São Paulo, segunda-feira, 04 de janeiro de 2010

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GUIA DE VIAGEM

O professor mochileiro

Arquiteto larga a vida sedentária no Rio de Janeiro para rodar o mundo sobre uma bicicleta, abastecendo no caminho um blog educativo para jovens brasileiros

DÉBORA YURI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Capturado por estudantes do Camboja, que improvisaram uma escola e caçavam gringos nas ruas para dar aulas. Explicando a moleques numa floresta no Nepal o que é, afinal, um computador.
Procurando cibercafés na África para falar sobre geografia com um garoto do interior de Minas Gerais.
Arquiteto mineiro que hoje vive no Rio, Argus Saturnino, 35, largou o emprego com salário bacana para viver uma coleção dessas cenas e virar um misto de mochileiro, blogueiro, fotógrafo e professor.
Em 2001, ele colocou a mochila nas costas, com um notebook e uma câmera digital dentro, e iniciou uma volta ao mundo de bicicleta, zanzando por 28 países da América do Sul, Oceania, Ásia, África e Europa durante três anos e meio.
Pedalou 35 mil quilômetros, quase sempre "bem devagar" e "em direção ao Oeste" (veja no mapa a rota que ele fez).
Para embalar num pacote educativo a sua versão bicicleteira de "Pé na Estrada", de Jack Kerouac, o arquiteto criou o site Pedalando e Educando (www.pedalandoeeducando.com.br). Voltado a estudantes brasileiros de escolas públicas, era atualizado em LAN houses baratas que encontrava pelas estradas.
Em lugares muito remotos, como Laos e Camboja, passou semanas sem conexão. No Oriente Médio, os problemas eram de outra ordem.
"No Irã, na Síria e na Jordânia, demorei muito para fazer as atualizações, pois o governo checa todas as mensagens, cria dificuldades pra você alimentar um site."
A ideia chave era dar carona aos jovens e despertar o interesse deles por história, geografia, política, culturas diferentes, conta Argus, um fã do educador José Pacheco, criador da Escola da Ponte, de Portugal -sem salas de aula, sem provas, em que os alunos decidem o que querem estudar.
"Na minha cabeça, eu queria escrever fatos que pudessem ser usados dentro de uma classe, tipo: "Acabo de passar pela


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