Conheça o álbum de estréia do Art Brut, banda-sensação que vem tocar no Brasil daqui a duas semanas

BRUNO SAITO
DA REPORTAGEM LOCAL

Quem for ao Motomix no próximo dia 16 e der de cara com o Art Brut vai achar que está em uma exposição de arte moderna.
Sabe quando você entra num museu, fica confuso com aquele urinol no canto da sala e não entende se aquilo é obra de algum artista genial ou se foi apenas uma burrada de algum funcionário que confundiu o lugar do banheiro? Com esse quinteto inglês, que tem seu disco de estréia, "Bang Bang Rock&Roll", lançado agora no Brasil, também é assim.
O vocalista, Eddie Argos, confunde. Às vezes ele parece ser um dos letristas mais inspirados da nova geração; em outras, apenas um bobalhão que teve a sorte de encontrar uma banda que o deixasse cantar ao microfone o que lhe viesse à cabeça.
Seguidor da tradição de cantores que contam "causos" em suas letras, de maneira quase falada, como Jarvis Cocker (Pulp) e Jonathan Richman (Modern Lovers), Argos vai enfileirando historinhas pessoais em meio a ótimos riffs punks.
O disco já abre com o vocalista contando sua alegria em montar uma banda, em "Formed a Band". "Montamos uma banda, olhe pra nós!", diz o cantor "sem noção" que, em seguida, avisa querer fazer uma canção mais popular que "Parabéns pra Você", que faça Israel e Palestina entrarem em paz.
E ele vai contando até coisas que a gente não precisa saber -mas essa é a graça. "Rusted Guns of Milan" fala sobre uma broxada: "Não conte às suas amigas, prometo que isso nunca vai acontecer de novo". Deslumbrado com seu posto de vocalista, ele tenta impressionar sua primeira namorada, que não vê há exatos 10 anos, nove meses, quatro dias, seis horas, 13 minutos e cinco segundos, em "Emily Kane". Isso sem contar a hilária história de seu irmão que ficou meio estranho depois que começou a escutar rock, em "My Little Brother". Gênio ou otário? O Art Brut faz arte punk, então tudo depende apenas do ponto de vista.