São Paulo, segunda-feira, 10 de outubro de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

OUTRO MUNDO

Bárbaros e cavaleiros se enfrentam no parque Villa-Lobos, em São Paulo, em jogos que simulam as batalhas medievais

Idade Média resgatada

DECO RIBEIRO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Uma mania anda empolgando alguns jovens de São Paulo. Armada de espadas e lanças medievais, vestida no melhor estilo da época, uma galera está vivenciando batalhas que poderiam ter saído direto dos livros de história ou de filmes como "Alexandre, o Grande" e "Cruzada". Mas é tudo brincadeira.
O nome do jogo é batalha campal (www.bata lhacampal.com.br) e foi criado por um grupo de amigos para, segundo eles, resgatar os ideais de respeito e honra da cavalaria da Idade Média. Se tornou um hobby. Existe uma pontuação. Matar um oponente ou fazer parte de um reino vitorioso soma pontos. A vitória o guerreiro recebe um anel. Os jogadores competem pelos anéis. Cada batalha é como se fosse um episódio histórico.

A história
Uma seca nas terras de Fenrir fez com que o rei descesse com suas tropas para as terras mais produtivas de Griffonholt. A falta de um acordo entre os dois governantes, no entanto, acabou por colocar os dois reinos em guerra. Desde então, seus guerreiros se encontram em batalhas como a que se desenrolou no parque Villa-Lobos, em Pinheiros, num domingo chuvoso.
Rafael Simões, 14, era um desses guerreiros. Ao lado dos colegas Rafael Nadur, 15, e Ciro Quintans, 16, formou o clã dos Templários para defender Griffonholt. Essa, porém, foi a primeira vez que Rafael participou de uma batalha campal. "Não tenho idéia de como vai ser, estou ansioso", confessou ele, enquanto vestia seu "tabard", espécie de manto com a cruz dos templários que ele e seus amigos mandaram fazer numa costureira. "Mas deve ser como um "Ragnarok" ao vivo", afirmou, citando o popular jogo de computador.
E quem pagou tudo isso? "A arma e as roupas pagamos com nossas mesadas", disse ele, mostrando uma lança de ponta de espuma. Seus colegas utilizaram espadas também feitas de espumas, a arma padrão das batalhas, que ainda contou com machados, bastões, arcos e flechas.
Apenas nesse evento no parque Villa-Lobos, mais de 40 jogadores encarnaram guerreiros de ambos os lados, cada um com sua arma de espuma revestida de fita adesiva prateada.
Edmir Reed, 21, veio de Americana (interior de SP) só para o jogo. "Em qualquer esporte você pode levar uma cotovelada, cair. Aqui, apesar das armas, ninguém sai machucado. O jogo tem regras para isso. Você morre, mata e no fim todo mundo leva na boa."
As regras da batalha campal favorecem as poucas guerreiras, que não podem ser atingidas no peito. "Dá para lutar de igual para igual com eles", diz Patrícia Delsoto, 19, que empunha uma espada de aproximadamente 1,60 m. "O que importa é a técnica, não a força."

Texto Anterior: HQ: 100% Valentina
Próximo Texto: Loucos por trabalho
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.