São Paulo, segunda-feira, 09 de novembro de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

TECNOLOGIA

Da Vincis sub-20

Mostra internacional de ciência e tecnologia no RS premia jovens alunos com convites para eventos ao redor do globo

DIOGO BERCITO
ENVIADO ESPECIAL A NOVO HAMBURGO (RS)

Se seus personagens prediletos dos quadrinhos são o Franjinha e o Professor Pardal, você tem tudo a ver com a Mostratec, a maior feira internacional de ciência e tecnologia do Brasil.
Foi nesse evento, em Novo Hamburgo (RS), entre 27 e 30 de outubro, que estudantes do ensino médio e de cursos técnicos de todo o Brasil e de 21 outros países se reuniram para disputar, entre outros prêmios, convites (com despesas pagas) para feiras no exterior.
O projeto com que Júlia Ferreira, 15, concorreu foi o de um fogão solar que torna possível a economia de gás em comunidades carentes de Cuiabá, cidade onde mora.
Foram diversas tentativas até chegar à versão atual da invenção. Animada, a garota explica os detalhes de sua engenhoca (veja ao lado). E o melhor de tudo: "Não pagamos nada para o Sol!", diz.
Com o conceito sustentável e a simplicidade de seu projeto, Júlia ganhou convite e subsídio para participar de uma feira semelhante à Mostratec no Azerbaijão, no ano que vem.
Outro aluno, Leonardo de Oliveira Bodo, 15, recebeu o maior prêmio possível no evento: vai aos EUA em 2010 para apresentar seu projeto na Intel Isef -a maior feira estudantil de ciências do mundo (o Folhateen esteve por lá em maio).
O prêmio não surpreende quem passeou pelos estandes do evento e conversou com o rapaz. É com segurança que ele explica sua descoberta de que a teia da aranha-armadeira tem substâncias antimicrobianas.
Leonardo está seguindo os passos de Ivan Ferreira, 18 -o brasileiro mais bem premiado na Isef em 2009, com medalha de prata graças à descoberta de que os ovos dessas mesmas aranhas têm antibióticos.

Parcerias
Assim como muitos dos alunos que participam de eventos científicos, para chegar a esses resultados Leonardo e Ivan contaram com um bom professor-orientador.
Sem saber se seriam aceitos, bateram à porta do Instituto Butantan e convenceram o pesquisador Pedro Ismael a ser seu tutor. Ele topou na hora.
"Procurei ensinar a técnica e deixá-los fazer o trabalho", diz o cientista. Sobre o projeto de Leonardo, afirma que "é uma descoberta inédita".
Jian Chunga, 15, do Peru, contou com outro tipo de ajuda: o conhecimento de seus antepassados. "Os incas utilizavam algumas larvas andinas como antibiótico", diz Jaime Bustiza, 14, seu colega de projeto
A dupla usou esses artrópodes para fazer doces -já que comê-los ao natural poderia ser pouco agradável. Agora, vão ao Paraguai apresentar a pesquisa em outra feira, em 2010.
Entre as delegações presentes na Mostratec, os queridinhos eram os alunos do Cazaquistão. Na noite de apresentações culturais, em que os estudantes mais animados mostraram algo típico de seu país, os cazaques cantaram rap.
Os mesmos jovens que assistiram sentados às danças paraguaias se levantaram, dançaram e aplaudiram.
Mas nem todo o mundo curtiu por completo a interação intercultural. Muitos dos alunos brasileiros não falavam inglês e, por causa disso, ficaram restritos à companhia dos latino-americanos.
Não que não tenham curtido. "É um banho de cultura, descobri que "banana" no Peru é "plátano'", diz Carlos Antonio dos Santos, 17, do interior de Goiás, que apresentou um projeto de biscoitos feitos a partir da fruta.


Texto Anterior: Internets - Ronaldo Lemos: A lei da internet
Próximo Texto: Na estrada - Mayra Dias Gomes: Mal-estar na música
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.