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OUTRO MUNDO
Bárbaros e cavaleiros se enfrentam no parque Villa-Lobos, em São Paulo,
em jogos que simulam as batalhas medievais
Idade Média resgatada
DECO RIBEIRO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Uma mania anda empolgando alguns jovens de São Paulo. Armada de espadas e
lanças medievais, vestida no melhor estilo da época, uma galera está vivenciando batalhas que poderiam ter saído direto dos livros de
história ou de filmes como "Alexandre, o Grande" e "Cruzada". Mas é tudo brincadeira.
O nome do jogo é batalha campal (www.bata
lhacampal.com.br) e foi criado por um grupo
de amigos para, segundo eles, resgatar os ideais
de respeito e honra da cavalaria da Idade Média.
Se tornou um hobby. Existe uma pontuação.
Matar um oponente ou fazer parte de um reino
vitorioso soma pontos. A vitória o guerreiro recebe um anel. Os jogadores competem pelos
anéis. Cada batalha é como se fosse um episódio
histórico.
A história
Uma seca nas terras de Fenrir fez com que o
rei descesse com suas tropas para as terras mais
produtivas de Griffonholt. A falta de um acordo
entre os dois governantes, no entanto, acabou
por colocar os dois reinos em guerra. Desde então, seus guerreiros se encontram em batalhas
como a que se desenrolou no parque Villa-Lobos, em Pinheiros, num domingo chuvoso.
Rafael Simões, 14, era um desses guerreiros.
Ao lado dos colegas Rafael Nadur, 15, e Ciro
Quintans, 16, formou o clã dos Templários para
defender Griffonholt. Essa, porém, foi a primeira vez que Rafael participou de uma batalha
campal. "Não tenho idéia de como vai ser, estou
ansioso", confessou ele, enquanto vestia seu
"tabard", espécie de manto com a cruz dos templários que ele e seus amigos mandaram fazer
numa costureira. "Mas deve ser como um "Ragnarok" ao vivo", afirmou, citando o popular jogo de computador.
E quem pagou tudo isso? "A arma e as roupas
pagamos com nossas mesadas", disse ele, mostrando uma lança de ponta de espuma. Seus colegas utilizaram espadas também feitas de espumas, a arma padrão das batalhas, que ainda
contou com machados, bastões, arcos e flechas.
Apenas nesse evento no parque Villa-Lobos,
mais de 40 jogadores encarnaram guerreiros de
ambos os lados, cada um com sua arma de espuma revestida de fita adesiva prateada.
Edmir Reed, 21, veio de Americana (interior
de SP) só para o jogo. "Em qualquer esporte você pode levar uma cotovelada, cair. Aqui, apesar
das armas, ninguém sai machucado. O jogo tem
regras para isso. Você morre, mata e no fim todo mundo leva na boa."
As regras da batalha campal favorecem as
poucas guerreiras, que não podem ser atingidas
no peito. "Dá para lutar de igual para igual com
eles", diz Patrícia Delsoto, 19, que empunha
uma espada de aproximadamente 1,60 m. "O
que importa é a técnica, não a força."
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