|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ESCUTA AQUI
O escocês e o travesti
ÁLVARO PEREIRA JÚNIOR
"Dormir é desistir,
não importa que
horas sejam", diz
o Arcade Fire em
"Rebellion
(Lies)", a música mais linda de todos
os tempos, segundo Chris Martin, do
Coldplay (se bem que ele me disse isso já faz uns quatro meses, com a ressalva de que podia mudar de idéia a
qualquer momento). E é para não desistir que, na madrugada quente e
úmida, sintonizo pela internet uma
das melhores rádios do mundo, a Indie 103.1, de Los Angeles. Está tocando Arcade Fire: "Rebellion (Lies)".
A emissora já foi muito elogiada em
"Escuta Aqui", mas ficou esquecida
porque a qualidade da transmissão
andava péssima. Isso mudou.
Experimente: www.indie1031.fm.
Pega melhor do que a rádio FM que
tem antena aí do lado da sua casa.
Onde mais dá para ouvir o tiozinho
punk Steve Jones (ex-Sex Pistols) tocando e falando o que bem entende,
duas vezes por dia? Na madrugada
insone, pós-Arcade Fire, peguei o velho Steve entrevistando o comediante escocês Craig Ferguson, que apresenta um "talk show" na CBS (nada
underground -a CBS é uma das três
grandes redes americanas).
Pois bem: Steve, depois de sacanear
muito o sotaque escocês de Craig, e de ficar meio sem assunto, dispara:
"Craig, conte como são as escocesas na cama."
"Steve, sabe que eu nunca peguei uma escocesa?"
"Sério?"
"Sério. Mas já fiquei com um travesti escocês. Serve?"
A indie 103.1 é assim: por alguma razão, celebridades angelenas se sentem em
casa. Várias figuras de Los Angeles têm programas na rádio ou vivem aparecendo por lá. David Navarro, Courtney Love e os caras do Crystal Method são exemplos.
A programação anda supervariada. Há até um show de reggae, com o sugestivo nome "Smoke-In". As "suicide girls", que taradões da internet conhecem de
longa data, também têm programa.
Vai nessa. Vicia, e não faz mal.
Por que a gente vai ver filmes que, sabidamente, são uma porcaria, como essas
adaptações de seriados de TV? O crítico Anthony Lane, da "New Yorker", tem
uma explicação: "Um amálgama misterioso de esperança, obrigação comunal e
vacuidade craniana nos faz, como pequenos roedores, tomar a direção do cinema". Gênio! www.newyorker.com/critics/cinema/?050627crci_cinema
PLAY - "Funeral", Arcade Fire
Volta ao Play porque está saindo no
Brasil. Acostume-se a essa mistura
de Pixies com Talking Heads com
fanfarra escolar.
PLAY - "Disparos do Front da Culura Pop", Tony Parsons
Em boa tradução, é uma delícia de
ler essa coletânea de textos sobre
música e comportamento. Observações precisas e adoração a
Johnny Rotten.
PAUSE - "Supernature", Goldfrapp
A veneranda revista "Word" pagou
pau. Esse Pause é preventivo
-ainda não consegui passar da
metade da primeira música, chata.
Texto Anterior: Loucos por trabalho Próximo Texto: Pioneiros do metal nacional lançam DVD Índice
|