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02 NEURÔNIO
O amor, o sexo e os ratos calungas
JÔ HALLACK
NINA LEMOS
RAQ AFFONSO
O amor não tem nada a ver com o sexo. Essa
afirmação, que muitas vezes já ouvimos de
pretês canalhas, pode ser verdade. Cientistas americanos descobriram a parte do cérebro responsável pelo amor. E ela está bem
longe da parte da excitação sexual. Mais precisamente do
lado oposto.
Numa pesquisa que escaneou o cérebro de pessoas
apaixonadas, os cientistas perceberam que quando você
fica superego descontrol por alguém, seu cérebro começa
a produzir mais dopamina. Igualzinho ao cérebro das
pessoas que usam cocaína, que jogam por dinheiro, ou
que estão morrendo de fome ou de sede. Ou seja, igual ao
cérebro de pessoas meio desequilibradas! Na verdade, a
gente nem precisava de pesquisa pra saber disso. Afinal,
só mesmo num estado de desequilíbrio você faria coisas
do tipo dormir duas horas por noite para ficar com o ser
amado, passar mensagens amorosas pelo celular, rir para
o além, perder o apetite e falar: "EU TE AMO".
Além disso, os cientistas descobriram outras coisas.
Quando você começa a falar muito "EU TE AMO", ou seja, quando você está namorando, a área do cérebro mais
ativa muda. Os neurônios ficam mais ouriçados num lugar mais profundo do cérebro primitivo das pessoas que
estão envolvidas no compromisso de longo prazo. Quer
dizer, todos podem ter um compromisso. Mesmo aquele
pretê que foge sempre, problemático mesmo. Basta acordar esse tal lugar profundo no cérebro primitivo!
E aí os cientistas fizeram uma experiência (muito cruel,
diga-se de passagem) incrível. Injetaram um único gene
no rato calunga. Nós não conhecemos o tal rato calunga,
mas parece que ele era meio galinha. E depois de ter o tal
gene incubado, os machos promíscuos se transformaram
em pais que ficam em casa. O gene ativou a mesma área
do cérebro onde os pesquisadores encontraram aumento
de atividade com o tempo. Ficamos felizes com essa última descoberta cruel. Afinal, daqui a alguns anos, poderemos injetar genes nos nossos homens ratos-do-esgoto. E
daí eles ficarão em casa, cuidando dos filhos, em vez de
irem passear pelo esgoto. E não provocarão o caos no
nosso cérebro quando nos derem um pé na bunda.
Porque a última e mais cruel de todas as descobertas foi
que, ao levar um pé quando estamos apaixonados, nossa
área emocional, cognitiva e de recompensa do cérebro vira um caos. Por isso ficamos desesperados, nos sentimos
na mais pura lama. Mas, segundo os pesquisadores, os
circuitos do cérebro relacionados à paixão continuam funcionando (mesmo depois do caos).
E que venha o próximo!
Momentos de histeria
A fila anda
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