São Paulo, segunda-feira, 03 de dezembro de 2007

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jogo

Guerras cariocas

Em protesto contra a criminalidade, designer recria jogo de conquista em cima de mapa de favelas do Rio de Janeiro

IVAN FINOTTI
EDITOR DO FOLHATEEN

É um manifesto, é uma piada de mau gosto, é entretenimento canalha. É War in Rio, uma adaptação-protótipo do clássico jogo da Grow para a cidade do Rio de Janeiro. E as expressões acima não são críticas ao projeto do designer carioca Fabio Lopez, mas palavras dele mesmo, usadas para descrever seu jogo-crítica social.
"War in Rio não é uma brincadeira. Quero deixar claro que se trata de um manifesto sobre minha cidade, que está quase em guerra e que deixa as pessoas pouco à vontade de viverem aqui", conta Fabio, 29.
Para quem não conhece War, trata-se de conquistar países com seu exército até dominar o mundo todo ou atingir um objetivo dado pelas cartas, como "conquistar a Ásia e a Oceania". No caso do War in Rio, deve-se conquistar regiões como a Zona Sul, a Avenida Brasil ou a Baixada Fluminense. E, em vez de países, cada uma dessas região possui favelas.
Outra diferença é que, no original, o jogador deve escolher entre as pedras pretas, brancas, vermelhas, azuis, amarelas, verdes ou azuis. Já em War in Rio, a escolha pode vir carregada de ideologia: os pretos são o Bope, enquanto os vermelhos são o Comando Vermelho.
O projeto durou três anos. Para criar o tabuleiro, Fabio contou com a ajuda das fotos de satélite do Google Maps. Na quarta passada, o designer colocou o site no ar. Vinte e quatro horas depois, havia recebido 600 e-mails, a maioria de elogios à provocação. E muitos querendo comprar o jogo. "Mas fiz só um. Não tenho intenção. Quem sabe mais tarde..."
Aos que pensam em apologia ao crime, Fabio responde que "a paródia serve para amplificar uma idéia e criar discussão." E, no site, resume as regras do jogo: "Constituem os mesmos princípios morais comercializados em lojas infantis: matar, destruir, conquistar e aniquilar seus amigos".


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