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MÚSICA
O histórico "Concerto para Bangladesh", organizado pelo ex-beatle George Harrison, é relançado em DVD e CD duplos
Muito antes de Bono
SYLVIA COLOMBO
EDITORA DO FOLHATEEN
O U2 passou pelo Brasil e deixou uma
fervilhante polêmica no ar: o tal
"rock que quer ajudar" seria uma
tentativa sincera de amenizar os males do
mundo ou não passaria de pura estratégia
de marketing de artistas espertalhões?
Se você se interessou pela discussão, mas
ainda não sabe que partido quer tomar, assistir ao "Concerto para Bangladesh", que
agora é lançado de roupa nova em DVD e
em CD duplos, pode ajudá-lo a decidir.
Gravado em 1971 em Nova York, o evento
organizado por George Harrison (1943-2001) foi o primeiro a engajar o rock numa
causa humanitária. Por ser um pioneiro e
por se tratar de um ex-beatle, ninguém o
chamou de aproveitador. Com ele, porém,
começou a moda dos concertos pacifistas
que, ao longo do tempo, foram se tornando
uma verdadeira indústria, da qual o Live
Aid e as tours do U2 passaram a ser o resultado mais sonoro -e controvertido.
A idéia surgiu quando o músico indiano
Ravi Shankar pediu que o amigo George o
ajudasse a atrair fundos e atenção para o
drama dos refugiados de Bangladesh. A população do antigo Paquistão Oriental vivia
os efeitos de uma guerra civil e da fome.
George telefonou para amigos -entre
eles Eric Clapton e Bob Dylan- e organizou o evento. Os Beatles haviam acabado
um ano antes, em 1970, mas Ringo Starr topou o convite para um reencontro histórico
com George, os dois "coadjuvantes" da
maior banda do mundo. O repertório foi
composto de canções que todos sabiam tocar -"My Sweet Lord", "Jumpin" Jack
Flash" e "Blowin" in the Wind" etc.
Mas, apesar de músicos bacanas, um bom
set list, o coração cheio de boas intenções e
cerca de US$ 250 mil arrecadados, o concerto não foi lá um exemplo de megashow.
Sem ensaiar, os caras pareciam estar numa
jam session caseira e bastante zoneada e
não num palco diante de uma multidão.
George, que até então ficava sempre na segunda fila, mostrava-se nervoso para liderar o show. Sem contar a gafe do público,
que aplaudiu a afinação dos músicos indianos achando que esta já era parte do show.
Depois de 35 anos, a causa pode ter ficado
para trás, mas o show, com todos os seus altos e baixos, entrou para a história.
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