Curso de gastronomia tem como ingredientes glamour e muito trabalho

ANDERSON SANTIAGO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

"Quero trabalhar numa cozinha!" Foi assim que Grazielle Moreira, 19, disse aos seus pais que prestaria vestibular para a graduação em gastronomia.
A reação deles não foi das melhores, já que não costuma ser fácil aceitar uma escolha que fuja de carreiras tradicionais como direito ou medicina.
Aluna do último semestre da graduação do Senac, Grazielle diz que escolheu a profissão após ver a malsucedida experiência da irmã mais velha, que desistiu do curso de química.
"Eu pensava em prestar algo também na área de exatas, mas, depois de ver minha irmã sofrer e odiar o curso, comecei a cogitar novas possibilidades."
Pôs, assim, o pé na cozinha. Hoje, tem certeza de que não errou na receita da escolha.
Os cursos de gastronomia estão em ascensão no país. Para se ter uma ideia, há dez anos existia apenas uma graduação no Brasil, na cidade de Águas de São Pedro, interior de SP.
Hoje, cerca de 50 universidades (incluindo uma pública, em Recife) formam mais de 5.000 chefes de cozinha por ano.
"Houve uma abertura do mercado, as pessoas começaram a conhecer mais ingredientes estrangeiros e a vontade de se aprofundar cresceu. Além disso, há a questão do modismo e do glamour. Ser chef virou uma questão de status", afirma Heloísa Rodrigues, coordenadora do curso da Universidade Anhembi Morumbi.
Danielle Cruz, 17, está no último ano do ensino médio e já decidiu que vai fazer gastronomia. "Desde pequena, observo minha mãe na cozinha. Fui aprendendo pratos, vendo o sucesso de chefs como o Alex Atala e fiz minha escolha", diz.
Mas, para os aspirantes a chef que cogitam mergulhar na profissão, a dica é conhecer o curso para evitar decepções.
"É claro que a gente passa boa parte do tempo na cozinha, mas não é só isso", diz o recém-formado Marcos Fachini, 21. Ele explica que há também disciplinas de administração e de marketing, para que o chef saiba gerir um restaurante.


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