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COMPORTAMENTO
E vai rolar a "party"?
Para a conexão pessoal, a banda larga não
adianta nada, e a festa tem fama de pouco
romance
VIRAL
De repente, uma pessoa grita:"Ou!". Outro repete: "Ou!".
O movimento se espalha. Em
segundos, a arena se torna uma
gritaria só: "Ou! Ou! Ou!".
Às vezes não emplaca, é verdade.
E, de madrugada, a ola sonora
é mais frequente –para provocar
quem dorme e porque, à noite,
(quase) não rolam palestras e a
arena (sempre) está cheia.
Ninguém sabe ao certo a origem
do fenômeno. Há quem diga que
nasceu para reclamar quando a
banda larga caía. Outros, que se
trata de um grito de guerra cantado
nas competições de "overclock",
quando o computador vai
além da sua capacidade de processamento,
para a máquina
pegar, como um rufar de tambores.
Tem quem diga que é um
grito de acasalamento –embora
não se diga de quem com quem.
Uns odeiam, outros amam. Mas
ninguém vem à Campus Party sem
ouvir essa barulheira, parte dos
rituais nerds.
PEGAÇÃO (OU NÃO) NA FESTA NERD
Na Campus Party tem música (geralmente
no fone de ouvido). Mas ninguém bebe,
nem fuma, nem dança. Paquera, então, só
se for via MSN. A proporção de mulheres
não colabora com o clima de acasalamento:
elas são 25%, segundo a organização.
Olhando ao redor, ou nas fotos desta
reportagem, parece bem menos. Não é por
acaso que a lenda diz que, nessa "festa",
ninguém fica com ninguém.
"Para mim isso é verdade. Mas ainda não
acabou o 'campus'", diz Pedro Cordeiro, 21,
estudante de ciência da computação.
Solteiro, ele dividia sofá e fone de ouvido
com Letícia Rostirola, 19, estudante do
mesmo curso, em outra faculdade. Os dois
viam os "Improváveis" no YouTube.
Na escala nerd, a cena estava no grau
máximo de romantismo, mas dali não sairia
beijo. "Eu tenho namorado", disse ela. "Se
ele fosse ciumento, eu nem estava aqui."
TRIBALISMOS
De manhã, a arena fica vazia, calma. Mas, depois das 22h,
a conexão melhora, e a arena enche. É quando rolam os
momentos com mais cara de festa da Campus Party, as
"flashmobs". Um grupo começa uma performance –como
bater com as cadeiras no chão ou fazer guerra de aviões
de papel– e o clima de euforia toma conta. A gritaria
é generalizada. Nas barracas, ninguém dorme em paz.
E quem se importa, se é festa na tribo?
DO TWITTER PARA A CARAVANA
É raro, mas a Campus Party tem
histórias de amor. Stephan Martins,
22, de Florianópolis e editor do site
Jovem Nerd (jovemnerd.ig.com.br), e
Bárbara Miotto, 24, bióloga de Nova
Prata (RS), vieram para o evento de
ônibus, na mesma caravana.
Eles se conheciam, via Twitter, desde
o ano passado. Na época, ela tinha
namorado. "Quando fechei a caravana,
ele brigou, porque não queria que
eu viesse. E terminamos", diz.
Quando o ônibus que veio de Porto
Alegre chegou em Florianópolis, ela já
tinha guardado lugar para Stephan ao
seu lado. "No começo ficamos nervosos,
mas logo rolou", diz ele.
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