São Paulo, segunda-feira, 10 de novembro de 2008

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Para ciumentos, tudo que acontece é culpa do outro

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O limite do ciúme é sempre esticado quando quem analisa a situação é o ciumento.
Como Flávia*, 13, que admite ser muito ciumenta e controladora. "Eu boto o meu namorado na linha. A gente fez um acordo, só podemos entrar no MSN quando o outro está junto, para ler todas as mensagens. Outro acordo nosso é que ele não pode ter amigas mulheres e eu não posso ter amigos homens."
Ela proibiu o namorado de falar com garotas ("Só se for para pedir uma tesoura, uma borracha") e de sair sozinho com qualquer mulher (a única exceção é a mãe dele) e verifica diariamente as ligações que ele faz e recebe no celular ("Ele deixa, é claro").
Agora, o namorado pode repetir de ano no colégio porque ela não aceitou que ele fizesse uma viagem escolar.
"Eu não queria me sentir traída. Ele ia ficar olhando pra outras meninas de biquíni, na piscina. Aí ele decidiu não ir, pra gente não brigar, mas acabou tirando zero no trabalho da viagem", conta.

Garotas também batem
Algumas meninas não param nas proibições e na vigilância constante -é o caso de Lúcia*, 17, que, depois de pedir para o namorado se afastar das amigas do antigo colégio, bateu nele por causa de ciúme.
"Eu fiquei irritada, não gosto de meninas que se aproximam demais dele, e ele sabe. E eu acho normal mulher dar tapa. Mesmo no rosto", diz.
"Quando alguém coloca o parceiro acima de si mesmo, seu ciúme já superou o limite normal", observa a psicóloga Ana Paula Mallet Lima.
O ciumento em excesso, ela explica, precisa do outro para existir e precisa ter posse sobre o outro porque é dependente. "Muitas vezes, são pessoas possuídas pela sensação de vazio, de perda, sem sentido existencial, apesar de não perceberem isso. Elas se acham normais, acham que o errado é o outro."
O ciúme, afinal, é um sentimento pessoal, lembra o psicólogo Miguel Perosa. "Muita gente nem o manifesta, porque percebe que a insegurança é uma questão pessoal: tenta resolvê-la sozinha", diz.


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