São Paulo, segunda-feira, 02 de março de 2009

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Animação explica Revolução Islâmica aos olhos de uma menina

CRISTINA FIBE
DA REPORTAGEM LOCAL

Marjane Satrapi tinha nove anos quando seu país, o Irã, passou por uma revolução: o que era uma monarquia amiga do Ocidente virou uma república islâmica, regida por princípios religiosos bastante rigorosos e governada pelo aiatolá Khomeini, que fechou o país para o resto do mundo.
Filha de intelectuais de esquerda, Marjane viu seus pais sentirem medo, perderem amigos, esconderem suas crenças. Tornou-se uma adolescente revoltada, do tipo corajosa e desbocada -o que só assustou mais os seus pais, já que liberdade de expressão não era exatamente valorizada. E aí eles resolveram mandá-la para a Áustria, sozinha.
É essa história bem pessoal, cheia de insegurança, saudade e solidão, que Marjane conta em "Persépolis", HQ que virou filme em 2007 e que está sendo lançada agora em DVD.
Os traços simples da animação ajudam a explicar, com uso de flashbacks e em preto-e-branco, a chamada Revolução Islâmica, que aconteceu há 30 anos -e por que não é tão fácil a mudança para um país estranho, sem família, sem amigos, sem falar a língua.
Mesmo com o alívio de agora poder ir a festas, ouvir música alta e não precisar mais usar o véu obrigatório para cobrir o rosto -aquele que impede que os meninos fiquem "tentados"-, a adolescente Marji se sente estranha diante de tantas pessoas que não entendem muito o que se passa no Irã.
Apesar de tentar "pirar", experimentar drogas, sair com os mais doidos da escola e aproveitar a liberdade de ser uma teen, Marji nunca deixa de se sentir diferente, nunca esquece suas origens de enfrentamento político e indignação.
Assim, as mudanças da autora-personagem são um meio de contar a história da revolução -e daquela garota, hoje com 39 anos, que questionou as convenções e conquistou o mundo.
Marjane, com "Persépolis", levou o Prêmio do Júri em Cannes (2007), foi indicada ao Oscar de animação (2008) e, em São Paulo, na Mostra de Cinema de 2007, teve seu filme premiado pela audiência.


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