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livros
Um caso para Edgar Allan Poe
Escritor americano coloca o autor de "O Gato Preto" para resolver um misterioso homicídio de um cadete no século 19
LEANDRO FORTINO
DA REPORTAGEM LOCAL
O escritor americano
Edgar Allan Poe
(1809-1849) criou o
gênero romance
policial no conto
"Os Assassinatos da Rua Morgue", de 1841, sobre um bárbaro
homicídio de duas mulheres
em uma casa em Paris. Sem pistas, a polícia francesa se vê obrigada a convocar o detetive C.
Auguste Dupin, personagem
que ainda protagonizaria mais
outros dois trabalhos de Poe.
Mais de um século e meio depois, Dupin ressurge sob o nome de Gus Landor, no livro "O
Pálido Olho Azul", do escritor
americano Louis Bayard. E,
agora, ele é convocado pelo
Exército dos EUA para desvendar um caso na tradicional academia de West Point: o enforcamento de um cadete, Leroy
Fry, que teve ainda seu coração
retirado. O homicídio se passa
no curto período em que Poe
esteve nessa escola militar.
Landor, ao perceber que encontra mais perguntas do que
respostas, decide que o único
jeito de solucionar o enigma é
usar um dos cadetes como espião. E o intrometido e romântico Poe se encaixa como uma
luva aos propósitos do detetive.
Os capítulos de "O Pálido
Olho Azul" se dividem entre as
narrativas de Landor e os relatórios de Poe. Então, Bayard teve de imitar o estilo de um dos
mais importantes escritores
americanos.
Como? "Li o máximo de
obras que pude e também escutei fitas com textos gravados
por atores antigos, como Vincent Price. Em alguns casos, eu
usei uma frase ou duas de Poe.
O resultado final foram 1% de
Poe e 99% eu canalizando Poe",
contou ao Folhateen.
O romance, segundo Bayard,
acabou sendo uma maneira de
pagar Poe pelos serviços prestados à literatura. "Qualquer
um que escreve livros de mistério deve gratidão a Poe. Há modo melhor de pagar a dívida do
que colocá-lo para resolver um
mistério como os que criou?"
Outra preocupação do autor
ao escrever os relatórios de Poe
foi criar uma voz que contrastasse com a prosa dura e lacônica de Landor. "Ele traz uma
sensibilidade muito diferente,
muito detalhista e romântica,
bem século 19, e, é claro, quando há dois narradores, eles deixam um vestígio de dúvida no
discurso do outro. Não dá para
saber quem diz a verdade."
O livro traz dezenas de referências às obras de Poe. "A
mais óbvia é "O Coração Revelador", que é a fonte do título. O
narrador quer matar um velho
simplesmente por causa de
seus pálidos olhos azuis", diz.
Outros personagens também
saíram do universo de Poe. Lea
Marquis, a deprimida garota
por quem o jovem Poe se apaixona, segundo Bayard, tem a
ver com a sonoridade de outras
mulheres de poemas do escritor, como Lenore, Annabel Lee,
Eleonora... "Ele parece ter gostado desse padrão sonoro."
O nome Gus (apelido de Auguste) Landor foi um jeito de
homenagear o grande detetive
de Poe, Auguste Dupin. "O sobrenome vem de um conto desconhecido, "Landor's Cottage"."
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