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GUIA DE VIAGEM
O professor mochileiro
Arquiteto larga a vida sedentária no Rio de Janeiro para rodar o mundo sobre uma bicicleta, abastecendo no caminho um blog educativo para jovens brasileiros
DÉBORA YURI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Capturado por estudantes do Camboja,
que improvisaram
uma escola e caçavam
gringos nas ruas para dar aulas.
Explicando a moleques numa
floresta no Nepal o que é, afinal,
um computador.
Procurando cibercafés na
África para falar sobre geografia com um garoto do interior
de Minas Gerais.
Arquiteto mineiro que hoje
vive no Rio, Argus Saturnino,
35, largou o emprego com salário bacana para viver uma coleção dessas cenas e virar um
misto de mochileiro, blogueiro,
fotógrafo e professor.
Em 2001, ele colocou a mochila nas costas, com um notebook e uma câmera digital dentro, e iniciou uma volta ao mundo de bicicleta, zanzando por
28 países da América do Sul,
Oceania, Ásia, África e Europa
durante três anos e meio.
Pedalou 35 mil quilômetros,
quase sempre "bem devagar" e
"em direção ao Oeste" (veja no
mapa a rota que ele fez).
Para embalar num pacote
educativo a sua versão bicicleteira de "Pé na Estrada", de
Jack Kerouac, o arquiteto criou
o site Pedalando e Educando
(www.pedalandoeeducando.com.br). Voltado a estudantes brasileiros de escolas
públicas, era atualizado em
LAN houses baratas que encontrava pelas estradas.
Em lugares muito remotos,
como Laos e Camboja, passou
semanas sem conexão. No
Oriente Médio, os problemas
eram de outra ordem.
"No Irã, na Síria e na Jordânia, demorei muito para fazer
as atualizações, pois o governo
checa todas as mensagens, cria
dificuldades pra você alimentar um site."
A ideia chave era dar carona
aos jovens e despertar o interesse deles por história, geografia, política, culturas diferentes, conta Argus, um fã do
educador José Pacheco, criador da Escola da Ponte, de Portugal -sem salas de aula, sem
provas, em que os alunos decidem o que querem estudar.
"Na minha cabeça, eu queria
escrever fatos que pudessem
ser usados dentro de uma classe, tipo: "Acabo de passar pela
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