São Paulo, segunda-feira, 05 de março de 2007

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carreiras

Aprovados na fuvest têm a profissão no nome

Para especialistas, sobrenome adequado é coincidência

FRANCISCO REIMÃO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Alguns profissionais carregam no nome sua profissão e até podem fazer disso uma ferramenta de marketing pessoal. Esse é o caso de profissionais famosos como o arquiteto Arthur de Mattos Casas, do cirurgião plástico Ricardo Bustos, do chef Roberto Ravioli e do galerista Aldo Marchand.
Essa lista curiosa deve engordar no próximos anos, quando alguns estudantes recém-aprovados na Fuvest se formarem. Segundo o resultado publicado no início de fevereiro, a nova turma de engenharia da Escola Politécnica da USP, por exemplo, terá como alunos Caio Passarela, Igor Pontes, Frederico Lage e Caroline Palácio.
O curso de obstetrícia terá Cristiane Nascimento e Aline Macca. Guilherme Rico entrou em administração e Joel La Banca foi aprovado em direito. Marcela Agulhão vai cursar medicina na Santa Casa, e Pedro Floresta vai se dedicar às ciências da natureza.
Mas será que, além da simples curiosidade, existe uma explicação para a opção desses jovens alunos? Segundo os especialistas em orientação vocacional consultados pelo Folhateen, isso tudo não passa de uma mera coincidência.
"Nunca me ocorreu pensar nisso como um determinante. O sobrenome carrega uma tradição familiar, um histórico, mas não deve jamais ser levado assim ao pé da letra. Considero que o prenome é até mais influente, porque é escolhido. Não é algo imposto ou transmitido automaticamente", afirma Silvio Bock, pedagogo e orientador do Núcleo de Atendimento e Consultoria em Educação.
O problema é quando o nome influi na própria personalidade do estudante. Mas, nesse caso, acaba sendo apenas mais um fator dentro dos milhares de componentes que interferem na formação do caráter e da vocação de cada um.

Contradições
Segundo Bock, quando os pais escolhem para seu filho o mesmo nome de um avô que foi um médico ou advogado notável, isso pode já funcionar como uma sina, uma "carga" para que o pequeno seja o sucessor do ilustre antepassado.
Para reforçar a tese de que essa relação entre nomes e carreiras não passa de uma coincidência divertida, a própria lista da Fuvest também traz exemplos de clara contradição entre o nome e a profissão escolhida.
Isso é o que ocorre com Fernando Carrasco (que entrou em medicina na USP de Ribeirão Preto), Denise Carpinteiro (curso de tecnologia têxtil) e Arua Fazendeiro (que vai cursar marketing).

Personalidade
Outros especialistas não vêem nisso um fator importante. "A única coisa que importa na escolha profissional é a personalidade da pessoa", opina o professor Artemio Longhi, que há 58 anos trabalha com orientação vocacional.
"Quando o jovem é equilibrado, sem bloqueios e complicações, ele fatalmente opta por uma carreira para qual seu inconsciente indica. Isso se manifesta por um conjunto de mensagens não-verbais e intuitivas que, às vezes, precisa de ajuda externa para se definir. Rotular uma pessoa por causa de seu nome ou seu tipo físico só atrapalha", completa o professor.


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