São Paulo, segunda-feira, 03 de julho de 2006

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música

Emo, eu?

Amadas pelos emos brasileiros, as bandas emo., Fresno e Yellowcard saltam fora da modinha que domina o mundo

LETICIA DE CASTRO
DA REPORTAGEM LOCAL

A pesar de embalarem o choro e as dores de amores de milhares de garotos e garotas de franjas compridas, colares de bolas e ar de tristeza, Fresno e emo., duas das bandas mais adoradas pelos emos brasileiros, fazem questão de frisar que não fazem parte da tribo.
"Nós não fazemos parte desse grupo de pessoas que se denominam emo, dessa tribo que se formou e acabou virando um estilo de visual e de conduta", diz Lucas Silveira, 22, vocalista do Fresno.
Para ele, o que atrai os garotos que são emo (e não têm vergonha de assumir) para o Fresno são as letras confessionais sobre amores frustados e a sonoridade, parecida com a de bandas gringas, como Dashboard Confessional. "O cara, em vez de ligar pra guria, acaba postando uma letra do Fresno no fotolog dela. Essas músicas são uma válvula de escape para o que eles pensam e sentem. Em vez de falar, eles se escondem atrás da música", analisa.
Nem mesmo a banda que leva a modinha no nome se reconhece no rótulo. Daniel Ferro, 25, baterista do emo., acha que tudo não passa de uma invenção da mídia. "A mídia, que adora estereotipar e rotular as coisas, pegou isso [o emo] e transformou num fenômeno comportamental. Eu não uso cabelo na cara, munhequeira quadriculada, porque isso não existe", diz.
Ele acha um erro confundir música com estilo de vida. "Ficar levantando bandeira de "eu sou emo" e "eu sou triste" está errado. Porque é só um estilo de música", alerta.
Expoentes do emocore nacional (o hardcore com vocais melódicos e letras introspectivas que falam de amores frustrados), as duas bandas ganharam fama na internet.
Myspace, Orkut, fotologs e o site Tramavirtual são alguns dos recursos que Fresno e emo. (assim como outras bandas do mesmo estilo, como NxZero e Dance of Days) usaram para se tornar conhecidas.
Agora, estão lançando discos novos, ambos por selos independentes, mas com distribuição de gravadoras estabelecidas.
"Ciano" é o terceiro álbum dos gaúchos do Fresno, com letras introspectivas, que falam sobre as dificuldades de ser uma pessoa incompreendida.
Já emo., do Rio, está lançando "Incondicional", o segundo CD, com os habituais vocais melódicos, guitarras distorcidas e letras de... amor.
Os americanos do Yellowcard, que contam com um violinista para garantir a melodia das músicas, completam o pacote de lançamentos, com "Lights and Sounds".
Para o baixista da banda, Peter Mosely, a popularidade do emo, que também cresce nos Estados Unidos, é natural. "Conforme o tempo passa há sempre uma nova forma de rock and roll. Mas acho que nenhum estilo substitui o outro. Os garotos hoje em dia estão sempre procurando algo novo."


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