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jogo
Guerras cariocas
Em protesto contra a criminalidade, designer recria jogo
de conquista em cima de mapa de favelas do Rio de Janeiro
IVAN FINOTTI
EDITOR DO FOLHATEEN
É
um manifesto, é
uma piada de mau
gosto, é entretenimento canalha. É
War in Rio, uma
adaptação-protótipo do clássico jogo da Grow para a cidade
do Rio de Janeiro. E as expressões acima não são críticas ao
projeto do designer carioca Fabio Lopez, mas palavras dele
mesmo, usadas para descrever
seu jogo-crítica social.
"War in Rio não é uma brincadeira. Quero deixar claro que
se trata de um manifesto sobre
minha cidade, que está quase
em guerra e que deixa as pessoas pouco à vontade de viverem aqui", conta Fabio, 29.
Para quem não conhece War,
trata-se de conquistar países
com seu exército até dominar o
mundo todo ou atingir um objetivo dado pelas cartas, como
"conquistar a Ásia e a Oceania".
No caso do War in Rio, deve-se
conquistar regiões como a Zona Sul, a Avenida Brasil ou a
Baixada Fluminense. E, em vez
de países, cada uma dessas região possui favelas.
Outra diferença é que, no original, o jogador deve escolher
entre as pedras pretas, brancas,
vermelhas, azuis, amarelas,
verdes ou azuis. Já em War in
Rio, a escolha pode vir carregada de ideologia: os pretos são o
Bope, enquanto os vermelhos
são o Comando Vermelho.
O projeto durou três anos.
Para criar o tabuleiro, Fabio
contou com a ajuda das fotos de
satélite do Google Maps. Na
quarta passada, o designer colocou o site no ar. Vinte e quatro horas depois, havia recebido 600 e-mails, a maioria de
elogios à provocação. E muitos
querendo comprar o jogo. "Mas
fiz só um. Não tenho intenção.
Quem sabe mais tarde..."
Aos que pensam em apologia
ao crime, Fabio responde que
"a paródia serve para amplificar uma idéia e criar discussão." E, no site, resume as regras do jogo: "Constituem os
mesmos princípios morais comercializados em lojas infantis:
matar, destruir, conquistar e
aniquilar seus amigos".
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