São Paulo, segunda-feira, 12 de abril de 2004

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O Folhateen traz até você a exposição sobre o líder da Legião Urbana, em cartaz no CCBB de Brasília

Renato Russo como você nunca viu

LEANDRO FORTINO
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA

Renato Russo (1960-96) e as letras, roteiros e textos que escreveu, as roupas que vestiu, os discos que ouviu, os livros que leu, a família e os fãs que deixou. A vida de um dos maiores ídolos da música brasileira ganha uma exposição inédita no Centro Cultural Banco do Brasil de Brasília, terra natal da Legião Urbana.
Como ainda são remotas as chances de essa mostra viajar por outras cidades do Brasil, a reportagem do Folhateen foi até lá para trazer aos fãs um pouco da sensação que é ver de perto detalhes desconhecidos de Renato Russo, morto, há oito anos, em decorrência da Aids.
Intitulada "Renato Russo Manfredini Jr.", a exposição foi idealizada pela família do cantor e teve curadoria da irmã dele, Carmem Teresa Manfredini, 41, e da amiga Renata Azambuja, 39. As duas recriaram nas salas redondas do espaço do CCBB dois ambientes diferentes. No andar térreo, está uma linha do tempo que se inicia em 1960, quando Renato nasceu, mas não termina em 1996.
"Renato não parava de produzir. Há projetos de livros, roteiros de filmes para o cinema, livros e até uma peça curta, que ele escreveu para ser encenada por estudantes e se chama "A Verdadeira Desorganização do Desespero", que pretendemos montar no futuro", conta Carmem, que quer que a mostra faça duas homenagens, uma ao irmão e outra ao pai, morto no último dia 9 de fevereiro.
É impressionante ver a organização de Renato, que guardou tudo o que escreveu em sacos de plástico e envelopes. Sorte a dos fãs, que podem acompanhar desde redações da escola até o processo de composição das letras, a maioria escrita a mão, em ótima caligrafia.
A astrologia, verdadeira paixão desse ídolo, é bem representada logo na entrada do lugar, que traz pintado no teto o céu no momento em que Renato nasceu, às 4h01 do dia 27 de março de 1960.
No subsolo do espaço, foi recriado o apartamento do cantor, na rua Nascimento Silva, em Ipanema, no Rio. É muito legal invadir a privacidade de Renato Russo e ver de perto os objetos de decoração, como o pote de jujubas, um verdadeiro vício dele, fotos de álbuns de família, retratos 3x4, roupas compradas em viagens aos EUA, revistas, coleção de postais do fotógrafo David LaChapelle e de pin-ups, desenhos de personalidades como John Lennon e Jesus Cristo, os óculos que ele usava e todo o material da banda imaginária 42nd Street Band, com entrevistas, reportagens a até o futuro desse grupo que existiu apenas na cabeça misteriosa de Renato Russo.
No centro disso tudo, está o escritório, ou seja, o lugar onde ele exercitava sua criatividade e escrevia a maioria de suas composições. A coleção de livros, os mais de 2.000 CDs, discos de vinil, pôsteres dos filmes "Betty Blue" e "A Lei do Desejo", enfim, tudo o que habitava a mente de Renato Russo.
É claro que muita coisa ficou de fora. "A idéia é criar um memorial, um espaço onde toda a obra de Renato Russo esteja exposta o tempo todo. O lugar ainda terá estúdios de gravação musical de aluguel barato, um palco, oficinas de artes, teatro, cinema e literatura", conta Carmem.


O jornalista Leandro Fortino viajou a Brasília a convite do Centro Cultural Banco do Brasil

RENATO RUSSO MANFREDINI JR. Exposição de fotos, instrumentos, textos, letras, roupas e outros objetos pertencentes ao cantor, compositor e líder da banda Legião Urbana. Onde: Centro Cultural Banco do Brasil (SCES Trecho 2 - Lote 22 - Brasília - DF ). Quando: de terça a domingo, das 10h às 21h (até 23/5). Quanto: entrada franca.



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