São Paulo, segunda-feira, 09 de outubro de 2006

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Comportamento

Em vez de MP3 e foto digital, vinil, tricô e câmera manual

DA REPORTAGEM LOCAL

Enquanto muitos adolescentes buscam na internet as últimas novidades do rock e do pop mundiais, o estudante Paulo Nideck, 17, prefere curtir os discos de vinil de jazz e de bossa nova comprados em sebos.
Se recorre à internet, é para pesquisar raridades de free jazz. Rock? Só o som de dinossauros como Pink Floyd, Yes, Cream e Frank Zappa.
Mesmo assim, ele confessa que deixou o gênero de lado quando descobriu o jazz e a bossa nova. "São músicas mais sofisticadas e elaboradas", diz o estudante, que, depois de cinco anos tendo aulas de guitarra, resolveu aprender trompete.
Entre seus artistas preferidos, ele cita os "bossa novistas" Dick Farney (1921-1927) e Sylvia Telles (1934-1966).
Para ele, o jazz não é popular entre os jovens por ser um gênero mais difícil complexo, que exige uma certa pesquisa dos ouvintes. Mas nem por isso deve ser considerado música velha. "O jazz está sempre se renovando", defende o estudante, que tem amigos de 20 anos com o mesmo gosto.

Tricô e crochê
Já a estudante Luiza Coelho, 21, que adora fazer tricô e crochê, conta que nos grupos de costura que freqüenta só encontra pessoas mais velhas. "Na minha cidade, só conheço pessoas com mais de 50 anos que curtem", diz.
Ela aprendeu tricô com a avó e crochê com avó do namorado, há um ano, quando se recuperava de um problema de saúde em casa. "Quando se tem muito tempo livre, é uma beleza. Ocupa a cabeça", diz Luiza, que agora voltou a estudar e não consegue mais se dedicar às agulhas como antes.
Cristiana Bei, 16, adora roupas e objetos antigos. Além de comprar peças em brechó, ela usa calças da mãe, colares da avó, bolsas e chapéus da bisavó. "Eles têm um significado especial, uma história", diz.
Em vez das modernas máquinas fotográficas digitais, ela prefere usar uma câmera manual do início dos anos 80, que ganhou do pai. "Uma foto assim é mais especial", conta. Isso é que é uma boa revelação! (LEANDRO FORTINO e LETICIA DE CASTRO)


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