São Paulo, segunda-feira, 01 de fevereiro de 2010

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COMPORTAMENTO

E vai rolar a "party"?

Para a conexão pessoal, a banda larga não adianta nada, e a festa tem fama de pouco romance

VIRAL
De repente, uma pessoa grita:"Ou!". Outro repete: "Ou!". O movimento se espalha. Em segundos, a arena se torna uma gritaria só: "Ou! Ou! Ou!".
Às vezes não emplaca, é verdade. E, de madrugada, a ola sonora é mais frequente –para provocar quem dorme e porque, à noite, (quase) não rolam palestras e a arena (sempre) está cheia.
Ninguém sabe ao certo a origem do fenômeno. Há quem diga que nasceu para reclamar quando a banda larga caía. Outros, que se trata de um grito de guerra cantado nas competições de "overclock", quando o computador vai além da sua capacidade de processamento, para a máquina pegar, como um rufar de tambores. Tem quem diga que é um grito de acasalamento –embora não se diga de quem com quem.
Uns odeiam, outros amam. Mas ninguém vem à Campus Party sem ouvir essa barulheira, parte dos rituais nerds.

PEGAÇÃO (OU NÃO) NA FESTA NERD
Na Campus Party tem música (geralmente no fone de ouvido). Mas ninguém bebe, nem fuma, nem dança. Paquera, então, só se for via MSN. A proporção de mulheres não colabora com o clima de acasalamento: elas são 25%, segundo a organização. Olhando ao redor, ou nas fotos desta reportagem, parece bem menos. Não é por acaso que a lenda diz que, nessa "festa", ninguém fica com ninguém.
"Para mim isso é verdade. Mas ainda não acabou o 'campus'", diz Pedro Cordeiro, 21, estudante de ciência da computação. Solteiro, ele dividia sofá e fone de ouvido com Letícia Rostirola, 19, estudante do mesmo curso, em outra faculdade. Os dois viam os "Improváveis" no YouTube.
Na escala nerd, a cena estava no grau máximo de romantismo, mas dali não sairia beijo. "Eu tenho namorado", disse ela. "Se ele fosse ciumento, eu nem estava aqui."

TRIBALISMOS
De manhã, a arena fica vazia, calma. Mas, depois das 22h, a conexão melhora, e a arena enche. É quando rolam os momentos com mais cara de festa da Campus Party, as "flashmobs". Um grupo começa uma performance –como bater com as cadeiras no chão ou fazer guerra de aviões de papel– e o clima de euforia toma conta. A gritaria é generalizada. Nas barracas, ninguém dorme em paz. E quem se importa, se é festa na tribo?

DO TWITTER PARA A CARAVANA
É raro, mas a Campus Party tem histórias de amor. Stephan Martins, 22, de Florianópolis e editor do site Jovem Nerd (jovemnerd.ig.com.br), e Bárbara Miotto, 24, bióloga de Nova Prata (RS), vieram para o evento de ônibus, na mesma caravana.
Eles se conheciam, via Twitter, desde o ano passado. Na época, ela tinha namorado. "Quando fechei a caravana, ele brigou, porque não queria que eu viesse. E terminamos", diz.
Quando o ônibus que veio de Porto Alegre chegou em Florianópolis, ela já tinha guardado lugar para Stephan ao seu lado. "No começo ficamos nervosos, mas logo rolou", diz ele.

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