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COMPORTAMENTO
Espírito de equipe
Fantamas? Que
nada! Quem
move o objeto
no jogo do copo
é o inconsciente
dos jogadores,
segundo os
especialistas
DIOGO BERCITO
DA REPORTAGEM LOCAL
Mãos ao copo! Em seguida, uma pergunta é
feita em voz alta e o
objeto se move em direção às
letras que formarão a resposta.
Essas são as linhas gerais da
velha (mas ainda popular) brincadeira do copo, em que os participantes -em geral, teens-
acreditam estar conversando
com um espírito.
O teor das perguntas varia.
Casórios e provas escolares são
temas recorrentes, por exemplo. Assim como a morte.
"Já apareceu o nome de uma
pessoa que eu conhecia e ela
acabou morrendo", conta Bárbara Barral, 15, que faz o jogo
em casa porque "na escola
acham que é besteira".
A garota classifica a história
da morte como "fato". Mas tanto a psicologia quanto a parapsicologia (que estuda fenômenos paranormais) não veem como o jogo possa ser real.
Para Ernesto Duvidovich, diretor do CEP (Centro de Estudos Psicanalíticos), a força que
move o copo é a dos próprios jogadores. "Podemos dizer que é
o espírito do grupo", afirma.
O termo que explica esse movimento involuntário é "efeito
ideomotor" -teoria que diz
que os músculos podem se mover segundo desejos inconscientes. Por isso o copo parece
se mover sozinho.
Apesar de não acreditar na
brincadeira, Duvidovich também não vê nela nenhuma consequência negativa.
Marcia Cobêro, vice-presidente do Clap (Centro Latino-Americano de Parapsicologia),
discorda. "De brincadeira, não
tem nada!", alerta.
Para ela, a prática pode alimentar desejos do subconsciente e levar a um desequilíbrio psicológico grave.
É uma das explicações, aliás,
para a "possessão" de Regan no
livro e no filme "O Exorcista". O
comportamento estranho da
menina não por acaso começa
quando ela brinca em uma mesa Ouija -o equivalente gringo
à nossa brincadeira do copo.
Andressa dos Santos, 18, é
uma que presenciou efeitos
ruins do jogo -só que substituiu o copo por uma caneta suspensa por um fio de cabelo.
Durante a brincadeira, uma
colega "saiu correndo e começou a chorar" quando um suposto espírito respondeu "não"
aos pedidos da garota para sair
do jogo. Tinham 14 anos.
"Eu acredito em espíritos,
então me assusta um pouco",
confessa Andressa, que não
brinca mais com a caneta.
Não que não se interesse
mais por espíritos. Inclusive, já
está em sua agenda assistir ao
filme "Atividade Paranormal",
que estreou na sexta-feira.
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