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Para Peaches, "electroclash" virou xingamento
ÁLVARO PEREIRA JÚNIOR
COLUNISTA DA FOLHA
-Peaches, seu álbum "Teaches of Peaches" era de "electroclash", mas o
novo é mais roc...
-Eu nunca fui "electroclash".
-Mas o som...
-Eu nunca fui "electroclash".
-Tudo bem, você não era do movimento,
mas o som era elec...
-Eu nunca fui "electroclash". Eu já fazia
esse som antes de o "electroclash" existir. E,
agora, o "electroclash" morreu, e eu ainda
existo.
-Então vamos falar do dueto que você faz com o Iggy
Pop no seu show.
Como é?
-Isso é surpresa.
Não vou contar. Você está querendo estragar o meu show.
-Você tinha idéia
de que o seu tipo de
música tinha público na América do Sul?
-Sei lá. Você é que é da América do Sul,
quem tem de dizer é você.
O diálogo ácido aconteceu de verdade. Foi
uma tentativa deste colunista de entrevistar
Peaches, artista canadense de "electroclash"
(gênero híbrido de rock e música eletrônica,
atualmente em voga no Brasil), horas antes de
ela se apresentar no Tim Festival, no sábado
retrasado.
De zero a dez, o nível de confronto chegou a
15. Encerrei a entrevista com quatro minutos
(eram previstos de 15 min a 20 min).
Peaches (36 anos no passaporte, aparência
de 45) estava de péssimo humor. Vinha de
uma gravação que dizia ter detestado, em um
programa de rádio de funk carioca.
O clima esquentou quando pedimos a ela
que ficasse em pé para gravar nossa entrevista
(ela queria falar sentada no parapeito da janela). A microssaia deixava à mostra vários hematomas espalhados pelas coxas. Em outras
áreas da perna, mais internas, a coloração era
ainda mais roxa e mais escura. Verdade seja
dita: Peaches pode ser antipática, mas não é
truque.
Antes de começar a entrevista, conversei
cerca de meia hora com uma pessoa ligada a
Peaches. E essa pessoa comentou que a canadense acertou ao trocar o "electroclash" pelo
rock agora que o "electroclash" acabou. Contou também que uma turnê de "electroclash",
da qual Peaches fez parte, em 2002, foi um sucesso. E que uma excursão semelhante, neste
ano, amargou fracasso total. Os promotores
do evento de 2003, amigos dessa pessoa ligada
a Peaches, perderam muito dinheiro.
Agora, dá para entender por que ela se irritou tanto com minha pergunta sobre o "electroclash".
Uma última informação: sabe o nome da
turnê de 2002, que foi um sucesso e projetou
Peaches no mercado mundial? Electroclash
2002. Mas Peaches,
claro, não é "electroclash".
Têm razão os Racionais: a vida é "lôka".
Álvaro Pereira Júnior, 40, é editor-chefe do "Fantástico" em São Paulo
E-mail: cby2k@uol.com.br
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