São Paulo, segunda-feira, 03 de dezembro de 2007

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esportes

De magrela pela América

Com uma bicicleta e um laptop, jovem encara sozinho as estradas abertas do nosso continente

Divulgação
Ricardo Martins e a bike Capitu, sua única companheira nos últimos três meses


LUISA BELCHIOR
DA SUCURSAL DO RIO

T roque a moto pela bicicleta e as anotações em papel pelo diário virtual e o carioca Ricardo Martins, 22, se torna o Che Guevara -do filme "Diários de Motocicleta"- dos tempos modernos. Há três meses, largou o emprego fixo, família e namorada pelo sonho de uma viagem de bike pela América Latina.
O resultado da aventura, que Ricardo pretende terminar em Cuba só daqui a dois anos, ele vem relatando, a conta-gotas, em seu blog e videolog.
E as histórias que o carioca já coleciona não são poucas: em três meses de viagem, dormiu em acampamento de sem-terras no Mato Grosso do Sul, trabalhou em uma mina de prata na Bolívia, passou dois dias com índios do Pantanal, aprendeu a laçar bois e organizou -e ganhou- um campeonato de sinuca. Tudo isso na companhia de Capitu, como ele batizou sua bicicleta.
Nas entrelinhas das aventuras que relata pela internet, Ricardo posta também lições de vida. Afinal, como ter coragem de jogar tudo para o alto em busca de um sonho? Muita preparação e planejamento, tranqüilidade e até um pouco de medo, ensina o jovem.
"De fato eu tinha uma boa carreira no trabalho, reconhecimento, bom currículo etc. Mas sentia que estava no momento de realizar uma grande aventura", disse o carioca, em entrevista por e-mail.
Ricardo conta que saiu do Brasil, mais especificamente de Niterói, cidade vizinha ao Rio onde ele morava com os pais, com exatos R$ 385,45 no bolso. Por isso, sabia que teria que arrumar bicos pelo caminho para levar a viagem adiante.
Só que Ricardo foi assaltado em La Paz, na Bolívia. Chegou a ficar com o equivalente a R$ 10 no bolso até conseguir uma vaga de analista de marketing na Bolívia, posto que ocupará por mais três meses, para conseguir dinheiro e seguir viagem.
"Fiquei com fome, frio e sede, longe de todos os amigos e sem fazer idéia de como superaria mais essa", conta o aventureiro.
"Existem alegrias que fazem chorar ao conhecer tanta gente simples e forte, as descobertas e redescobertas de si mesmo, isso sem contar a incomparável sensação de liberdade que sinto ao pedalar", relata.
Ricardo planeja passar por Peru, Chile, Argentina e Uruguai. A última parada que consta em seus planos é Cuba, onde quer conhecer Alberto Granada, o companheiro do revolucionário Ernesto Che Guevara em uma viagem de motocicleta pela América Latina, relatada em filme por Walter Salles.
E depois? Descubra no próximo capítulo, ou melhor, post.


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