São Paulo, segunda-feira, 07 de dezembro de 2009

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COMPORTAMENTO

Espírito de equipe

Fantamas? Que nada! Quem move o objeto no jogo do copo é o inconsciente dos jogadores, segundo os especialistas

DIOGO BERCITO
DA REPORTAGEM LOCAL

Mãos ao copo! Em seguida, uma pergunta é feita em voz alta e o objeto se move em direção às letras que formarão a resposta.
Essas são as linhas gerais da velha (mas ainda popular) brincadeira do copo, em que os participantes -em geral, teens- acreditam estar conversando com um espírito.
O teor das perguntas varia. Casórios e provas escolares são temas recorrentes, por exemplo. Assim como a morte.
"Já apareceu o nome de uma pessoa que eu conhecia e ela acabou morrendo", conta Bárbara Barral, 15, que faz o jogo em casa porque "na escola acham que é besteira".
A garota classifica a história da morte como "fato". Mas tanto a psicologia quanto a parapsicologia (que estuda fenômenos paranormais) não veem como o jogo possa ser real.
Para Ernesto Duvidovich, diretor do CEP (Centro de Estudos Psicanalíticos), a força que move o copo é a dos próprios jogadores. "Podemos dizer que é o espírito do grupo", afirma.
O termo que explica esse movimento involuntário é "efeito ideomotor" -teoria que diz que os músculos podem se mover segundo desejos inconscientes. Por isso o copo parece se mover sozinho.
Apesar de não acreditar na brincadeira, Duvidovich também não vê nela nenhuma consequência negativa.
Marcia Cobêro, vice-presidente do Clap (Centro Latino-Americano de Parapsicologia), discorda. "De brincadeira, não tem nada!", alerta.
Para ela, a prática pode alimentar desejos do subconsciente e levar a um desequilíbrio psicológico grave.
É uma das explicações, aliás, para a "possessão" de Regan no livro e no filme "O Exorcista". O comportamento estranho da menina não por acaso começa quando ela brinca em uma mesa Ouija -o equivalente gringo à nossa brincadeira do copo.
Andressa dos Santos, 18, é uma que presenciou efeitos ruins do jogo -só que substituiu o copo por uma caneta suspensa por um fio de cabelo.
Durante a brincadeira, uma colega "saiu correndo e começou a chorar" quando um suposto espírito respondeu "não" aos pedidos da garota para sair do jogo. Tinham 14 anos.
"Eu acredito em espíritos, então me assusta um pouco", confessa Andressa, que não brinca mais com a caneta.
Não que não se interesse mais por espíritos. Inclusive, já está em sua agenda assistir ao filme "Atividade Paranormal", que estreou na sexta-feira.


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