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São Paulo, segunda-feira, 10 de novembro de 2003

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Para Peaches, "electroclash" virou xingamento

ÁLVARO PEREIRA JÚNIOR
COLUNISTA DA FOLHA

-Peaches, seu álbum "Teaches of Peaches" era de "electroclash", mas o novo é mais roc...
-Eu nunca fui "electroclash".
-Mas o som...
-Eu nunca fui "electroclash".
-Tudo bem, você não era do movimento, mas o som era elec...
-Eu nunca fui "electroclash". Eu já fazia esse som antes de o "electroclash" existir. E, agora, o "electroclash" morreu, e eu ainda existo.
-Então vamos falar do dueto que você faz com o Iggy Pop no seu show. Como é?
-Isso é surpresa. Não vou contar. Você está querendo estragar o meu show.
-Você tinha idéia de que o seu tipo de música tinha público na América do Sul?
-Sei lá. Você é que é da América do Sul, quem tem de dizer é você.
O diálogo ácido aconteceu de verdade. Foi uma tentativa deste colunista de entrevistar Peaches, artista canadense de "electroclash" (gênero híbrido de rock e música eletrônica, atualmente em voga no Brasil), horas antes de ela se apresentar no Tim Festival, no sábado retrasado.
De zero a dez, o nível de confronto chegou a 15. Encerrei a entrevista com quatro minutos (eram previstos de 15 min a 20 min).
Peaches (36 anos no passaporte, aparência de 45) estava de péssimo humor. Vinha de uma gravação que dizia ter detestado, em um programa de rádio de funk carioca.
O clima esquentou quando pedimos a ela que ficasse em pé para gravar nossa entrevista (ela queria falar sentada no parapeito da janela). A microssaia deixava à mostra vários hematomas espalhados pelas coxas. Em outras áreas da perna, mais internas, a coloração era ainda mais roxa e mais escura. Verdade seja dita: Peaches pode ser antipática, mas não é truque.
Antes de começar a entrevista, conversei cerca de meia hora com uma pessoa ligada a Peaches. E essa pessoa comentou que a canadense acertou ao trocar o "electroclash" pelo rock agora que o "electroclash" acabou. Contou também que uma turnê de "electroclash", da qual Peaches fez parte, em 2002, foi um sucesso. E que uma excursão semelhante, neste ano, amargou fracasso total. Os promotores do evento de 2003, amigos dessa pessoa ligada a Peaches, perderam muito dinheiro.
Agora, dá para entender por que ela se irritou tanto com minha pergunta sobre o "electroclash".
Uma última informação: sabe o nome da turnê de 2002, que foi um sucesso e projetou Peaches no mercado mundial? Electroclash 2002. Mas Peaches, claro, não é "electroclash".
Têm razão os Racionais: a vida é "lôka".


Álvaro Pereira Júnior, 40, é editor-chefe do "Fantástico" em São Paulo
E-mail: cby2k@uol.com.br



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