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FOLHATEEN EXPLICA
Presidente nomeou seis ministros e mudou outros três de área
Lula organiza dança das cadeiras no governo
THAMY POGREBINSCHI
ESPECIAL PARA A FOLHA
Vai para o trono ou não vai....? Nada gerou
tanta polêmica e especulação nas últimas
semanas como essa tal reforma ministerial.
Acabou um ano, entrou o outro, e o assunto
não mudava: quem entra, quem sai, quem
troca de lugar, ou melhor, de cadeira?
O que, afinal, muda com as reformas ministeriais, se nós temos a impressão de que o país
não muda com elas? O que faz com que uma
reforma ministerial seja necessária? Uma reavaliação do desempenho das pessoas ou do
trabalho relacionado a um determinado ministério? Ou será que se trata simplesmente de
mais uma rodada do eterno jogo da política?
Os ministros de Estado são escolhidos diretamente pelo presidente da República para
auxiliá-lo no cumprimento de suas funções
governamentais. A cada ministério corresponde uma pasta, isto é, um determinado assunto do país a respeito do qual o ministro deverá assessorar e auxiliar o presidente. Não há
um número fixo de ministérios: é o presidente
quem os cria e também quem os extingue.
Está nas mãos do presidente, portanto, a decisão não apenas de quem ocupa qual cadeira,
mas também de quais são as cadeiras existentes para serem ocupadas. É aqui que começa a
reforma ministerial, essa importante partida
do jogo da política.
Quando um presidente é eleito, ele assume
o cargo com um determinado time de ministros que ele mesmo escalou. Esse time é composto por representantes do partido político
do presidente e de partidos a ele coligados, isto é, os partidos que a ele se uniram na época
das eleições. Passadas estas, e iniciado o governo, é comum alguns partidos se afastarem,
e outros se aproximarem. Ora, todo mundo
sabe que, no mundo da política, os avanços e
recuos não são ditados apenas por uma questão de afinidade (nem tampouco de ideologia), mas sobretudo por interesses. Para que
os arranjos políticos do governo se efetivem,
para que, por exemplo, uma determinada lei
seja votada, é preciso contar com a disposição
de diferentes pessoas e, logo, de diferentes
partidos com diferentes interesses.
Altera-se o jogo, e com ele a escalação. Em
cada ministério muita coisa está envolvida.
Não se trata apenas do titular do cargo, mas
de toda a equipe e a estrutura que ele vai montar. Com essa estrutura vêm os recursos, e,
com eles, a decisão sobre como e onde serão
utilizados. Assim, fica fácil entender porque
os partidos ficam tanto de olho nos ministérios. E também porque o presidente fica de
olho nos partidos quando precisa deles para
reforçar os seus planos de governo. Afinal, no
jogo da política, quem não dança conforme a
música, dança!
Thamy Pogrebinschi é cientista política, autora dos livros "Onde Está a Democracia?" (Ed. UFMG, 2002) e "O Problema da Obediência em Thomas Hobbes" (Edusc,
2003).
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