São Paulo, segunda-feira, 08 de setembro de 2008

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livro

Portal para o subterrâneo

Sucessor de Harry pode surgir dos "Túneis" criados por dois autores descobertos pelo editor de J.K. Rowling

LUANA VILLAC
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Ele está sendo chamado na Inglaterra de "o novo Harry Potter". Comparações como essa nunca querem dizer grande coisa, mas é inegável que o livro "Túneis", escrito pela dupla Roderick Gordon e Brian Williams e descoberto por Barry Cunningham -primeiro editor a apostar em J.K. Rowling quando seu nome ainda era desconhecido-, está alcançando considerável sucesso de vendas no mundo todo. Assim como a saga do bruxinho, "Túneis" é o primeiro de uma série que tem como protagonista um garoto adolescente. Mas as semelhanças param por aí. A história escrita a quatro mãos se passa nos subterrâneos londrinos. O enredo gira em torno de Will Burrows, garoto cuja única afinidade com o excêntrico pai é a paixão pela arqueologia. Os dois têm o hábito de fazer escavações nos arredores do terreno de sua casa, até que um dia o pai de Will desaparece por um misterioso túnel. Na tentativa de encontrá-lo, o garoto descobre um mundo paralelo sob a terra, e é claro que é ali que a aventura acontece. Saiba mais lendo esta entrevista com os autores.

 

FOLHA - De onde vem o interesse de vocês por arqueologia?
RODERICK GORDON - Não podemos dizer que entendemos muito de arqueologia ou de paleontologia, mas meu tataravô, William Buckland, foi um dos primeiros geólogos, no início do século 19. Sua influência marcou minha infância -meu pai era muito interessado no trabalho dele e me levava para procurar fósseis no litoral sul da Inglaterra. Aos dez anos, eu já tinha uma coleção extensa.

BRIAN WILLIAMS - Eu cresci em uma cidade cheia de minas, na Zâmbia, e freqüentemente visitava-as. Lembro-me de uma vez em que nosso guia pegou uma pedrinha e jogou-a numa abertura que ficava fechada por uma cerca. Pareceu que séculos se passaram até que ouvimos o som distante da pedra finalmente tocando o chão. Era tão incrivelmente fundo que me encheu de medo!

FOLHA - De onde veio a inspiração para um livro sobre o subterrâneo?
GORDON - A idéia de um menino arqueólogo me veio à mente quando estava cavando o jardim de uma casa velha que eu tinha no campo. Um vizinho me falou que havia um túnel do meu porão até a igreja. Nunca achei-o, mas o personagem Will Burrows ficou rondando minha imaginação.

WILLIAMS - Quando ele me falou isso, contei-lhe sobre um túnel subterrâneo que havia sido encontrado em Liverpool. Ali perto, onde nasci, tem uma rede imensa desses túneis, construídas no século 19 por um homem chamado Joseph Williamson. Ninguém sabe por que ele fez isso e os mapas dos túneis desapareceram... Mas, quando essas histórias se encontraram, o enredo de "Túneis" começou a tomar forma rapidamente.

FOLHA - Como é o processo de escrever um livro a quatro mãos? Vocês já tinham trabalhado juntos?
GORDON - Com a exceção de um roteiro que escrevemos em 2003, nunca tínhamos feito nada juntos. Quando nos conhecemos na universidade, em 1980, já trocávamos idéias para um livro em conjunto. Mas foi só em 2001, quando eu saí do meu trabalho, que tivemos a oportunidade de levá-las para o papel.

WILLIAMS - Começamos fazendo um número imenso de anotações em pedaços de papel. Depois, o Roderick coloca tudo no computador e produz um primeiro esboço. Aí eu imprimo e faço minhas anotações por toda parte (só trabalho com caneta e papel -odeio ler na tela do computador). O Roderick pega de volta, dá sua opinião, faz uma nova versão, que eu reviso novamente... e assim vai, até nós dois ficarmos absolutamente contentes com o resultado.

FOLHA - Vocês já têm novos projetos em mente?
GORDON - Por enquanto só conseguimos pensar nas continuações de "Túneis"!

TÚNEIS
Roderick Gordon e Brian Williams (trad. Ryta Vinagre)
Ed. Rocco
R$ 38,50 (480 págs.)



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