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O abraço do Mickey

N ÓS NUNCA fomos à Disney. Nossos pais eram contra e levavam a gente para conhecer o Brasil. Nunca tiramos aquela foto com o Mickey, vocês sabem: a criança rindo -aquele riso nervoso que é um misto de apavoramento com pura felicidade- e olhando para a câmera. E o Mickey abraçando e dando um sorriso. A criança está radiante, principalmente porque não sabe que dentro do Mickey tem um funcionário da Disney. E o retrato entra para a posteridade.
Mas, por sorte, a vida oferece muitas oportunidades de Mickeys por aí. Você uma dia está num bar e encontra uma criatura totalmente absurda. Absurda no bom sentido. Tão absurda que só pode ser mentira. Você (já adulto) desconfia que tem algum funcionário da Disney por trás disso. Por via das dúvidas, é preciso tirar uma foto para provar para os amigos.
Afinal, vivemos um pouco para isso. Para contarmos aos outros as coisas incríveis que vivemos (para saber mais, leiam "A mulher-cobra", conto do escritor e forever muso Sérgio Sant'Anna). Também temos nosso momento abraço-Mickey quando nos apaixonamos. Ou quando vamos parar num lugar incrível com os amigos. Achamos que aquilo não é um lugar real sobre a Terra; é um parque temático! Afinal, a realidade é chata. Coisas tão incríveis assim não podem ser de verdade!
Infelizmente, com o tempo, vamos perdendo a capacidade de ver Mickeys por aí. Achamos a vida enfadonha. Não nos espantamos com nada. Bocejamos ao encontrar seres humanos. Começamos a achar tudo um tédio.
Só que os Mickeys teleguiados pelo espirito de Walt Disney (que está congelado em algum lugar, mas isso é outro assunto) estão à espreita. E, quando você menos espera, quando você achar que tudo parece igual...um deles aparecerá. E você terá para sempre uma foto abraçando um Mickey para colocar no porta-retratos. E nunca vai esquecer.

Momento de histeria

Que o espírito de Walt Disney esteja convosco


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