São Paulo, segunda-feira, 10 de outubro de 2005

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ESCUTA AQUI

O escocês e o travesti

ÁLVARO PEREIRA JÚNIOR

"Dormir é desistir, não importa que horas sejam", diz o Arcade Fire em "Rebellion (Lies)", a música mais linda de todos os tempos, segundo Chris Martin, do Coldplay (se bem que ele me disse isso já faz uns quatro meses, com a ressalva de que podia mudar de idéia a qualquer momento). E é para não desistir que, na madrugada quente e úmida, sintonizo pela internet uma das melhores rádios do mundo, a Indie 103.1, de Los Angeles. Está tocando Arcade Fire: "Rebellion (Lies)".
A emissora já foi muito elogiada em "Escuta Aqui", mas ficou esquecida porque a qualidade da transmissão andava péssima. Isso mudou.
Experimente: www.indie1031.fm. Pega melhor do que a rádio FM que tem antena aí do lado da sua casa.
Onde mais dá para ouvir o tiozinho punk Steve Jones (ex-Sex Pistols) tocando e falando o que bem entende, duas vezes por dia? Na madrugada insone, pós-Arcade Fire, peguei o velho Steve entrevistando o comediante escocês Craig Ferguson, que apresenta um "talk show" na CBS (nada underground -a CBS é uma das três grandes redes americanas).
Pois bem: Steve, depois de sacanear muito o sotaque escocês de Craig, e de ficar meio sem assunto, dispara:
"Craig, conte como são as escocesas na cama."
"Steve, sabe que eu nunca peguei uma escocesa?"
"Sério?"
"Sério. Mas já fiquei com um travesti escocês. Serve?"
A indie 103.1 é assim: por alguma razão, celebridades angelenas se sentem em casa. Várias figuras de Los Angeles têm programas na rádio ou vivem aparecendo por lá. David Navarro, Courtney Love e os caras do Crystal Method são exemplos.
A programação anda supervariada. Há até um show de reggae, com o sugestivo nome "Smoke-In". As "suicide girls", que taradões da internet conhecem de longa data, também têm programa.
Vai nessa. Vicia, e não faz mal.
  Por que a gente vai ver filmes que, sabidamente, são uma porcaria, como essas adaptações de seriados de TV? O crítico Anthony Lane, da "New Yorker", tem uma explicação: "Um amálgama misterioso de esperança, obrigação comunal e vacuidade craniana nos faz, como pequenos roedores, tomar a direção do cinema". Gênio! www.newyorker.com/critics/cinema/?050627crci_cinema

PLAY - "Funeral", Arcade Fire
Volta ao Play porque está saindo no Brasil. Acostume-se a essa mistura de Pixies com Talking Heads com fanfarra escolar.

PLAY - "Disparos do Front da Culura Pop", Tony Parsons
Em boa tradução, é uma delícia de ler essa coletânea de textos sobre música e comportamento. Observações precisas e adoração a Johnny Rotten.

PAUSE - "Supernature", Goldfrapp
A veneranda revista "Word" pagou pau. Esse Pause é preventivo -ainda não consegui passar da metade da primeira música, chata.

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