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TECNOLOGIA
Da Vincis sub-20
Mostra internacional de ciência e tecnologia no RS premia jovens alunos com convites para eventos ao redor do globo
DIOGO BERCITO
ENVIADO ESPECIAL A NOVO HAMBURGO (RS)
Se seus personagens prediletos dos quadrinhos
são o Franjinha e o Professor Pardal, você tem tudo a
ver com a Mostratec, a maior
feira internacional de ciência e
tecnologia do Brasil.
Foi nesse evento, em Novo
Hamburgo (RS), entre 27 e 30
de outubro, que estudantes do
ensino médio e de cursos técnicos de todo o Brasil e de 21 outros países se reuniram para
disputar, entre outros prêmios,
convites (com despesas pagas)
para feiras no exterior.
O projeto com que Júlia Ferreira, 15, concorreu foi o de um
fogão solar que torna possível a
economia de gás em comunidades carentes de Cuiabá, cidade
onde mora.
Foram diversas tentativas
até chegar à versão atual da invenção. Animada, a garota explica os detalhes de sua engenhoca (veja ao lado). E o melhor de tudo: "Não pagamos nada para o Sol!", diz.
Com o conceito sustentável e
a simplicidade de seu projeto,
Júlia ganhou convite e subsídio
para participar de uma feira semelhante à Mostratec no Azerbaijão, no ano que vem.
Outro aluno, Leonardo de
Oliveira Bodo, 15, recebeu o
maior prêmio possível no evento: vai aos EUA em 2010 para
apresentar seu projeto na Intel
Isef -a maior feira estudantil
de ciências do mundo (o Folhateen esteve por lá em maio).
O prêmio não surpreende
quem passeou pelos estandes
do evento e conversou com o
rapaz. É com segurança que ele
explica sua descoberta de que a
teia da aranha-armadeira tem
substâncias antimicrobianas.
Leonardo está seguindo os
passos de Ivan Ferreira, 18 -o
brasileiro mais bem premiado
na Isef em 2009, com medalha
de prata graças à descoberta de
que os ovos dessas mesmas aranhas têm antibióticos.
Parcerias
Assim como muitos dos alunos que participam de eventos
científicos, para chegar a esses
resultados Leonardo e Ivan
contaram com um bom professor-orientador.
Sem saber se seriam aceitos,
bateram à porta do Instituto
Butantan e convenceram o pesquisador Pedro Ismael a ser seu
tutor. Ele topou na hora.
"Procurei ensinar a técnica e
deixá-los fazer o trabalho", diz
o cientista. Sobre o projeto de
Leonardo, afirma que "é uma
descoberta inédita".
Jian Chunga, 15, do Peru,
contou com outro tipo de ajuda: o conhecimento de seus antepassados. "Os incas utilizavam algumas larvas andinas como antibiótico", diz Jaime Bustiza, 14, seu colega de projeto
A dupla usou esses artrópodes para fazer doces -já que
comê-los ao natural poderia ser
pouco agradável. Agora, vão ao
Paraguai apresentar a pesquisa
em outra feira, em 2010.
Entre as delegações presentes na Mostratec, os queridinhos eram os alunos do Cazaquistão. Na noite de apresentações culturais, em que os estudantes mais animados mostraram algo típico de seu país, os
cazaques cantaram rap.
Os mesmos jovens que assistiram sentados às danças paraguaias se levantaram, dançaram e aplaudiram.
Mas nem todo o mundo curtiu por completo a interação intercultural. Muitos dos alunos
brasileiros não falavam inglês
e, por causa disso, ficaram restritos à companhia dos latino-americanos.
Não que não tenham curtido.
"É um banho de cultura, descobri que "banana" no Peru é "plátano'", diz Carlos Antonio dos
Santos, 17, do interior de Goiás,
que apresentou um projeto de
biscoitos feitos a partir da fruta.
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