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Para ciumentos, tudo que acontece é culpa do outro
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O limite do ciúme é
sempre esticado
quando quem
analisa a situação
é o ciumento.
Como Flávia*, 13, que admite ser muito ciumenta e controladora. "Eu boto o meu namorado na linha. A gente fez
um acordo, só podemos entrar no MSN quando o outro
está junto, para ler todas as
mensagens. Outro acordo
nosso é que ele não pode ter
amigas mulheres e eu não
posso ter amigos homens."
Ela proibiu o namorado de
falar com garotas ("Só se for
para pedir uma tesoura, uma
borracha") e de sair sozinho
com qualquer mulher (a única
exceção é a mãe dele) e verifica diariamente as ligações que
ele faz e recebe no celular
("Ele deixa, é claro").
Agora, o namorado pode repetir de ano no colégio porque
ela não aceitou que ele fizesse
uma viagem escolar.
"Eu não queria me sentir
traída. Ele ia ficar olhando pra
outras meninas de biquíni, na
piscina. Aí ele decidiu não ir,
pra gente não brigar, mas acabou tirando zero no trabalho
da viagem", conta.
Garotas também batem
Algumas meninas não param
nas proibições e na vigilância
constante -é o caso de Lúcia*,
17, que, depois de pedir para o
namorado se afastar das amigas
do antigo colégio, bateu nele por
causa de ciúme.
"Eu fiquei irritada, não gosto
de meninas que se aproximam
demais dele, e ele sabe. E eu acho
normal mulher dar tapa. Mesmo
no rosto", diz.
"Quando alguém coloca o parceiro acima de si mesmo, seu ciúme já superou o limite normal",
observa a psicóloga Ana Paula
Mallet Lima.
O ciumento em excesso, ela
explica, precisa do outro para
existir e precisa ter posse sobre o
outro porque é dependente.
"Muitas vezes, são pessoas possuídas pela sensação de vazio, de
perda, sem sentido existencial,
apesar de não perceberem isso.
Elas se acham normais, acham
que o errado é o outro."
O ciúme, afinal, é um sentimento pessoal, lembra o psicólogo Miguel Perosa. "Muita gente
nem o manifesta, porque percebe que a insegurança é uma
questão pessoal: tenta resolvê-la
sozinha", diz.
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