ALEXANDRA MORAES
DA REPORTAGEM LOCAL

Valentina Rosselli está fazendo 40 anos de existência e parece que tão cedo ela não vai perder seu posto de mulher mais sexy dos quadrinhos.
A personagem, criada pelo desenhista italiano Guido Crepax (1933-2003), ganhou um estudo do escritor brasileiro Marco Aurélio Luccetti, "Desnudando Valentina" (ed. Opera Graphica, R$ 84). O volume é parrudo -são 384 páginas que guardam centenas de desenhos- e, além de contar a história da heroína cool, lista referências e citações de Crepax.
Valentina nasceu numa revista chamada "Linus", em julho de 1965, tomando parte no episódio "La Curva di Lesmo", na série em que o crítico de arte/justiceiro Philip Rembrandt/Neutron era protagonista.
Pouco tempo depois, Valentina, que aparecia de costas e com um sobretudo que lhe cobria as curvas depois fartamente reveladas, roubou o papel principal.
"Valentina representa um caso raro na história dos quadrinhos, já que é uma das poucas personagens que, apesar de um início modesto, conseguiu destaque e transformou-se em figura principal e titular de uma HQ", escreve Lucchetti.
Além da belíssima figura desenhada elegantemente por Crepax e dos enredos quase sempre livres de aventuras muito extraterrestres, um dos aspectos mais interessantes de Valentina é o fato de ser a primeira mulher nas HQs a ter uma vida mais próxima daquela que as mulheres realmente levavam, destacado pelo próprio Crepax.
"Ela tem profissão e família e está, portanto, mais próxima dos leitores do que uma aventureira sem vínculos." Valentina era fotógrafa, engravidou de Philip e tinha preocupações "reais". Apesar disso, sempre manteve seus pezinhos de papel na fantasia: as leituras, as memórias e os sonhos da personagem, fartos em sadomasoquismo, é que constituem muito de Valentina.

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