São Paulo, segunda-feira, 06 de março de 2006

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MÚSICA

O histórico "Concerto para Bangladesh", organizado pelo ex-beatle George Harrison, é relançado em DVD e CD duplos

Muito antes de Bono

SYLVIA COLOMBO
EDITORA DO FOLHATEEN

O U2 passou pelo Brasil e deixou uma fervilhante polêmica no ar: o tal "rock que quer ajudar" seria uma tentativa sincera de amenizar os males do mundo ou não passaria de pura estratégia de marketing de artistas espertalhões?
Se você se interessou pela discussão, mas ainda não sabe que partido quer tomar, assistir ao "Concerto para Bangladesh", que agora é lançado de roupa nova em DVD e em CD duplos, pode ajudá-lo a decidir.
Gravado em 1971 em Nova York, o evento organizado por George Harrison (1943-2001) foi o primeiro a engajar o rock numa causa humanitária. Por ser um pioneiro e por se tratar de um ex-beatle, ninguém o chamou de aproveitador. Com ele, porém, começou a moda dos concertos pacifistas que, ao longo do tempo, foram se tornando uma verdadeira indústria, da qual o Live Aid e as tours do U2 passaram a ser o resultado mais sonoro -e controvertido.
A idéia surgiu quando o músico indiano Ravi Shankar pediu que o amigo George o ajudasse a atrair fundos e atenção para o drama dos refugiados de Bangladesh. A população do antigo Paquistão Oriental vivia os efeitos de uma guerra civil e da fome.
George telefonou para amigos -entre eles Eric Clapton e Bob Dylan- e organizou o evento. Os Beatles haviam acabado um ano antes, em 1970, mas Ringo Starr topou o convite para um reencontro histórico com George, os dois "coadjuvantes" da maior banda do mundo. O repertório foi composto de canções que todos sabiam tocar -"My Sweet Lord", "Jumpin" Jack Flash" e "Blowin" in the Wind" etc.
Mas, apesar de músicos bacanas, um bom set list, o coração cheio de boas intenções e cerca de US$ 250 mil arrecadados, o concerto não foi lá um exemplo de megashow. Sem ensaiar, os caras pareciam estar numa jam session caseira e bastante zoneada e não num palco diante de uma multidão. George, que até então ficava sempre na segunda fila, mostrava-se nervoso para liderar o show. Sem contar a gafe do público, que aplaudiu a afinação dos músicos indianos achando que esta já era parte do show.
Depois de 35 anos, a causa pode ter ficado para trás, mas o show, com todos os seus altos e baixos, entrou para a história.

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