São Paulo, segunda-feira, 05 de novembro de 2007

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esportes

Correria radical

224 atletas prontos para correr, andar, cavalgar, suar, remar, escalar e empurrar por 444 km na bela Mata Atlântica

Alexandre Cappi/BrStock
Equipes empurram caiaques encalhados na lama durante a Ecomotion 2007


JULIANA CALDERARI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM BÚZIOS

ELES querem chafurdar na lama, passar frio, fome e, se der, ficar dias sem dormir. A recompensa? Passar por alguns dos trechos mais bonitos e menos acessíveis do planeta e ter o gosto de provar que conseguiu chegar ao final. Bem-vindo ao Ecomotion 2007, a maior corrida de aventura da América Latina, com 444 quilômetros de trilhas, montanhas, rios, estradas de ferro e mar.

As equipes

Jovens vendem até rifa para participar

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

23h10 da noite de domingo, 21 de outubro, praia do Dentro, no bairro da Urca, no Rio de Janeiro. Enquanto os competidores aguardavam a largada, alguns soldados que viam os 112 caiaques amontoados na areia não conseguiam acreditar que alguém poderia pagar para passar por situações tão extremas. "Quem já serviu o Exército e passou por essas coisas não quer repetir", comentou um deles.
Do outro lado, os "malucos", 224 atletas de 56 equipes de 14 países - que pagaram US$ 2.600 (cada equipe) para participar do evento-, só queriam cair logo na água e dar início ao percurso de 444 km de corrida.
Foram cinco dias de prova percorrendo 13 cidades do Estado do Rio de Janeiro e vencendo variados obstáculos naturais da abundante Mata Atlântica.
Cada equipe tinha características muito diferentes. Havia as mais experientes e estruturadas, como a SOS Mata Atlântica, patrocinada por uma gigante da telefonia e cujo capitão, Zé Pupo, 40, foi técnico da seleção olímpica de canoagem em Barcelona, em 1992. Do outro, as novas e aventureiras, como a Ratos de Trilha.
Fundada por Mateus de Souza Comiotto, 20, quando ele tinha 15 anos, é a equipe mais jovem a participar de um circuito mundial de corrida de aventura.
Os Ratos encontraram dificuldade para cobrir os gastos com o evento, que ficaram em torno dos 40 mil reais. Mas, com criatividade, os garotos venderam camisetas e rifas, sempre contando com o apoio da comunidade de Gramado (RS), onde moram. Entre os objetos rifados, "um par de patins usados e até uma torradeira", conta Raphael Loureiro Bóris, o Phaeco, 31, da equipe de apoio. O resultado? Eles ficaram em 26º lugar, na frente de mais da metade das equipes inscritas.

Mulheres obrigatórias
Nem só a idade e a nacionalidade tornam os grupos heterogêneos. Por regra da competição, cada equipe de quatro atletas deve ter ao menos uma mulher. E aí elas dão um show à parte. A equipe feminina Athena foi a terceira colocada entre os times brasileiros.
Não tão bem colocada, a equipe Uirapuru não deixou de chamar a atenção, graças à atleta Luciana Cox, 36, apelidada de Penélope. Sempre usando rosa, ela conta que "tudo começou como tiração de sarro e agora virou sério".
Além das roupas, os remos e as bicicletas foram pintados da mesma cor. Como se não bastasse o rosa chamativo, Luciana sempre usa sua bóia de alce quando encara uma prova de caiaque.
Sem se destacar tanto como os atletas, mas trabalhando intensamente, estava o apoio. Cada equipe conta com um time que acompanha os participantes por todo o percurso. Eles são responsáveis pela alimentação e seleção de equipamentos e roupas dos corredores. Em pontos predeterminados pela organização, eles montam verdadeiros acampamentos e assim, como os atletas, passam dias e noites de grande perrengue. (JC)


A jornalista JULIANA CALDERARI viajou a convite da Ecomotion


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