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esportes
Correria radical
224 atletas prontos para correr, andar, cavalgar, suar, remar, escalar e empurrar por 444 km na bela
Mata Atlântica
Alexandre Cappi/BrStock
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Equipes empurram caiaques encalhados na lama durante a Ecomotion 2007 |
JULIANA CALDERARI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM BÚZIOS
ELES querem chafurdar na lama, passar
frio, fome e, se der, ficar dias sem dormir. A recompensa? Passar por alguns
dos trechos mais bonitos e menos acessíveis do planeta e ter o gosto de provar que conseguiu chegar ao final. Bem-vindo ao Ecomotion 2007, a maior corrida de aventura da América
Latina, com 444 quilômetros de trilhas, montanhas, rios, estradas de ferro e mar.
As equipes
Jovens vendem até rifa para participar
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
23h10 da noite de domingo,
21 de outubro, praia do Dentro,
no bairro da Urca, no Rio de Janeiro. Enquanto os competidores aguardavam a largada, alguns soldados que viam os 112 caiaques amontoados na areia
não conseguiam acreditar que
alguém poderia pagar para passar por situações tão extremas.
"Quem já serviu o Exército e
passou por essas coisas não
quer repetir", comentou um
deles.
Do outro lado, os "malucos",
224 atletas de 56 equipes de 14
países - que pagaram US$
2.600 (cada equipe) para participar do evento-, só queriam
cair logo na água e dar início ao
percurso de 444 km de corrida.
Foram cinco dias de prova percorrendo 13 cidades do Estado
do Rio de Janeiro e vencendo
variados obstáculos naturais da
abundante Mata Atlântica.
Cada equipe tinha características muito diferentes. Havia as
mais experientes e estruturadas, como a SOS Mata Atlântica, patrocinada por uma gigante da telefonia e cujo capitão, Zé
Pupo, 40, foi técnico da seleção
olímpica de canoagem em Barcelona, em 1992.
Do outro, as novas e aventureiras, como a Ratos de Trilha.
Fundada por Mateus de Souza
Comiotto, 20, quando ele tinha
15 anos, é a equipe mais jovem a
participar de um circuito mundial de corrida de aventura.
Os Ratos encontraram dificuldade para cobrir os gastos
com o evento, que ficaram em
torno dos 40 mil reais.
Mas, com criatividade, os garotos venderam camisetas e rifas, sempre contando com o
apoio da comunidade de Gramado (RS), onde moram. Entre
os objetos rifados, "um par de
patins usados e até uma torradeira", conta Raphael Loureiro
Bóris, o Phaeco, 31, da equipe
de apoio. O resultado? Eles ficaram em 26º lugar, na frente
de mais da metade das equipes
inscritas.
Mulheres obrigatórias
Nem só a idade e a nacionalidade tornam os grupos heterogêneos. Por regra da competição, cada equipe de quatro atletas deve ter ao menos uma mulher. E aí elas dão um show à
parte. A equipe feminina Athena foi a terceira colocada entre
os times brasileiros.
Não tão bem colocada, a
equipe Uirapuru não deixou de
chamar a atenção, graças à atleta Luciana Cox, 36, apelidada
de Penélope. Sempre usando
rosa, ela conta que "tudo começou como tiração de sarro e
agora virou sério".
Além das roupas, os remos e
as bicicletas foram pintados da
mesma cor. Como se não bastasse o rosa chamativo, Luciana
sempre usa sua bóia de alce
quando encara uma prova de
caiaque.
Sem se destacar tanto como
os atletas, mas trabalhando intensamente, estava o apoio. Cada equipe conta com um time
que acompanha os participantes por todo o percurso.
Eles são responsáveis pela
alimentação e seleção de equipamentos e roupas dos corredores. Em pontos predeterminados pela organização, eles
montam verdadeiros acampamentos e assim, como os atletas, passam dias e noites de
grande perrengue.
(JC)
A jornalista JULIANA CALDERARI viajou a convite da Ecomotion
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