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INTERNET
Jovens de comunidades ribeirinhas do Pará ganham acesso à rede mundial em dois telecentros do Projeto Saúde & Alegria
@ Floresta
ALESSANDRA KORMANN
DA REPORTAGEM LOCAL
Lá não tem rede elétrica, telefone e
muito menos celular, mas os jovens
de comunidades ribeirinhas da Floresta Nacional do Tapajós, no Pará, já podem se comunicar pela internet.
No dia 26 de junho, o Projeto Saúde &
Alegria inaugurou um telecentro cultural
na comunidade Maguari, vizinha às comunidades Jamaraquá e São Domingos. A eletricidade para os três computadores vem
de um gerador de energia solar -dois dos
computadores usam o sistema operacional
gratuito Linux.
O acesso à internet é feito via satélite, por
meio de uma antena parabólica do Ministério das Comunicações. O programa também tem o apoio da Rits (Rede de Informações para o Terceiro Setor) e de órgãos como Usaid (United States Agency for International Development), Ibama e da Prefeitura de Belterra (PA).
Para que a comunidade aprenda a usar os
computadores, os próprios moradores escolheram três jovens que, depois de receber treinamento do Saúde & Alegria, estão
atuando como monitores no telecentro.
Iderlei Alves Dias, 16, está aprendendo a
usar o computador para se tornar monitor.
"É mais fácil do que eu imaginava", disse
ao Folhateen por meio de um sistema de
mensagens instantâneas. "O mais legal é
conhecer pessoas de outros lugares. Já conversei com gente de São Paulo, do Rio. Perguntei como eram as pessoas, as suas cidades. É tudo muito diferente, as indústrias, o
comércio, os modos de viver", disse. Antes
da internet, ele se comunicava com as pessoas por carta. "E-mail é mais fácil."
O telecentro da comunidade Maguari é o
segundo na região. O primeiro foi instalado
no final do ano passado, na comunidade
Suruacá, na outra margem do rio Tapajós,
na qual só se chega de barco -a viagem até
a cidade mais próxima dura quatro horas.
Lá há um telefone público, que funciona só
de vez em quando. As TVs, abastecidas por
energia solar, só são ligadas à noite.
"Nós gostamos de assistir ao "Jornal Nacional". Não gostamos muito de novelas,
elas mostram coisas que não são verdade,
como a violência", disseram os monitores
Carla Maiara Alves de Melo, 18, e Jardson
Melo de Araújo, 22, também por meio da
internet. "Aqui vivemos na maior tranqüilidade", disse Jardson.
Segundo eles, além de ajudá-los nos estudos, a internet pode até mudar os hábitos
da comunidade. "Desde que chegou a internet, o comportamento dos jovens mudou, eles estão com mais interesse em participar dos grupos de jovens", disse Maiara.
O andar térreo dos telecentros também é
usado para apresentações e exposições. "A internet dá
à população ribeirinha o poder de contar ao mundo como
é a sua realidade, de
aprender e de ensinar", diz Kiki Mori,
coordenadora do
Saúde & Alegria. A
idéia é levar o projeto a outras cerca
de 140 comunidades da região.
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