São Paulo, segunda-feira, 11 de julho de 2011 |
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DELICADO EQUILÍBRIO ENTRE DOIS MUNDOS Em um país onde mulheres não podem dirigir, sauditas são fãs do Facebook e da cultura pop
IURI DE CASTRO TÔRRES DE SÃO PAULO O véu de Waad al Dossary, 17, não deixa à vista um único fio de cabelo da garota. O tradicional símbolo religioso contrasta com os óculos de sol de última moda e o celular Blackberry conectado ao Facebook. Waad estava entre os 16 jovens da Árabia Saudita, país mais rico do a maioria dos seus pares árabes, que vieram ao Brasil há duas semanas para um fórum sobre urbanização de favelas, organização de eventos de massa e meio ambiente. Ela representa uma geração saudita na fronteira entre a tradição e a modernidade. Ao mesmo tempo em que ostentam roupas caras, bolsas de grife e celulares modernos, também têm desejos que fariam seus pais muito felizes. Ressaltam que querem muito casar e ter filhos, por exemplo ""mas só depois de construírem uma carreira sólida, "para não depender de dinheiro do marido", segundo Waad. Dizem estar cansados de serem malvistos pelo mundo ocidental, que, segundo eles, os retrata apenas como "extremistas" ou "terroristas". "A islamofobia ainda é forte", lamenta Rana al Degaither, 22. "Somos como qualquer jovem do mundo", diz Sara al Marina, 23. O "qualquer" significa uma coisa: internet. Conectada ao Facebook e ao Twitter, a juventude está ligada no que acontece ao redor do globo. "A internet fez o mundo pequeno", diz Abdalah al Hassan, 20. É na rede que eles buscam informações sobre filmes, músicas e estudos ""com inglês perfeito e fluente. VIVA O REI Habitantes de uma monarquia comandada com mão de ferro pelo rei Abdullah e cuja riqueza vem, principalmente, do petróleo, os jovens têm cautela ao falar sobre mudanças. Termos como "Primavera Árabe" (levantes por democracia em países do Oriente Médio) até fazem parte do vocabulário deles, mas esses jovens não se mostram tão ativos quanto os seus colegas da Síria, Líbia ou Egito, países mais pobres. "Os jovens estão mais conscientes de seus direitos", diz Sara. "Mas os sauditas amam o rei", assegura Abdalah. Para Waad, "monarquia traz a segurança para o povo". Sobre os direitos das mulheres, que não podem, por exemplo, dirigir na Arábia Saudita, eles acreditam que estão melhorando. "É algo que vai acontecer com o tempo", diz Marwa Abduljawad, 26. "Daqui a cinco anos estarei dirigindo meu Porsche por aí [risos]", brinca Waad. O grupo estava ansioso pela viagem de dez dias por São Paulo, Manaus e Rio patrocinada pela Arábia Saudita e por empresas privadas. "Esse intercâmbio é importante porque, "inshalá", os dois países comandarão o mundo no futuro", acredita Yousuf al Bassan, 21. "E somos nós, os jovens, que vamos liderá-los." Roupas Meninos: calça jeans, casacos de marca e camisetas de futebol Meninas: sapatilhas, calças jeans modernas, óculos e bolsas de grife Idéias Arrumar um bom emprego e serem independentes financeiramente Estudo Curso universitário e inglês fluente Conectados Smartphones (iPhone e Blackberry), iPad e laptops Diversão Filmes e bandas moderninhas, dos EUA e do Reino Unido Roupas Por opção, algumas meninas usam véu para cobrir a cabeça Família Muito ligados à família, Sonham em se casar e ter filhos. Sexo, só depois do casamento Diversão Não bebem e, por respeito, não namoram em público Política Admiram a monarquia Absolutista do rei Abdullah Bin Abdul Aziz Al-Saud Texto Anterior: Internets - Ronaldo Lemos: Transmissão ao vivo abre caminhos na rede Próximo Texto: Sauditas vão à favela e vencem time local no futsal Índice | Comunicar Erros |
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