TERRA PROMETIDA
Às 12h do dia 25/1, abertura da Campus Party, já havia uma fila enorme para entrar no Centro de Exposições Imigrantes, onde rola o evento. Eram centenas de pessoas com quilos de CPUs, notebooks, monitores e outros gadgets encaixotados. A reportagem do Folhateen chegou às 15h e pegou uma hora e meia de fila para o credenciamento completo. Quem chegou ao meio-dia gastou três horas no mesmo processo.

A "ARENA"
A primeira impressão ao chegar na arena gigante onde os campuseiros passam a maior parte da semana é de empolgação. São pontos de conexão para 6.000 campuseiros, em bancadas, sofás e pufes espalhados pelo galpão. Uma verdadeira gigaLAN house. E o melhor: a conexão tem dez gigabytes de velocidade. Dependendo do tráfego, dá para baixar um filme inteiro em menos de cinco minutos!

RG DE COMPUTADOR
Na Campus Party, computador também é gente e tem credencial própria. O RG do proprietário, que leva a sua no pescoço, repete-se mas duas. Cada vez que alguém sai da arena, é preciso mostrar as credenciais aos seguranças, para conferência. Se o RG não coincidir, não passa. Às vezes, tem fila para sair da arena. É o preço da segurança.

BARRACAS ARMADAS
Com credencial no pescoço, era hora de acampar. Cada "campuseiro" paga R$ 15 (além dos R$ 140 de inscrição) para ter direito a uma das milhares de barracas montadas em um galpão. Era uma verdadeira gincana encontrar uma tenda vazia para chamar de sua, no meio de tantas. A trilha sonora oficial do camping era o assovio das bombas de encher colchão inflável... Outra tendência eram os pés para fora: os mais compridos não cabiam nas barracas.

BARRIGA VAZIA NÃO PARA ON-LINE
Outros R$ 165 vão para o pacote comida, de três refeições por dia. O desjejum vem num saquinho com maçã, dois pães com queijo e presunto, um achocolatado e uma bolachinha. No almoço e no jantar, há dois balcões self-service. Cardápio bom, mas quase igual todo dia. Como não pode repetir, a galera faz verdadeiros "pratos-montanha".

O QUE SE FAZ POR LÁ

SENHA: COMPARTILHAMENTO
O alvo de adoração da tribo dos nerds é a internet de 10 Gb que sai dos cabos de rede espalhados pela arena. Mas também há uma intranet que permite aos campuseiros trocarem arquivos entre si. O Folhateen experimentou: o arquivo do filme "Operação Valquíria", de 740 Mb, "chegou" em um minuto e meio. "Eu trouxe 1,5 terabyte livre só pensando nessa intranet", disse o estudante carioca Victor Hugo França, 19, que deu a dica para o repórter.

CONHECE O TERABYTE?
Ele vale mil gigabytes (o iPod mais poderoso tem 160 giga). E é a unidade da moda entre os "geeks" de verdade. O estudante Bruno Noda, 26, trouxe um computador com 6 terabytes de disco rígido, além de um monitor de "humildes" 32 polegadas. "Tem uns 4 terabytes de arquivos de filmes, séries, jogos e programas, para compartilhar com o pessoal", diz Noda, fã de games.

VIDEOGAME À MODA ESTÁDIO
Muita gente vem para a Campus Party só para jogar. Rolam vários campeonatos. Além de simuladores incríveis de aviões e de carros, várias TVs de plasma para jogar "Guitar Hero" e um telão de 3 por 4 metros, com torcida ao redor e tudo. Na noite em que jogaram "Street Fighter", mal se dormia no camping, com a gritaria do povo a cada nocaute no game.

FALANDO SÉRIO
Duas horas da manhã e alguém anuncia no microfone: "Atenção, em 30 segundos [!] vamos começar uma oficina sobre software livre". E não é que uma dúzia de pessoas se aglomerou para participar? Pois é, nem só de entretenimento é feita a Campus Party. Afinal, os nerds também são famosos pelas notas da escola, certo? A galera participa de oficinas, workshops e palestras para aprender e trocar experiências. E tem "professores" como o marqueteiro da camapanha on-line de Barack Obama, que veio neste ano.

MAIS QUE UM COMPUTADOR
Uma das coisas mais "orgulho nerd" que há na Campus Party é a turma do "modding", que transforma suas CPUs em qualquer coisa. Neste ano, uma das máquinas chamativas era um Kratos, personagem de "God of War", de Maciel Bandeira, 34, que já ganhou dois concursos da modalidade

POTÊNCIA É TUDO
Outra tribo marcante é a do "overclocking", que monta máquinas para trabalharem além da capacidade de fábrica. Raphael Turci, monta computadores "tunados" na sua empresa e vinha com o seu, de mais de 30 kg. A namorada dele, Bárbara Zatti, 22, fã de "Counter Strike", encrencou. "Eu falei pra ela vir também, que fazia uma máquina pra ela." Bárbara topou, mas exigiu que sua máquina fosse cor-de-rosa.

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